fbpx
15 de novembro de 2024

Rosalind Franklin Deve Ser Mandada Para Marte Em 2028 Para Procurar Resquícios de Vida

O Rosalind Franklin Rover (RFR), uma iniciativa da Agência Espacial Europeia (ESA), representa um marco significativo na exploração de Marte. Este rover, nomeado em homenagem à renomada química britânica Rosalind Franklin, é projetado para realizar uma tarefa sem precedentes: perfurar até dois metros abaixo da superfície marciana para coletar amostras. A missão, inicialmente programada para 2018, enfrentou diversos atrasos técnicos e, mais recentemente, foi impactada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, resultando na exclusão da Roscosmos do projeto. Agora, com uma nova data de lançamento prevista para 2028, o RFR está se aproximando da conclusão.

A missão ExoMars, uma colaboração entre a ESA e a Roscosmos, foi concebida como uma missão em duas partes. A primeira parte, o ExoMars Trace Gas Orbiter, já está em órbita ao redor de Marte. O rover, inicialmente denominado ExoMars Rover, foi renomeado para Rosalind Franklin Rover em homenagem à cientista que contribuiu significativamente para a descoberta da estrutura do DNA. A invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 levou à exclusão da Roscosmos do projeto, forçando a ESA a buscar novos parceiros e reestruturar a missão. A NASA agora fornecerá o veículo de lançamento, enquanto a ESA desenvolve uma nova plataforma de pouso, simplificada e sem capacidade científica própria.

O local de pouso escolhido para o RFR é Oxia Planum, uma planície de 3,9 bilhões de anos com uma das maiores concentrações de rochas ricas em argila expostas no planeta. Esta região foi inicialmente considerada para o pouso do rover Perseverance da NASA, que eventualmente pousou na Cratera Jezero. A escolha de Oxia Planum baseia-se em evidências geológicas que sugerem que a área era outrora aquática, tornando-a um local promissor para a busca de sinais de vida. Além disso, a diversidade geológica da região, com planícies, crateras e colinas, oferece um terreno relativamente plano e livre de obstáculos, ideal para a operação do rover.

A missão do RFR é notável não apenas por seus objetivos científicos, mas também pelo contexto político e técnico que a moldou. A decisão da ESA de cortar laços com a Roscosmos após a invasão da Ucrânia pela Rússia demonstra um compromisso com princípios éticos e a capacidade de adaptação diante de desafios imprevistos. A reestruturação da missão e a busca por novos parceiros, como a NASA, ilustram a resiliência e a determinação da comunidade científica internacional em continuar a busca pelo conhecimento, independentemente das adversidades.

Com a nova data de lançamento prevista para 2028, a missão do Rosalind Franklin Rover está mais próxima de se tornar realidade. Se bem-sucedida, esta missão poderá fornecer respostas cruciais sobre a possibilidade de vida passada em Marte, contribuindo significativamente para nossa compreensão do universo e do lugar da humanidade nele.

O principal objetivo do Rosalind Franklin Rover é a astrobiologia, com a missão de buscar evidências de vida passada em Marte. O local de pouso escolhido, Oxia Planum, é uma planície de 3,9 bilhões de anos com uma das maiores concentrações de rochas ricas em argila expostas no planeta. Evidências geológicas sugerem que esta região foi outrora aquática, tornando-a um local promissor para a busca de sinais de vida. A proteção da subsuperfície contra radiação prejudicial aumenta as chances de preservação de evidências biológicas.

O RFR está equipado com uma série de instrumentos avançados para realizar sua missão científica. O radar de penetração no solo WISDOM (Water Ice Subsurface Deposit Observation on Mars) permitirá o estudo da subsuperfície marciana, enquanto o espectrômetro de nêutrons Adron-RM ajudará a identificar depósitos ricos em água. O conjunto de instrumentos Pasteur Payload, incluindo espectrômetros, analisadores moleculares e câmeras, examinará as amostras coletadas em busca de evidências químicas e morfológicas de vida passada.

Além disso, o RFR incorpora várias inovações tecnológicas. O uso de Amerício-241 em sua unidade de aquecimento por radioisótopos (RHU) é uma estreia em missões espaciais, garantindo que os componentes do rover permaneçam operacionais nas temperaturas extremas de Marte. O sistema de câmeras PanCam fornecerá imagens panorâmicas de alta resolução e em 3D do terreno marciano, enquanto o Ma_MISS (Mars Multispectral Imager for Subsurface Studies) analisará as paredes do buraco de perfuração à medida que o rover penetra a superfície.

O Rosalind Franklin Rover também possui uma série de câmeras de ângulo amplo montadas em um mastro, que ajudarão na investigação do ambiente circundante e na identificação de rotas seguras. Essas câmeras são essenciais para a navegação autônoma do rover, permitindo que ele evite obstáculos e explore áreas de interesse científico. Além disso, as câmeras identificarão depósitos hidrotermais que podem conter pistas sobre a atividade geotérmica passada, um fator potencialmente crucial para a habitabilidade de Marte.

Outro aspecto notável do RFR é sua capacidade de perfuração. O rover pode perfurar até dois metros abaixo da superfície marciana, coletando amostras de rochas ou materiais soltos. Essas amostras serão analisadas no Analytical Laboratory Drawer (ALD) do rover, onde uma série de instrumentos, incluindo espectrômetros e analisadores moleculares, examinará a composição química e morfológica das amostras em busca de sinais de vida passada. Essa profundidade de perfuração é significativa, pois a subsuperfície de Marte é protegida da radiação cósmica, aumentando as chances de encontrar evidências bem preservadas.

O RFR também se destaca por sua agilidade e autonomia. Equipado com rodas capazes de superar obstáculos do tamanho de suas próprias rodas e navegar em encostas íngremes, o rover pode “caminhar” usando suas rodas para se libertar de areia ou materiais soltos. Essa capacidade de autossuficiência é crucial para a missão, permitindo que o rover explore áreas difíceis de alcançar e maximize sua eficiência científica.

Em resumo, o Rosalind Franklin Rover é uma combinação impressionante de avanços científicos e tecnológicos. Com uma gama de instrumentos sofisticados e capacidades inovadoras, o rover está bem equipado para realizar sua missão de astrobiologia e potencialmente responder à pergunta fundamental sobre a existência de vida em Marte.

A missão do Rosalind Franklin Rover enfrentou inúmeros desafios técnicos e logísticos desde sua concepção. Inicialmente, a colaboração entre a ESA e a Roscosmos parecia promissora, mas a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 resultou na exclusão da agência espacial russa do projeto. Esta decisão forçou a ESA a buscar novos parceiros e a reestruturar a missão, o que incluiu a necessidade de desenvolver uma nova plataforma de pouso. A NASA interveio, fornecendo o veículo de lançamento, mas a nova plataforma de pouso, embora mais simples e sem capacidade científica própria, ainda precisa ser finalizada. Esta plataforma será projetada para desligar poucos dias após o pouso do rover, uma simplificação que visa reduzir riscos e custos.

Além dos desafios políticos e logísticos, a missão enfrenta dificuldades técnicas inerentes à exploração de Marte. A perfuração em Marte é uma tarefa complexa e arriscada, pois o terreno pode conter obstáculos enterrados que poderiam danificar o equipamento de perfuração. Embora o RFR seja robusto e projetado para operar nas condições adversas de Marte, a possibilidade de encontrar obstáculos imprevistos sempre existe. A identificação de locais de perfuração ideais, utilizando o radar de penetração no solo WISDOM e outros instrumentos, será crucial para minimizar esses riscos.

Se a ESA conseguir cumprir o cronograma de lançamento para 2028, o Rosalind Franklin Rover deverá chegar a Marte entre seis e nove meses depois, iniciando uma missão de sete meses para procurar evidências de vida passada. O impacto científico potencial desta missão é imenso, pois poderia finalmente responder à pergunta se Marte já abrigou vida. A missão não só avança nosso conhecimento sobre Marte, mas também exemplifica a perseverança e a colaboração internacional na busca pelo conhecimento, mesmo diante de adversidades políticas e técnicas.

O Rosalind Franklin Rover está equipado com uma série de instrumentos avançados que permitirão uma análise detalhada da subsuperfície marciana. O uso de Amerício-241 em sua unidade de aquecimento por radioisótopos (RHU) é uma inovação que garantirá a operação do rover nas temperaturas extremas de Marte. Além disso, o sistema de câmeras PanCam fornecerá imagens panorâmicas de alta resolução e em 3D do terreno marciano, enquanto o Ma_MISS (Mars Multispectral Imager for Subsurface Studies) analisará as paredes do buraco de perfuração à medida que o rover penetra a superfície.

Em última análise, o Rosalind Franklin Rover representa um avanço notável na exploração espacial e na astrobiologia. A missão, apesar dos desafios, continua a inspirar cientistas e entusiastas do espaço em todo o mundo, mantendo viva a chama da curiosidade e da busca por respostas sobre nosso lugar no universo. Se bem-sucedida, a missão poderá fornecer insights valiosos sobre a habitabilidade de Marte e a presença de vida extraterrestre, contribuindo significativamente para nossa compreensão do cosmos.

Fonte:

https://www.universetoday.com/168502/how-the-esas-rosalind-franklin-rover-will-drill-for-samples-on-mars/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

Veja todos os posts

Arquivo