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17 de novembro de 2024

Quatro Meses Depois de Seu Sobrevoo Por Plutão New Horizons Revela Uma Enxurrada de Novas Descobertas

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De possíveis vulcões de gelo até luas cambaleantes, a equipe de ciência da New Horizons, da NASA, está discutindo mais de 50 descobertas feitas em Plutão, essa semana no 47 Congresso da Divisão para Ciência Planetária da Sociedade Astronômica Americana, em National Harbor, Maryland.

“A missão da New Horizons fez com que o que sabíamos de Plutão virasse de cabeça pra baixo”, disse Jim Green, diretor ciência planetária na sede da NASA em Washington. “Isso é por que nós exploramos – para satisfazer nossa curiosidade e responder questões profundas sobre como estamos aqui e o que está além do próximo horizonte”.

Para uma dessas descobertas, os geólogos da New horizons, combinaram imagens da superfície de Plutão para fazer mapas 3D que indicam duas das mais distintas montanhas de Plutão que poderiam ser criovulcões – vulcões de gelo que podem ter estado ativos num passado geológico recente.

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“É difícil imaginar o quão rapidamente a nossa visão de Plutão e de suas luas tem evoluído à medida que novos dados chegam a cada semana. À medida que as descobertas são feitas desses dados, Plutão, está se tornando uma estrela do Sistema Solar”, disse Alan Stern, o Principal Pesquisador da missão, do Southwest Research Institute, em Boulder, no Colorado. “Além disso, eu aposto que para a maior parte dos cientistas planetários, qualquer uma ou duas das nossas últimas descobertas, seriam consideradas espetaculares. Ter todas elas juntas é algo incrível”.

Os dois grandes criovulcões são grandes feições medindo dezenas de quilômetros de diâmetro e alguns quilômetros de altura. “Essas são grandes montanhas com um grande buraco no seu cume, e na Terra, isso normalmente significa uma coisa – um vulcão”, disse Oliver White, pesquisador de pós-doutorado da New horizons no Ames Research Center da NASA, em Moffett Field, na Califórnia. “Se eles forem vulcânicos, então a depressão no cume seria formada pelo colapso de material que entrou em erupção. A estranha textura dos flancos da montanha podem representar fluxos vulcânicos de algum tipo que viajaram desde o cume até as planícies ao redor, mas porque têm essa textura, e do que elas são feitas, nós ainda não sabemos”.

Enquanto sua aparência é similar aos vulcões na Terra, que expelem rocha derretida, os vulcões de gelo em Plutão, emitem um tipo de mistura de substâncias derretidas como gelo de água, nitrogênio, amônia, ou metano. Se Plutão provar ter vulcões, isso poderá nos fornecer uma importante nova pista sobre a sua evolução geológica e atmosférica.

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“Nada como isso tem sido visto nas profundezas externas do nosso Sistema Solar”, disse Jeffrey Moore, líder da equipe de Geologia, Geofísica e Imageamento da New Horizons, no Ames.

A superfície de Plutão tem uma idade variada – de antiga, intermediária, até relativamente jovem – de acordo com novas descobertas da New Horizons.

Para determinar a idade de uma superfície do planeta, os cientistas contam as crateras de impacto. Quanto mais cratera de impacto existir, mais antiga é aquela região. A contagem de crateras das áreas superficiais em Plutão, indicam que essas regiões datam de um período logo depois da formação dos planetas do nosso Sistema Solar, a cerca de 4 bilhões de anos atrás.

Mas também tem uma vasta área que em termos geológicos, nasceu ontem – significando que ela pode ter se formado no últimos 10 milhões de anos. Essa área, informalmente conhecida como Sputnik Planum, aparece no lado esquerdo do Coração de Plutão e é completamente livre de crateras, em todas as imagens recebidas até o momento.

“Nós mapeamos mais de mil crateras em Plutão, com uma grande variedade de tamanho e aparência”, disse o pesquisador de pós-doutorado Kelsi singer, do Southwest Research Institute (SwRI), em Boulder, no Colorado. “Entre outras coisas, eu espero estudos de crateras como esse para nos dar uma importante ideia sobre como essa parte do Sistema Solar se formou”.

A contagem de crateras estão dando ideias para a equipe da New Horizons sobre a estrutura do próprio Cinturão de Kuiper. A escassez de crateras menores em Plutão e na sua maior lua Caronte, indicam que o Cinturão de Kuiper, que é uma região não explorada do Sistema Solar Externo, provavelmente teve poucos objetos menores do que previam os modelos.

Isso leva os cientistas da New Horizons a duvidarem do modelo de longa data de que os objetos do Cinturão de Kuiper se formaram pela acumulação de objetos menores – com menos de uma milha de largura. A ausência de pequenas crateras em Plutão e Caronte suportam outros modelos teorizados de que os objetos do Cinturão de Kuiper com dezenas de milhas de diâmetro podem ter se formado diretamente, no seu tamanho atual, ou perto dele.

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De fato, a evidência que muitos objetos do Cinturão de Kuiper podem ter nascidos grandes, deixam os cientistas animados com o próximo alvo potencial da New Horizons, o KBO de 40 a 50 quilômetros, denominado de 2014 MU69, que pode oferecer a primeira imagem detalhada de um verdadeiro bloco fundamental na construção do Sistema Solar.

A missão da New Horizons também está trazendo uma nova luz sobre o fascinante sistema de luas de Plutão, e suas propriedades incomuns. Por exemplo, quase todas as luas do Sistema Solar, incluindo a nossa Lua, está numa rotação síncrona, mantendo uma face sempre voltada para o planeta. Esse não é o caso das pequenas luas de Plutão.

Os pequenos satélites de Plutão estão rotacionando muito rápido, com Hydra, a lua mais distante, realizando as incríveis 89 rotações enquanto dá uma volta ao redor de Plutão. Os cientistas acreditam que essas taxas de rotação podem ser variáveis devido ao fato de Caronte exercer um forte torque que preveni com que cada lua pequena exerça uma rotação síncrona.

Outro fato estranho das luas de Plutão: os cientistas esperavam que os satélites fossem cambaleantes, mas não nesse grau.

“As luas de Plutão se comportam como peões, vistos de cima”, disse Mark Showalter do SETI Institute em Mountain view, na Califórnia.

Imagens dos quatro satélites menores de Plutão também indicam que alguns deles podem resultar da fusão de duas ou mais luas.

“Nós suspeitamos disso, que Plutão teve mais luas no passado, uma consequência de um grande impacto que também criou Caronte”, disse Showalter.

Para ver mais imagens e gráficos que foram apresentados pelos cientistas da New Horizons no 47 Congresso da Divisão de Ciência Planetária da Sociedade Astronômica Americana, visite:

http://pluto.jhuapl.edu/News-Center/Press-Conferences/November-9-2015.php

Para mais informações sobre a missão da sonda New Horizons da NASA, visite:

http://www.nasa.gov/newhorizons

Fonte:

http://www.nasa.gov/press-release/four-months-after-pluto-flyby-nasa-s-new-horizons-yields-wealth-of-discovery

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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