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23 de novembro de 2024

Os Misteriosos Pontos Brilhantes de Ceres Podem Ter A Mesma Origem

Os pontos brilhantes de Ceres, um planeta anão no Cinturão Principal de Asteroides, tem provocado a curiosidade e a especulação desde que a sonda Dawn da NASA os registrou em detalhe em 2015. Agora, parece que todos eles foram formados da mesma maneira, mesmo apesar deles serem feitos de diferentes materiais.

Ceres é marcado com centenas de pontos brilhantes. Uma equipe internacional de astrônomos, liderada por Ernesto Palomba, do National Institute for Astrophysics em Roma, analisou a luz refletida pelos pontos brilhantes, como observado pela sonda Dawn que está na órbita de Ceres, para identificar qualquer diferença entre eles.

“Os pontos brilhantes só são brilhantes se comparados com a superfície de Ceres, que é muito escura”, disse Nathanial Stein, um colaborador no Instituto de Tecnologia da Califórnia. “Se você observasse esses pontos na Terra, ou até mesmo em asteroides, como em Vesta, esses poderiam ainda ser considerados pontos escuros”.

Os maiores e mais brilhantes pontos brilhantes de Ceres, estão localizados na Cratera Occator, porém muitos outros existem. “Quase que todos eles estão associados com crateras de impacto”, disse Stein. A equipe encontrou 90% dos pontos brilhantes em crateras ou em detritos ejetados pela formação das crateras.

Os pesquisadores montaram uma teoria que os pontos são resultado do calor do impacto que derreteu o material na subsuperfície, que então soergueu na superfície criando os pontos brilhantes.

“Há 20 anos, nós diríamos que Ceres era apenas uma rocha grande e redonda, que era igual em toda sua extensão”, explica Andy Rivkin, um astrônomo planetário no Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Maryland. As montanhas e as crateras levaram os cientistas a pensar que Ceres poderia ter um núcleo congelado com um manto feito de uma mistura de rocha e gelo.

Mas esses pontos brilhantes estão contando uma história de um Ceres mais jovem e mais geologicamente ativo do que os próprios pesquisadores imaginavam. Isso porque acreditava-se que o material ejetado pelos impactos se misturasse eventualmente e criasse uma superfície uniforme. “A mistura não tem tempo de ocorrer ainda, isso significa que esses pontos precisam ser jovens”.

Com o passar do tempo, os pontos brilhantes poderiam escurecer com a exposição ao intemperismo espacial que ocorre na superfície, ou porque o material mais escuro está sendo distribuído ao redor de impactos subsequentes.

A maior parte dos pontos brilhantes são feitos basicamente do mesmo material como o resto da superfície de Ceres: carbonatos de cálcio ou magnésio misturado com argila rica em amônia. Mas alguns pontos brilhantes em crateras mais jovens, incluindo excepcionalmente os pontos brilhantes da cratera Occator, são feitos de carbonatos de sódio sem uma grande quantidade de argila de amônia.

Essas são pequenas variações, mas são suficientes para apontar novos caminhos.

“Isso significa que diferentes mecanismos de formação levaram a diferentes composições?”, pergunta Stein, “ou é apenas o produto final diferente de um mesmo processo?” As composições dos pontos brilhantes parecem serem similares o suficiente que eles poderiam ser explicados pelo derretimento de material causado pelo impacto e por um soerguimento, apenas modificados por condições locais na superfície.

“Os carbonatos são interessantes, pois eles são gerados por reações entre a água e os minerais com carbono”, fala Rivkin. Como os pesquisadores não esperam encontrar vida em Ceres, o entendimento dos processos que criaram os carbonatos nos pontos brilhantes ajudará os pesquisadores a pensarem sobre os tipos de reações necessárias para a vida ocorrer em um ambiente hostil.

O próximo passo é construir um modelo computacional de Ceres com base em tudo que os cientistas aprenderam sobre sua composição, e então começar a simular as rochas e tentar ajustar os dados e as condições de contorno com o que se observa hoje nos pontos brilhantes. “Nós temos todas as informações que precisamos”, disse Stein. Agora os pesquisadores precisam descobrir como montar o quebra-cabeça.

E depois disso? “Esses pontos brilhantes seriam quase que certamente onde você desejaria enviar uma próxima missão”, disse Rivkin, sonhando com um futuro onde rovers e landers poderão explorar Ceres.

Fonte:

https://www.newscientist.com/article/2149150-the-mysterious-bright-spots-on-ceres-may-have-a-common-origin/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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