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Pousar um rover em Marte não é uma tarefa fácil, é preciso escolher com muito cuidado o local onde o rover irá pousar.
Imagina que você ficou anos e anos planejando, desenhando e desenvolvendo uma missão e você só tem um tiro para dar, esse tiro tem que ser certeiro.
Muito bem, após o sucesso do rover Curiosity, os pesquisadores da NASA resolveram criar uma missão para descobrir traços de vida antiga em Marte, esse na verdade é o principal objetivo do rover Perseverance da NASA.
Então, quase 10 anos depois da sua concepção o local de pouso foi cuidadosamente escolhido, uma região perto de um delta dentro de uma cratera em Marte, a Cratera Jezero, um local que dá órbita de Marte parecia ter todas as características que cumpririam com os objetivos da missão.
Um delta é uma região onde as rochas sedimentares podem ter se depositado trazendo do rio de fora da cratera muito material, inclusive material orgânico e também material ligado a vida, se é que ela existiu em Marte.
Lá da órbita, com os estudos feitos pela MRO, a Mars Reconnaissance Orbiter tudo parecia perfeito, camadas e mais camadas de sedimentos, e esse então foi o local escolhido.
Em 18 de fevereiro de 2021, o rover Perseverance pousou na Cratera Jezero e começou o seu trabalho.
Boa parte desse trabalho está resumido na edição da revista Science publicada essa semana em 4 artigos e eu quero trazer todos eles aqui para vocês.
Nesse primeiro trabalho uma descoberta impressionante feita pelo rover Perseverance.
Como eu estava falando, lá da órbita as rochas pareciam sedimentares, o que seria excelente para a busca pela vida, mas dados orbitais sempre possuem incertezas na sua interpretação, então, nada como pousar um equipamento no solo para estudar de perto as rochas.
E então, o que o rover Perseverance revelou a todos nós foi que ao invés de termos ali na Cratera Jezero rochas sedimentares, o que nós temos na verdade são muitas rochas vulcânicas, rochas compostas de grandes grãos de olivina.
Graças ao poder das suas câmeras, tanto da SuperCam como da Mastcam-Z foi possível identificar corretamente essas rochas.
Uma coisa que os pesquisadores perceberam é que as rochas vulcânicas de Marte são bem diferentes das rochas vulcânicas encontradas aqui na Terra atualmente, e se assemelham mais com as rochas antigas da Terra.
As rochas examinadas pelo Perseverance em Marte têm aproximadamente 4 bilhões de anos, aqui na Terra é difícil encontrar rochas com essas idades pois elas são muito entemperizadas, e sofrem com todo o processo tectônico, já em Marte isso não acontece e as rochas ficam preservadas.
A descoberta foi surpreendente e sim, pode ser muito útil, os pesquisadores agora podem usar essas rochas para tentar desvendar a história do clima marciano e reverlar exatamente quando Marte era úmido e então potencialmente habitável.
Isso pode dar uma ideia muito boa sobre como a vida pode ter começado tanto em Marte, caso ela tenha existido como na Terra, pois para quem não sabe, a origem da vida na Terra ainda é um mistério para todos nós.
Um grande mistério é sobre a origem dessas rochas vulcânicas, já que não existe nenhum tipo de feição vulcânica próxima da Cratera Jezero, as rochas estudadas como já falei são ricas em olivina num determinado ponto e em outro são rochas vulcânicas que fluíram sobre essas outras.
Um dos pesquisadores envolvidos no trabalho disse que parece que essas rochas estavam ali esperando a chegada do rover Perseverance da NASA para estudá-las, e lembrando que o rover coletou amostras dessas rochas que devem retornar para a Terra lá no começo da década de 2030 como parte da missão Mars Sample Return.
Esse trabalho e essas descobertas mostram a importância de se pousar no solo de um planeta para que se possa entender ele de forma correta, e por isso que missões como a do Perseverance são muito importantes.
Imagina pousar um astronauta, aí sim teríamos condições de uma exploração mais completa ainda!!!
Um dia isso vai acontecer.
Fontes:
https://www.space.com/perseverance-mars-rover-suprising-volcanic-rocks
https://www.sciencedaily.com/releases/2022/08/220825205856.htm
https://www.science.org/doi/epdf/10.1126/science.abo2196
#MARS #PERSEVERANCE #LIFE
