Em Marte, não podemos julgar uma rocha em formato de livro pela sua capa.
O rover Curiosity da NASA encontrou uma característica que lembra a forma de um livro encadernado em 15 de abril, que aconteceu de ser o 3.800º dia marciano (ou sol) da longa missão.
Assim como os bibliotecários, os geólogos precisam ler cuidadosamente as pistas ao seu redor. A forma estranha de rochas marcianas como essa geralmente é devida à água que corria na área bilhões de anos atrás, quando o Planeta Vermelho era muito mais úmido, disseram oficiais da NASA.
Agora, o planeta é muito mais seco e ventoso. “Depois de eras sendo lixada pelo vento, a rocha mais macia é esculpida e os materiais mais resistentes são tudo o que sobra”, disseram oficiais do Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA no sul da Califórnia, que administra a missão Curiosity, na quinta-feira, 11 de maio, sobre a descoberta.
Embora se acredite que a escrita tenha se originado na antiga Suméria (perto do atual Golfo Pérsico) cerca de 5.400 anos atrás, de acordo com o Museu J. Paul Getty, as maneiras como os humanos registram informações são diversas.
Um estudo de 2023 sugere que os “pontos” de uma pintura rupestre podem ser uma forma de escrita de 20.000 anos atrás, embora a conclusão seja controversa. E formas mais modernas de escrita foram colocadas em paredes de rocha, em tábuas de argila ou em pergaminhos, para citar vários tipos de formatos de leitura.
O que muitas pessoas agora chamam de “livros” originou-se com os códices, primeiro como tábuas de cera e depois como pergaminhos nas áreas do Mediterrâneo e da Mesopotâmia, de acordo com a Biblioteca Britânica. A datação é complicada, mas o formato parece ser bastante prevalente pelo menos nos tempos greco-romanos, senão antes.
Curiosity tem explorado a cratera Gale em Marte desde agosto de 2012, com resultados importantes em artigos científicos, incluindo a descoberta de água líquida persistente na antiga Marte, evidências potenciais de vida antiga através de compostos orgânicos e exames de radiação na superfície, de acordo com o JPL.
Uma missão sucessora, Perseverance, está trabalhando na área da cratera Jezero em Marte e armazenando amostras em tubos (ou sabres de luz) para retorno futuro à Terra. Espera-se que o esforço de retorno de amostras seja intensificado no final da década de 2020 com o lançamento de um conjunto de naves espaciais de retransmissão e um par de mini-helicópteros.
Assim, podemos ver como a busca constante por conhecimento e a curiosidade humana continuam a impulsionar nossa exploração e compreensão do universo. Mesmo em um planeta aparentemente desolado como Marte, ainda podemos encontrar pistas e vestígios de um passado possivelmente repleto de água, vento e, quem sabe, vida. Esses indícios fazem com que nos perguntemos sobre a história de Marte, e como se assemelha ou difere da nossa própria história aqui na Terra. Da mesma forma que um livro, cada rocha, cada marca na superfície marciana conta uma história que estamos apenas começando a ler.
O trabalho do rover Curiosity, e agora do Perseverance, é essencial para nossa busca por essas respostas. Através de suas descobertas e estudos, estamos decifrando gradualmente os mistérios de Marte, tal qual um bibliotecário que, com cuidado e atenção, lê e interpreta as páginas de um livro antigo.
E esses “livros” marcianos estão nos proporcionando muito conhecimento. A descoberta de água líquida persistente no antigo Marte, por exemplo, reforça a teoria de que o Planeta Vermelho já foi muito mais úmido e, portanto, possivelmente habitável. A detecção de compostos orgânicos é mais uma pista que indica que Marte poderia, em algum momento de sua história, ter abrigado vida.
A exploração de Marte também está nos ajudando a entender melhor a evolução do próprio planeta e a influência de fatores como o vento e a radiação na formação de sua paisagem. Assim como a Terra, Marte está em constante mudança, moldado ao longo de bilhões de anos por forças naturais.
Enquanto olhamos para o futuro, a missão Perseverance e o planejado retorno de amostras de Marte são etapas cruciais em nossa busca por conhecimento. Quem sabe que novas histórias essas amostras poderão contar? Que segredos elas poderão revelar sobre o passado, o presente e até mesmo o futuro de Marte?
Enfim, como bibliotecários de um tipo muito especial, continuamos a ler e a interpretar as pistas que Marte nos oferece. E, embora muitas perguntas permaneçam sem resposta, cada nova descoberta nos leva um passo mais perto de entender a verdadeira história do Planeta Vermelho. E talvez, apenas talvez, entender um pouco mais sobre nós mesmos no processo.
Seja em Marte ou na Terra, em rochas ou em livros, a busca pelo conhecimento continua. E o que poderia ser mais humano do que isso?
Fonte:
https://www.space.com/nasa-mars-curiosity-rover-book-rock-photo