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17 de novembro de 2024

Observatório Gemini Faz Uma Bela Imagem da Nebulosa Planetária CVMP 1 – A Ampulheta Cósmica

Nebulosa planetária CVMP 1, a Ampulheta Cósmica, registrada pelo Gemini.

A imagem mais recente feira pelo Observatório Internacional Gemini mostra a interessante nebulosa planetária CVMP 1. Esse objeto é o resultado da morte de uma estrela e embora seja um espetáculo astronômico glorioso é extremamente curto. À medida que a estrela progenitora dessa nebulosa planetária resfria vagarosamente, essa ampulheta celeste vai esgotando o seu tempo e vagarosamente vai se apagando, o que deve acontecer por completo nos próximos milhares de anos.

Localizada a aproximadamente 6500 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Circinus, essa maravilha astronômica se formou durante as fases finais de vida de uma estrela. A CVMP 1 é uma nebulosa planetária, ela emergiu quando uma estrela gigante vermelha velha expeliu suas camadas externas através de um intenso vento estelar. À medida que a atmosfera estelar vagava pelo espaço interestelar, o núcleo quente e exposto da progenitora começou a energizar e ejetar gases que causam todo esse brilho. Isso forma a bela forma de ampulheta capturada nessa observação feita pelo Observatório Internacional Gemini, uma instalação do National Optical-Infrared Astronomy Research Laboratory do NSF.

Nebulosas planetárias como a CVMP 1 são formadas somente por determinados tipos de estrelas, elas precisam ter entre 0.8 e 8 vezes a massa do Sol. Estrelas menos massivas, fazem a transição para anãs brancas no final de sua longa vida, e se apagada, enquanto que estrelas mais massivas vivem rápido e morrem jovens terminando suas vidas em explosões de supernovas. Para as estrelas localizadas entre esses dois extremos, contudo, o final da vida é esticado um pouco mais e existe uma fase intermediária que é a de nebulosa planetária como é mostrada nessa imagem. Infelizmente, o espetáculo da nebulosa planetária é breve, esses objetos duram cerca de 10 mil anos, um piscar de olhos perto do tempo de vida dessas estrelas que é de bilhões de anos.

Essas nebulosas planetárias de vida curta se apresentam numa miríade de forma e tamanho, e algumas delas possuem formas particulares bem definidas, como a Nebulosa da Hélice, que aparece no final desse post, numa imagem feita em 2003 combinando dados do OIR Lab no Observatório Nacional de Kitt Peak, com dados do Telescópio Espacial Hubble. A grande diversidade de formas existe, por conta da diversidade das estrelas progenitoras, cujas características podem influenciar de forma determinante o resultado final da nebulosa planetária. A presença de uma estrela companheira, planetas na sua órbita, ou até mesmo a rotação da estrela gigante vermelha original pode ajudar a determinar a forma da nebulosa planetária, mas nós não sabemos ainda em detalhe como são os processos que esculpem esses belos objetos astronômicos.

Mas a CVMP 1 é mais intrigante ainda. Os astrônomos descobriram que os gases que fazem parte da ampulheta são altamente enriquecidos em hélio e nitrogênio, e que a CVMP 1 é uma das maiores nebulosas planetárias existentes. Essas pistas sugerem que a CVMP 1 é altamente desenvolvida, fazendo dela o laboratório ideal para os astrônomos entenderem o final da vida das estrelas e entenderem também mais sobre as nebulosas planetárias.

Medidas astronômicas têm revelado as características da estrela central da CVMP 1. Medindo a luz emitida do gás na nebulosa planetária os astrônomos puderam inferir que a temperatura da estrela central é de no mínimo 130000 graus Celsius. Apesar dessa temperatura, a estrela está fadada a se esfriar e apagar nos próximos milhares de anos. Eventualmente, a luz que ela emite terá muito pouco energia para ionizar o gás na nebulosa planetária, fazendo com que a ampulheta cósmica mostrada nessa bela imagem, também despereça.

O Observatório Internacional Gemini é composto de telescópios no hemisfério norte e sul do planeta, o que faz com que eles juntos possam acessar todo o céu noturno. Similar a muitos dos grandes observatórios, uma pequena fração do tempo de observação dos telescópios Gemini é dedicada a criar imagens coloridas que podem mostrar a beleza do céu para o público geral. Os objetos são escolhidos pelo seu apelo visual, como essa bela ampulheta cósmica.

Nebulosa planetária da Hélice registrada pelo Kitt Peak e pelo Hubble.

Fonte:

https://nationalastro.org/news/celestial-hourglass/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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