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23 de dezembro de 2024

Poeira ao Vento

Pequenas partículas sólidas e líquidas – que os cientistas chamam de aerossóis – podem ser encontradas no ar em todo o mundo, e elas têm um impacto global no clima e tempo. Existem muitas fontes de aerossóis, incluindo a fumaça e a poluição proveniente de atividades humanas. Uma das partículas mais abundantes é a poeira e a areia que é soprada dos desertos da Terra.

Essa série de imagens aqui reproduzida, derivadas de modelos computacionais, mostram o vento soprando poeira do norte da África à medida que ela se dispersa sobre o Oceano Atlântico em 1 de Julho de 2009. O modelo descreve a espessura óptica dos aerossóis, uma medida da quantidade de luz que os aerossóis dispersam e absorvem, e uma função para o número de partículas no ar. Uma espessura óptica de menos de 0.1 indica um céu claro, com visibilidade máxima, um valor de 1 ou superior indica condições bem nebulosas. A assinatura temporal no modelo move-se com um incremento de seis horas começando as 00:00 Tempo Universal e indo até as 18:00.

Embora a maior parte dos aerossóis fiquem suspensos no ar por apenas curtos períodos de tempo – normalmente entre quatro dias e uma semana – esse é o tempo suficiente para que essas partículas viagem grandes distâncias. As partículas se movem com a atmosfera a uma velocidade de 5 metros por segundo, viajando desse modo milhares de quilômetros em uma semana.

Plumas de poeira do deserto do Saara normalmente cruzam o Atlântico e chegam até os céus do Caribe. Os cientistas estão particularmente interessados no papel dessas poeiras na formação de nuvens e na influência que elas têm no desenvolvimento de furacões e tufões.

Como notado no documento “Aerossóis: Pequenas Partículas, Grande Impacto”:

A maior parte dos estudantes de escolas elementares aprendem que as nuvens se formam quando uma quantidade suficiente de vapor de água se condensa. Isso é verdade, mas os aerossóis tem um papel crítico nesse processo. De fato, a maior parte das nuvens devem a sua existência aos aerossóis que servem como pequenas sementes chamadas de núcleos de condensação de nuvens. Os aerossóis naturais são os mais comuns núcleos de condensação em ambientes primitivos.

O evento descrito acima foi registrado pelo Goddard Earth Observing System Model, Version 5 (GEOS-5), um modelo atmosférico usado para estudar a física da atmosfera tanto em curto tempo (previsão de tempo) como em médio prazo (clima). O modelo GEOS-5 usa equações matemáticas que representam os processos físicos – como a precipitação e os processos de nuvens – para calcular o que acontecerá na atmosfera. Medidas verdadeiras de propriedades físicas como temperatura, umidade, e ventos são normalmente inseridas no processo para fazer com que a simulação se aproxime o mais perto da realidade.

Os milhões de cálculos envolvidos para se criar um modelo global detalhado requer milhares de processadores atuando em paralelo. O modelo GEOS-5 roda em aproximadamente 15000 processadores no supercomputador Discovery no novo Center for Climate Simulation da NASA no Goddard Space Flight Center.

Fonte:

http://earthobservatory.nasa.gov/IOTD/view.php?id=47970

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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