fbpx
21 de dezembro de 2024

Rastreio Ambicioso Descobre Maternidades Estelares

Uma imagem espetacular da Nebulosa da Tarântula, situada na nossa vizinhança galáctica, na Grande Nuvem de Magalhães, foi obtida pelo VISTA, telescópio de rastreio do ESO. Esta vista panorâmica no infravermelho próximo capturou a própria nebulosa em grande detalhe, assim como o meio que a envolve. A imagem foi obtida no início de um rastreio bastante ambicioso das nossas galáxias vizinhas, as Nuvens de Magalhães, e do seu respectivo meio circundante.

A líder da equipa de rastreio, Maria-Rosa Cioni (Universidade de Hertfordshire, Reino Unido) explica: “Esta imagem é de uma das mais importantes regiões de formação estelar no Universo Local –  30 Doradus, a região de formação estelar também conhecida por Nebulosa da Tarântula. No seu centro encontra-se um grande enxame estelar chamado RMC 136, onde se situam algumas das estrelas de maior massa conhecidas.”

O VISTA  é um novo telescópio de rastreio do ESO situado no Observatório do Paranal, Chile. O VISTA encontra-se equipado com uma enorme câmara que detecta radiação infravermelha, revelando uma riqueza de detalhes sobre objetos astronômicos e dando-nos assim informação sobre o funcionamento interno de fenômenos astronômicos. A radiação infravermelha tem um comprimento de onda maior que a radiação visível, por isso não a podemos observar diretamente, mas este tipo de radiação pode atravessar enormes quantidades de poeira, poeira essa que normalmente obscureceria a nossa visão. Este fato torna esta radiação particularmente útil no estudo de objetos tais como estrelas jovens que ainda se encontram envolvidas pelas nuvens de gás e poeira a partir das quais se formaram. Outro aspecto importante do VISTA é a grande área do céu que a câmara consegue capturar em cada exposição.

Esta é a imagem mais recente obtida pelo rastreio VISTA das Nuvens de Magalhães (VMC, acrônimo do inglês VISTA Magellanic Cloud Survey). Este projeto irá observar uma vasta área do céu – 184 graus (o que corresponde a quase mil vezes a área aparente da Lua Cheia) – incluindo as galáxias vizinhas, a Grande e da Pequena Nuvem de Magalhães. O resultado final será um estudo detalhado da história de formação estelar e da geometria a três dimensões do sistema de Magalhães.

Chris Evans da equipa VMC acrescenta: “As imagens VISTA nos permitirão estender os nossos estudos para além das regiões interiores da Tarântula até às inúmeras maternidades estelares menores da região, as quais também albergam uma população rica em estrelas jovens de grande massa. De posse de novas e belas imagens infravermelhas, poderemos sondar os casulos nos quais as estrelas de grande massa se estão a formar ainda hoje, ao mesmo tempo que observamos as suas interações com estrelas mais velhas na região circundante.”

A imagem de campo largo mostra uma quantidade de objetos diferentes. A área brilhante acima do centro é a própria Nebulosa da Tarântula, com o enxame de estrelas de grande massa, RMC 136, no seu centro. À esquerda encontra-se o enxame estelar NGC 2100. À direita está o pequeno resto da supernova SN 1987A. Por baixo do centro situam-se uma série de regiões de formação estelar incluindo NGC 2080 – também chamada “Nebulosa Cabeça de Fantasma” – e o enxame estelar NGC 2083.

O rastreio VISTA das Nuvens de Magalhães é um dos seis grandes rastreios no infravermelho do céu austral que ocupará a maior parte dos cinco primeiros anos de operações do VISTA.

Fonte:

http://www.eso.org/public/news/eso1033/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

Veja todos os posts

Arquivo