O planeta Vênus tem sido sub representado na geologia planetária atualmente pois nenhuma outra missão tem visto claramente a superfície do planeta desde que a sonda Magalhães o visitou em 1994. Isso é muito triste, pois a superfície de Vênus é algo espetacular de se ver. Ainda bem, que a sonda Magalhães fez um excelente trabalho e até hoje podemos apreciar os resultados por ela obtidos como esses apresentados nesse post. Na verdade as imagens aqui apresentadas foram retiradas da página www.mapaplanet.org onde é possível explorar os dados obtidos pela sonda Magalhães. Nesse endereço você será direcionado diretamente a página que mostra as imagens aqui destacadas: link
Essas imagens mostram uma região do planeta Vênus conhecida como Tessera.
Se você acessar o endereço fornecido acima, poderá ajustar o nível de zoom que deseja. Se você detalhar mais a imagem verá que a região de Tessera é toda quebrada por fraturas e/ou dobras, múltiplas gerações dessas feições que se cruzam por toda a imagem. Nas suas bordas você pode ver como as lavas das planícies mais escuras, mais suaves, invadiram a região de Tessera, fazendo parecer em alguns lugares quase como se as lavas tivesse dissolvido a região de Tessera.
Você pode prever que a parte remanescente de Tessera permanece alta, e as planícies de lava parecem baixas. Quando você olha nos dados, a história real da topografia não tão simples. A sonda Magalhães retornou também dados topográficos, mas a resolução desse tipo de dado não chega nem perto da resolução das imagens de radar. Abaixo você pode ver o dado topográfico para a mesma região. Onde as cores escuras representam a topografia baixa, e as cores claras representam a topografia alta. Cada um dos pequenos paralelogramos é na verdade um pixel no modelo de elevação digital global para Vênus. E cada um desses pixels na verdade é substancialmente menor do que a marca do altímetro da sonda Magalhães. O altímetro na verdade amostrou uma área de aproximadamente 2 por 3 ou por 4 pixels em cada vez que o sinal do radar era refletido pela superfície para medir o intervalo.
Não é óbvio para ninguém como esse dado de elevação pode estar relacionado com o dado de imagem. Para isso pode-se recorrer a um velho truque: colorir o dado de elevação e sobrepor ele a imagem de radar. Incidentalmente é comum usar um espectro de cores do arco-íris para essa operação, mas isso pode ser ruim para quem não enxerga as cores direito. Para isso foi usado nesse caso, a tabela de cores sugerida nesse artigo: http://geography.uoregon.edu/datagraphics/EOS/index.htm . Onde azul representa os terrenos baixos, branco o terreno de altura intermediária e vermelho a elevação alta.
O que pode ter se aprendido com isso.
Pode-se desaprovar a hipótese de que o terreno da Região Tessera nessa imagem é alto com respeito às planícies escuras. Existem alguns pontos em Tessera que possuem algumas das mais altas elevações, mas outros pontos possuem algumas das mais baixas elevações, o mesmo é verdade para as planícies.
A única correlação observada entre o tipo de terreno e a elevação existe com os escudos de vulcões que podem ser vistos pontuando a imagem em alguns lugares. Um desses escudos pode ser visto perto da parte central inferior da imagem, que é alto em elevação. Olhando ao redor de outros pontos de alta elevação pode-se ver que muitos deles contêm aglomerados de escudos de vulcões, mas não todos eles.
Pode-se notar também que existe muito mais variação em topografia dentro da Região Tessera do que dentro das áreas onde predominam as planícies. Existe uma banda de um tipo de topografia que cruza a imagem da parte superior esquerda para a parte central inferior, e que é o mesmo lugar onde se pode ver uma vasta região de planícies de lava. Olhando nas áreas de Tessera, por outro lado, pode-se ver pontos muito altos perto de pontos muito baixo. Isso acontece por todo o planeta Vênus. Não se sabe ao certo o que isso significa, mas pode ser um sinal de que não podemos confiar muito no dado topográfico nessas regiões mais acidentadas.
Existe um novo conjunto de dados topográficos para partes do planeta Vênus que foi desenvolvido por Robbie Herrick. A referência está nesse site: http://www2.gi.alaska.edu/~rherrick/stereotopo.html . Esses mapas foram gerados a partir de dados estereográficos e não de dados obtidos por altímetro. Tentei trabalhar com alguns dados mas é algo bem custoso. Se alguém quiser se arriscar a trabalhar com esses dados fica a sugestão.
Fonte:
http://www.planetary.org/blogs/emily-lakdawalla/2013/02071317-venus-tessera.html