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21 de novembro de 2024

Rover Perseverance Começa a Escalar o Anel da Cratera Jezero

Em um marco significativo para a exploração espacial, a missão do rover Perseverance da NASA em Marte continua a capturar a imaginação e o interesse da comunidade científica global. Lançado em 30 de julho de 2020 e pousando com sucesso na superfície marciana em 18 de fevereiro de 2021, o Perseverance foi projetado com o objetivo primordial de buscar sinais de vida microbiana antiga, caracterizar a geologia e o clima passado do planeta, e preparar o terreno para a futura exploração humana do Planeta Vermelho.

O local de pouso escolhido para esta missão ambiciosa foi a Cratera Jezero, uma bacia de impacto que, há bilhões de anos, abrigava um lago e um delta de rio. Este ambiente antigo é considerado um dos locais mais promissores para encontrar evidências de vida passada devido à presença histórica de água líquida, um dos principais ingredientes para a vida como a conhecemos. Desde o seu pouso, o Perseverance tem se dedicado a explorar o solo da cratera e o delta do rio, coletando amostras de rochas e solo que podem fornecer pistas valiosas sobre a história geológica e climática de Marte.

Agora, após três anos e meio de exploração meticulosa do fundo da Cratera Jezero e do delta do rio, o Perseverance está prestes a iniciar uma nova fase de sua missão: uma ascensão desafiadora até a borda ocidental da cratera. Esta empreitada, que está programada para começar na semana de 19 de agosto de 2024, promete ser uma das mais exigentes até agora, tanto em termos de terreno quanto de potencial científico. A equipe da missão está ansiosa para descobrir o que este novo capítulo trará, especialmente considerando as promissoras regiões de estudo identificadas a partir de imagens orbitais.

Com a missão Perseverance, a NASA não apenas busca ampliar nosso conhecimento sobre Marte, mas também pavimentar o caminho para futuras missões de retorno de amostras e, eventualmente, para a presença humana no planeta. A coleta e o armazenamento de amostras de rochas e solo marcianos são passos cruciais para o Programa de Retorno de Amostras de Marte, uma colaboração entre a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA), que visa trazer essas amostras de volta à Terra para análises detalhadas em laboratórios avançados.

À medida que o Perseverance se prepara para escalar a borda da Cratera Jezero, a comunidade científica aguarda com expectativa as novas descobertas que poderão reescrever nossa compreensão da história de Marte e, possivelmente, fornecer evidências de que a vida microbiana pode ter existido no planeta em um passado distante. Esta missão, portanto, representa um passo monumental na busca contínua da humanidade por respostas às perguntas fundamentais sobre a vida e o universo.

Desde sua aterrissagem na Cratera Jezero em 18 de fevereiro de 2021, o rover Perseverance da NASA tem desempenhado um papel crucial na exploração do Planeta Vermelho. A missão, que se concentra na astrobiologia e na busca por sinais de vida microbiana antiga, já completou quatro campanhas científicas distintas, cada uma contribuindo significativamente para nosso entendimento de Marte.

Durante essas campanhas, Perseverance coletou 22 amostras de núcleos de rocha e percorreu mais de 18 milhas (aproximadamente 29 quilômetros) em terrenos não pavimentados. Cada uma dessas amostras foi cuidadosamente selecionada e extraída para maximizar o valor científico, proporcionando uma janela única para o passado geológico e climático de Marte. Entre as descobertas mais notáveis estão os núcleos de rochas sedimentares, que são particularmente importantes porque se formam quando partículas de vários tamanhos são transportadas e depositadas por água líquida, um dos principais requisitos para a vida como a conhecemos na Terra.

Um estudo recente, publicado em 14 de agosto de 2024 na revista AGU Advances, detalha as 10 amostras de núcleos de rochas sedimentares coletadas de um antigo delta marciano. Este delta, uma coleção em forma de leque de rochas e sedimentos, se formou bilhões de anos atrás na confluência de um rio e um lago de cratera. As amostras mais antigas foram coletadas na frente do delta, enquanto as mais jovens foram extraídas do topo, onde sedimentos foram depositados por água corrente.

Essas amostras são de particular interesse para os cientistas porque representam os materiais mais antigos de um ambiente potencialmente habitável já coletados em Marte. “Entre esses núcleos de rochas estão provavelmente os materiais mais antigos amostrados de qualquer ambiente conhecido que era potencialmente habitável”, afirmou Tanja Bosak, geobióloga do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e membro da equipe científica do Perseverance. Quando essas amostras forem trazidas de volta à Terra, elas poderão revelar informações valiosas sobre quando, por que e por quanto tempo Marte continha água líquida, e se alguma evolução orgânica, prebiótica ou mesmo biológica pode ter ocorrido no planeta.

Além das descobertas sedimentares, Perseverance também identificou assinaturas químicas e estruturas em rochas que poderiam ter sido formadas por vida há bilhões de anos, quando a área continha água corrente. Essas descobertas não apenas aumentam nossa compreensão da história geológica de Marte, mas também alimentam a esperança de que sinais de vida passada possam ser encontrados.

Em suma, as campanhas científicas anteriores do Perseverance estabeleceram uma base sólida de conhecimento e abriram novas avenidas de investigação, preparando o terreno para futuras explorações e descobertas na Cratera Jezero e além.

Após 3 anos e meio de exploração meticulosa do solo e do delta fluvial da Cratera Jezero, o rover Perseverance da NASA está prestes a iniciar uma nova e ambiciosa fase de sua missão: a ascensão ao limite ocidental da cratera. Esta etapa, programada para começar na semana de 19 de agosto de 2024, promete ser uma das mais desafiadoras e potencialmente reveladoras até agora. A subida, que se estenderá por vários meses, levará o rover por terrenos íngremes e complexos, exigindo o máximo de suas capacidades de navegação autônoma.

Dois dos locais prioritários que a equipe científica pretende investigar no topo da cratera são conhecidos como “Pico Turquino” e “Witch Hazel Hill”. Imagens capturadas por orbitadores da NASA indicam que o Pico Turquino contém fraturas antigas que podem ter sido causadas por atividade hidrotermal no passado distante. Este tipo de atividade é de particular interesse porque, na Terra, ambientes hidrotermais são conhecidos por abrigar formas de vida extremófilas, sugerindo que Marte pode ter tido condições habitáveis semelhantes.

Por outro lado, a região de Witch Hazel Hill apresenta materiais em camadas que datam de uma época em que Marte possuía um clima significativamente diferente do atual. As observações orbitais revelaram a presença de rochas de tonalidade clara, semelhantes às encontradas em “Bright Angel”, onde o Perseverance recentemente descobriu e amostrou a rocha “Cheyava Falls”. Esta rocha exibe assinaturas químicas e estruturas que poderiam ter sido formadas por processos biológicos há bilhões de anos, quando a área ainda continha água corrente.

Para alcançar o topo da cratera, Perseverance dependerá de suas capacidades de navegação autônoma, seguindo uma rota cuidadosamente planejada para minimizar riscos enquanto maximiza as oportunidades de investigação científica. A jornada envolverá a superação de inclinações de até 23 graus, com o rover evitando terrenos que o inclinariam mais de 30 graus. Ao final da ascensão, o Perseverance terá ganho aproximadamente 300 metros de elevação, atingindo o cume da cratera em um local apelidado de “Aurora Park”.

Essa nova fase da missão não apenas promete ampliar nosso conhecimento sobre a geologia marciana, mas também pode fornecer pistas cruciais sobre a habitabilidade passada do planeta. A análise das amostras coletadas no limite da cratera poderá revelar informações valiosas sobre os processos geológicos que moldaram Marte e sobre a possível existência de vida microbiana em seu passado remoto. Assim, a ascensão ao limite da Cratera Jezero representa um passo significativo na contínua exploração e compreensão do Planeta Vermelho.

A nova fase da missão Perseverance, que envolve a ascensão ao limite da Cratera Jezero, promete ser um marco significativo na exploração de Marte, com potencial para revolucionar nossa compreensão da história geológica e astrobiológica do planeta vermelho. A expectativa é que as amostras coletadas no topo da cratera forneçam dados cruciais sobre os processos geológicos que moldaram Marte e, possivelmente, sobre ambientes habitáveis que existiram no passado.

Entre as regiões de interesse prioritário estão o “Pico Turquino” e a “Witch Hazel Hill”. Imagens obtidas por orbitadores da NASA indicam que o Pico Turquino contém fraturas antigas que podem ter sido causadas por atividade hidrotermal em um passado distante. A presença de tais fraturas é de particular interesse porque, na Terra, sistemas hidrotermais são conhecidos por abrigar formas de vida extremófilas, sugerindo que ambientes semelhantes em Marte poderiam ter sido habitáveis.

Por outro lado, a Witch Hazel Hill apresenta materiais em camadas que datam de uma época em que Marte possuía um clima significativamente diferente do atual. A análise dessas camadas pode revelar informações sobre as condições ambientais prevalentes durante períodos críticos da história marciana. A descoberta de rochas de tom claro, semelhantes às encontradas na área de “Bright Angel”, onde a Perseverance recentemente coletou a amostra “Cheyava Falls”, é particularmente intrigante. Essas rochas exibem assinaturas químicas e estruturas que poderiam ter sido formadas por processos biológicos há bilhões de anos, quando a área continha água corrente.

A coleta de amostras dessas regiões pode fornecer evidências diretas sobre a presença de água líquida e as condições ambientais que poderiam ter suportado vida. A análise detalhada dessas amostras na Terra permitirá aos cientistas investigar a presença de compostos orgânicos e outras bioassinaturas, oferecendo uma janela única para a evolução química e possivelmente biológica de Marte.

Além disso, a investigação das rochas no limite da cratera permitirá a Perseverance explorar a crosta mais antiga de Marte, formada por uma variedade de processos geológicos. Essas rochas podem representar ambientes antigos potencialmente habitáveis que nunca foram examinados de perto antes. A compreensão desses processos é fundamental para reconstruir a história geológica de Marte e avaliar seu potencial para ter abrigado vida.

Em suma, a nova campanha científica da Perseverance tem o potencial de fornecer insights sem precedentes sobre a geologia e a astrobiologia de Marte. As descobertas esperadas não apenas aprofundarão nosso conhecimento sobre o passado do planeta, mas também terão implicações significativas para a busca contínua por vida extraterrestre e a preparação para futuras missões humanas a Marte.

O futuro da missão Perseverance é promissor e repleto de potencial para novas descobertas que podem revolucionar nossa compreensão de Marte e, por extensão, da própria vida no universo. À medida que o rover se prepara para ascender ao limite da Cratera Jezero, a expectativa é que ele encontre rochas que datam dos períodos mais antigos da história marciana. Essas amostras podem conter pistas cruciais sobre a presença de água líquida e, possivelmente, sobre a existência de vida microbiana no passado distante do planeta vermelho.

O Programa de Retorno de Amostras de Marte, uma colaboração entre a NASA e a ESA (Agência Espacial Europeia), é um componente vital para a análise detalhada dessas amostras. A missão está planejada para enviar espaçonaves a Marte para coletar as amostras seladas pelo Perseverance e trazê-las de volta à Terra. Aqui, em laboratórios equipados com tecnologia de ponta, os cientistas poderão realizar análises que não são possíveis com os instrumentos a bordo do rover. Este esforço conjunto promete fornecer uma visão sem precedentes da composição química e mineralógica das rochas marcianas, bem como de quaisquer sinais de processos biológicos.

Além do impacto direto na astrobiologia, as descobertas do Perseverance têm implicações significativas para a futura exploração humana de Marte. A caracterização detalhada da geologia e do clima passado do planeta ajudará a identificar locais seguros e cientificamente ricos para futuras missões tripuladas. A missão Artemis, que visa estabelecer uma presença humana sustentável na Lua, é um passo crucial nesse caminho, fornecendo a experiência e a tecnologia necessárias para enfrentar os desafios de uma missão tripulada a Marte.

Em conclusão, a missão Perseverance já alcançou marcos impressionantes, desde a coleta das primeiras amostras de rochas sedimentares de um planeta além da Terra até a exploração de um antigo delta fluvial em Marte. A próxima fase da missão, com a ascensão ao limite da Cratera Jezero, promete ampliar ainda mais nosso conhecimento sobre a história geológica e potencialmente biológica de Marte. À medida que o rover continua sua jornada, cada nova descoberta não só enriquece nossa compreensão científica, mas também nos aproxima do dia em que humanos poderão caminhar sobre a superfície marciana, explorando diretamente os mistérios que o Perseverance está desvendando hoje.

O impacto dessas descobertas é vasto, estendendo-se desde a busca por vida em outros planetas até a preparação para a exploração humana do sistema solar. A missão Perseverance, com seu espírito de exploração e inovação, continua a ser um farol de esperança e curiosidade científica, iluminando o caminho para futuras gerações de exploradores espaciais.

Fonte:

https://www.nasa.gov/missions/mars-2020-perseverance/perseverance-rover/nasas-perseverance-rover-to-begin-long-climb-up-martian-crater-rim/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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