Novos dados obtidos pelo Observatório de Raios-X Chandra, da NASA têm fornecido informações cruciais sobre o ambiente ao redor de uma das supernovas mais próximas da Terra, descoberta em décadas. Os resultados do Chandra fornecem ideias sobre a possível causa da explosão.
No dia 21 de Janeiro de 2014, os astrônomos testemunharam uma supernova logo depois dela ter explodido na galáxia Messier 82, a M82. Os telescópios através do globo e no espaço viraram sua atenção para estudar essa estrela recém explodida, incluindo o Chandra. Os astrônomos determinaram que essa supernova, chamada de SN 2014J, pertence a uma classe de explosão chamada de Supernovas do Tipo Ia. Essas supernovas são usadas como marcadores de distância e têm um papel fundamental na descoberta da expansão acelerada do universo, que tem sido atribuída aos efeitos da energia escura. Os cientistas acreditam que todas as supernovas do Tipo Ia envolvem a detonação de uma anã branca. Uma importante questão é se a fusão na explosão acontecem quando a anã branca puxa muito material de sua estrela companheira, parecida com o Sol, ou quando duas anãs brancas se fundem. A imagem principal desse post contém dados do Chandra, onde os raios-X de baixa, média e alta energia, são mostrados em vermelho, verde e azul, respectivamente. As caixas na parte inferior da imagem mostram visões detalhadas da região ao redor da supernova nos dados obtidos, antes da explosão (esquerda) bem como nos dados obtidos em 3 de Fevereiro de 2014, depois da explosão (direita). A ausência de raios-X detectados pelo Chandra é uma importante pista para os astrônomos procurarem pelo mecanismo exato de como essa estrela explodiu.
A não detecção de raios-X, revela que a região ao redor do local da explosão da supernova é relativamente desprovida de material. Os astrônomos esperam que se uma supernova explode devido a isso ela tem constantemente coletado material de uma estrela companheira antes de explodir, o processo de transferência de massa não seria 100% eficiente, e a anã branca mergulharia numa nuvem de gás. Se uma quantidade significante de material estivesse ao redor da estrela moribunda, a onda de explosão gerada pela supernova teria sido observada quando o Chandra foi apontado para ela, produzindo uma brilhante fonte de raios-X. Como eles não detectaram qualquer raio-X, os pesquisadores determinaram que a região ao redor da SN 2014J é excepcionalmente limpa.
Uma candidata viável para a causa da SN 2014J precisa explicar o ambiente relativamente livre de gás ao redor da estrela antes da explosão. Uma possibilidade é a fusão de duas estrelas do tipo anãs brancas, onde, nesse caso, haveria pouca transferência de massa e poluição do ambiente antes da explosão. Outra é que algumas erupções menores na superfície da anã branca limpou a região antes da supernova. Observações futuras, poucos dias depois da explosão poderiam mostrar a quantidade de gás em um volume maior, e ajudar a decidir entre esses e outros cenários.
Um artigo descrevendo esses resultados foi publicado na edição de 20 de Julho de 2014 do The Astrophysical Journal e pode ser encontrado na íntegra, no final desse post. A primeira autora é Raffaella Margutti do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA) em Cambridge, MA, e os co-autores são Jerod Parrent (CfA), Atish Kamble (CfA), Alicia Soderberg (CfA), Ryan Foley (University of Illinois em Urbana-Champaign), Dan Milisavljevic (CfA), Maria Drout (CfA) e Robert Kirshner (CfA).
Fonte:
http://chandra.si.edu/photo/2014/m82/