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Que Fria!!! Mas Vale Tudo para o Bem da Ciência!!!

Dois telescópios espaciais diferentes, de agências diferentes, mas com uma coisa em comum. As baixas temperaturas de operação. Estamos falando das missões Spitzer da NASA e da Herschel da ESA.

Os dois telescópios possuem um objetivo semelhante, ou seja, estudar a formação das galáxias no início do universo e sua evolução, além de investigar a criação de estrelas, observarem a constituição química da atmosfera de planetas, examinarem a química molecular do universo e com isso tentar responder apenas duas questões, mas que são de longe as mais intrigantes até hoje: De onde viemos? Estamos sozinhos no universo?

Para isso, ambos os telescópios vasculham o céu observando os objetos através da emissão de radiação infravermelha desses objetos. Só assim, nesse comprimento de onda é possível realizar as investigações necessárias que podem trazer as respostas a tanto tempo procuradas. Tudo parece muito simples e fácil. Mas não é.

Para que seja possível captar a radiação infravermelha proveniente dos objetos é necessário que a temperatura dos instrumentos de medida esteja muito baixa, mas muito baixa mesmo. Só assim é possível registrar a radiação emitida por objetos frios do universo, verdadeiros fósseis cósmicos.

No caso do telescópio Herschel, umas das características mais significativas é que seus instrumentos devem se manter a uma temperatura inferior a -271 graus Celsius, para que assim possa de maneira eficiente captar  as emissões infravermelhas sem qualquer interferência. Um instrumento com uma temperatura superior acabaria detectando seu próprio calor de modo que os objetos friso do universo passariam despercebidos. Para manter os instrumentos do telescópio nessa temperatura, eles são colocados em um compartimento de vácuo crio estável resfriado por hélio superfluido. Esse elemento possui uma temperatura de ebulição de -271,5 graus Celsius e os gases evaporados são responsáveis por manter os instrumentos frios. O Herschel leva consigo 2300 litros de hélio cuja evaporação total marcará o final da missão daqui a três anos.

Final esse que para o Spitzer está próximo. O hélio utilizado para resfriar os instrumentos está acabando e com isso as imagens em infravermelho estão diminuindo drasticamente e muitos dos objetos frios do universo não poderão mais ser detectados. Com isso, o telescópio está entrando em outra etapa da missão, chamada de fase quente, nessa etapa o Spitzer poderá estudar os asteróides, os discos protoplanetários de estrelas, os gigantes gasosos e algumas galáxias.

Esses telescópios representam uma das grandes evoluções científicas dos últimos anos, e graças a propriedades como a do hélio superfluido, é possível investigar o passado do universo, sempre de olho no futuro das inovações tecnológicas.

Telescópios Spitzer e Herschel, companheiros a -271 graus Celsius.

Maiores Informações:

Site do Spitzer: http://spitzer.caltech.edu/

Site do Herschel: http://sci.esa.int/science-e/www/area/index.cfm?fareaid=16

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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