Uma equipe de astrofísicos europeus planeja capturar a primeira imagem de um buraco negro, e um acordo recém assinado pode ajudar com que esse sonho torne-se realidade.
O European Research Council deu 14 milhões de euros para a equipe por trás da BlackHoleCam. Esse projeto tem como objetivo espiar o buraco negro supermassivo localizado no centro da Via Láctea e fazer imagens do horizonte de eventos – a fronteira teórica além da qual nada, nem mesmo a luz pode escapar.
“Enquanto que a maioria dos astrofísicos acreditam que os buracos negros existem, ninguém na verdade nunca os observou”, disse Heino Falcke da Radbound University Nijmegen na Holanda, um dos três principais pesquisadores da BlackHoleCam.
“A tecnologia agora avançou o suficiente de modo que nós podemos de verdade imagear diretamente um buraco negro e verificar se eles realmente existem como são previstos. Se não existir um horizonte de eventos, não existem buracos negros”, adicionou Falcke.
A BlackHoleCam usará uma técnica chamada de Very Long Baseline Interferometry (VLBI) para estudar o buraco negro central da Via Láctea, que tem 4 milhões de vezes a massa do Sol. Na técnica VLBI, múltiplos radio telescópios ao redor do mundo focam o mesmo objeto e um supercomputador então sintetiza e integra essas várias observações. Esse método pode, em efeito, criar um telescópio virtual do tamanho do planeta Terra.
A BlackHoleCam não será capaz de imagear o próprio buraco negro, mas os pesquisadores acreditam que eles podem observar o horizonte de eventos, uma feição prevista pela Teoria Geral da Relatividade de Einstein.
O gás sugado pela imensa força gravitacional dos buracos negros produzem fortes emissões de rádio antes de desaparecer. O horizonte de eventos deve mostrar sua presença gerando uma sombra escura nessas emissões brilhantes, dizem os pesquisadores.
“A Teoria Geral da Relatividade de Einstein é a melhor teoria da gravidade que nós conhecemos, mas ela não é a única. Nós usaremos essas observações para descobrir se os buracos negros, um dos objetos astrofísicos mais exóticos, existem ou não”, disse Luciano Rezzolla da Goethe University em Frankfurt, na Alemanha, outro pesquisador principal do projeto.
“Finalmente teremos a oportunidade de testar a gravidade num regime que até recentemente pertencia ao reino da ficção científica, esse com certeza será um ponto de reviravolta na ciência moderna”, adicionou ele.
A equipe da BlackHoleCam planeja usar o novo e enorme observatório ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), no Chile, entre outros instrumentos de rádio. O projeto também terá a colaboração próxima do Event Horizon Telescope, um esforço americano de VLBI com objetivos similares.
Fonte:
http://www.space.com/24002-black-hole-image-event-horizon.html