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23 de dezembro de 2024

Os Bastidores da Ciência – Como São Feitas as Imagens do Telescópio Espacial Hubble

As imagens do Hubble são produzidas, não nascem assim. As imagens precisam ser processadas juntas a partir de dados obtidos pelas câmeras do telescópio espacial, elas são limpas, através de filtros que minimizam os ruídos e são definidas cores específicas com o objetivo de se destacar feições de interesse para estudos específicos.

Todos nós ficamos de boca aberta com as fantásticas imagens do Hubble. Elas não são simplesmente fotografias tiradas por câmeras avançadas, mas sim composições digitais feitas de duas ou mais imagens em tons de cinza feitas por diferentes câmeras a bordo do telescópio. O vídeo aqui apresentado mostra como esse processo é feito e o artigo no final do post extraído da revista Sky and Telescope de 2002 conta em detalhes o processamento pelo qual as imagens obtidas pelo Hubble passam.

O vídeo mostra o exemplo de processamento de uma imagem obtida da galáxia NGC 3982, essa é uma galáxia espiral localizada a 68 milhões de anos-luz de distância da Terra na constelação da Ursa Major e a versão final foi gerada a partir da composição de sete imagens em tons de cinza capturadas por três diferentes câmeras do Hubble. O trabalho de processamento digital das imagens levou 10 horas, e incluiu atividades de escalonamento, rotação, alinhamento, processamento de cores e restauração de piles perdidos. A imagem crua nas camadas de tons de cinza registram tanto parte de luz invisível como parte de luz visível, usando o famoso Photoshop, os cientistas podem realçar o que os interessa naquele momento, o produto final é uma imagem assinada por uma equipe de cientistas que utilizou determinados processos para destacar feições previamente selecionadas.

Mas o fato da imagem ter sido processada com o photoshop, não indica que ela é falsa, mesmo que em alguns momentos as imagens pareçam produto da fantasia. E não significa também que se nós estivéssemos em uma nave e pudéssemos ver tudo o que Hubble vê as coisas seriam diferentes.

O processamento digital das imagens apenas transforma os dados brutos recebidos pelo telescópio em um formato que os humanos possam ver. Nossos olhos somente são capazes de registrar uma parte bem limitada do espectro eletromagnético de 390 a 750 nm, enquanto que o Hubble pode ver o espectro óptico, o ultra-violeta e o infravermelho. Nesses outros comprimentos de onda existem muito mais detalhes escondidos do que aqueles que possamos ver com os nossos olhos.

Os cientistas têm o poder de escolher como querem representar a informação ou representá-la de uma maneira que nós podemos observar diretamente. Algumas vezes eles usam representações naturais, que são bem próximas daquilo que veríamos se estivéssemos em uma nave. Outras vezes eles escolhem representar em outras cores, com o objetivo de destacar feições invisíveis do objeto como realçar as feições observadas no ultra-violeta e no infravermelho. Algumas vezes também eles mostram as imagens em cores realçadas um modo não realista mas que traz detalhes realmente surpreendentes e faz das imagens do Hubble verdadeiros tesouros da tecnologia moderna.

Fonte:

http://hubblesite.org/gallery/behind_the_pictures/

http://uk.gizmodo.com/5785905/this-is-how-nasa-photoshops-hubbles-images

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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