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Pesquisadores Identificam Partículas Solares de Baixa Energia Além da Órbita da Terra E Perto Do Sol

Vamos para outro post sobre a Parker Solar Probe, isso porque o The Astrophysical Journal, lançou uma edição especial para discutir os primeiros resultados científicos da missão que está estudando o Sol.

Usando os dados da Parker Solar Probe, uma equipe de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Southwest, identificou partículas de baixa energia pairando perto do Sol que provavelmente se originaram das interações do vento solar bem além da órbita da Terra. A Parker Solar Probe está passando mais perto do Sol do que qualquer outra sonda e está carregando instrumentos desenvolvidos pelo instituto. Os cientistas estão pesquisando as feições enigmáticas do Sol, para responder muitas perguntas, incluindo como proteger os astronautas e a tecnologia da radiação associada com eventos solares.

O principal objetivo é determinar os mecanismos de aceleração que criam e transportam as partículas de altas energias desde a atmosfera do Sol pelo Sistema Solar, incluindo o ambiente próximo da Terra. Com os instrumentos embarcados na Parker, os pesquisadores puderam medir partículas com uma energia extremamente baixa perto do ambiente solar. Muitas explicações foram consideradas para explicar essa presença, mas o que se determinou foi que elas apontam para interações entre as regiões de movimento lento e rápido do vento solar, que acelera as partículas de altas energias, além da órbita da Terra. Parte dessas partículas viajam de volta para o Sol, perdendo velocidade contra a força do vento solar, mas mesmo assim retendo energias extremamente altas.

A Parker Solar Probe está coletando novos dados do Sol para ajudar os cientistas a entenderem como os eventos solares, como as ejeções de massa coronal, impactam a vida na Terra. Durante a parte de máximo do ciclo de atividade do Sol, a nossa estrela lança uma grande quantidade de matéria energizada, de campos magnéticos e de radiação eletromagnética na forma de ejeções de massa coronal. Esse material está integrado dentro do vento solar, o fluxo de partículas emitidas pela atmosfera superior do Sol. As partículas energéticas solares de alta energia, apresentam uma séria ameaça aos astronautas na órbita baixa da Terra e também aos equipamentos de comunicação como os satélites no espaço. A missão está fazendo as primeiras medidas diretas tanto das fontes de baixa energia, bem como as partículas mais ameaçadoras de altas energias, no ambiente próximo do Sol, onde a aceleração acontece.

Quando a atividade do Sol atinge o seu mínimo, a cada aproximadamente 11 anos, a região equatorial solar emite ventos solares mais lentos, viajando a cerca de 2 milhões de quilômetros por hora, enquanto os polos emitem um vento solar mais rápidos, viajando a cerca de 4 milhões de quilômetros por hora. As chamadas de Stream Interaction Regions, ou SIRs, são criadas pelas interações nas bordas entre o vento solar rápido e lento. Os fluxos que se movem rapidamente tendem a sobrepor os fluxos mais lentos que originam a oeste deles no Sol, formando as chamadas Corotating Interaction Regions, ou CIRs, turbulentas, que produzem ondas de choque e partículas aceleradas, não diferente daquelas produzidas pelas CMEs.

Pela primeira vez os cientistas estão observando as partículas de baixa energia dessas CIRs perto da órbita de Mercúrio. Eles compararam os dados da Parker Solar Probe, com dados da STEREO. Medindo o intervalo completo de populações energéticas e correlacionando os dados com outras medidas, os cientistas esperam ter uma imagem completa da origem e dos processos que aceleram essas partículas. O próximo passo é integrar os dados em modelos para melhor entender a origem das SEPs e de outros materiais. A Parker Solar Probe irá com certeza resolver grandes mistérios sobre o Sol, mas pode ter certeza também que novos mistérios surgirão.

Fonte:

https://phys.org/news/2020-02-team-low-energy-solar-particles-earth.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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