Embora eles não gostem da comparação, os cientistas do satélite GOCE admitem que os novos dados que mostram o campo de gravidade da Terra, ou geóide, faz com que o planeta pareça uma batata em rotação. Após dois anos em órbita, o satélite GOCE (Gravity Field and Steady-State Ocean Circulation Explorer) da Agência Espacial Europeia (ESA) registrou dados suficientes para mapear o campo de gravidade da Terra com impressionante precisão. Enquanto o nosso mundo certamente não pareça com um tubérculo em rotação, essa visão exagerada mostra o modelo mais preciso de como a gravidade variar em todo o planeta.
O geóide nada mais é do que como os oceanos iriam variar se não existissem outras forças só a gravidade agindo no nosso planeta.
“Se nós tivéssemos uma esfera homogênea, ela seria uma esfera muito chata”, disse o cientista do GOCE Roland Pail durante a conferência de imprensa. “Mas devido a rotação, nós temos um achatamento da Terra e nós temos uma topografia como montanhas e a distribuição irregular da massa no interior do planeta. O que nós estamos mostrando aqui, em princípio é o campo de gravidade gerado por qualquer desvios da distribuição não homogênea de massa na Terra e no interior da Terra”.
Enquanto que o satélite anterior de gravidade o Gravity Recovery And Climate Experiment (GRACE) precisou operar por 8 anos para montar o modelo, a maior parte dos dados coletados pelo GOCE foram adquiridos em 14 meses e com uma precisão e qualidade nunca antes vista.
O GOCE é capaz de sentir as pequenas variações na força de gravidade na Terra, e os dados são então usados para construir uma superfície idealizada, que traça a gravidade com seus picos e vales, e a foram dos oceanos sem os ventos, sem as correntes sem a força de rotação e outras forças atuantes.
Comparando o nível dos mares e os dados do geóide, o GOCE está também revelando dados sobre as correntes de circulação oceânicas, mudanças no nível dos mares, a dinâmica do gelo nos oceanos, o que está ajudando os pesquisadores a entenderem o transporte de calor e as mudanças no clima, disse Rory Bingham da University of Newcastle.
Outro tópico de interesse é como o os dados do GOCE revelam a derivação das placas tectônicas nos terremotos e o movimento do magma sob os vulcões. Seguindo o terremoto do Japão de 11 de Março de 2011, os cientistas estão olhando com cuidado os dados que devem revelar tridimensionalmente a vista do que está acontecendo no interior da Terra, mesmo que o movimento não possa ser identificado diretamente do espaço. Contudo, os terremotos criam assinaturas nos dados de gravidade, que poderiam ser usadas para entender os processos que levam a esses desastres naturais e por fim ajudar a prevê-los.
“Mesmo que esses tremores resultam de grandes movimentos na Terra, na altura em que o satélite orbita o planeta os sinais são muito pequenos. Mas mesmo assim nós podemos ver esses sinais dentro dos dados”, disse Dr. Johannes Bouman do German Geodetic Research Institute.
“O GOCE nos dará padrões dinâmicos da topografia e da circulação dos oceanos com uma qualidade e resolução sem precedentes”, disse o professor Reiner Rummel, antigo chefe do Institute for Astronomical and Physical Geodesy na Technische Universität München. “Eu estou confiante que esses resultados nos ajudarão a melhorar nosso entendimento sobre a dinâmica global dos oceanos”.
“Você poderia dizer que nessa concepção o GOCE é mais como ficção científica”, disse Volker Liebig diretor do Earth Observation Program da ESA. “O GOCE até agora claramente demonstrou que é o estado da arte de missões desse tipo”.
Fonte:
http://www.universetoday.com/84532/new-results-from-goce-earth-is-a-rotating-potato/