Um peculiar e misterioso vidro amarelo foi encontrado no deserto do Egito e na Líbia. Esse vidro é conhecido por milhares de anos e ficou famoso por ter sido usado para fazer um escaravelho para o peitoral do faraó da décima oitava dinastia, Tutancâmon. Por muito tempo, sua origem era incerta, mas agora, os pesquisadores acreditam que finalmente descobriram de onde ele veio.
Como relatado no periódico Geology, o vidro amarelo foi gerado pelo impacto de um meteorito que aconteceu a aproximadamente 29 milhões de anos atrás. Os pesquisadores analisaram os zircões dentro das amostras de vidro encontradas no deserto da Líbia e descobriram que elas devem ter sido derretidas por um impacto. O vidro se forma quando areia é derretida a uma alta temperatura.
“Esse tem sido um tópico de debate, se o vidro se formou durante o impacto de um meteorito, ou se a formação se deu durante uma explosão no ar, que acontece quando um asteroide explode na atmosfera da Terra”, disse o Dr. Aaron Cavosie, da Universidade de Curtin.
“Tanto o impacto de meteoritos como as explosões no ar podem derreter o material, contudo, somente o impacto de meteoritos é capaz de criar ondas de choques que formam minerais em altas pressões, assim, ao encontrar evidências de reidite confirma que ele foi criado como resultado do impacto de um meteorito”. Reidite é um mineral raro formado de zircões que experimentaram altas pressões e altas temperaturas.
O cenário de explosão no ar se tornou particularmente popular, principalmente depois do evento de Chelyabinsk em 2013, quando um bólido explodiu sobre a Rússia e causou estragos em muitos prédios e feriu várias pessoas, cerca de 1491. Essa explosão no ar teve uma energia de 0.5 megatons de TNT, ou algo em torno de 33 vezes a energia da bomba atômica de Hiroshima.
Enquanto isso, a explosão no ar que atingiu as proximidades do Rio Tunguska na Rússia em 1908 e que foi registrado por sismógrafos em Londres, liberou uma energia equivalente a 5 megatons de TNT. Para criar o vidro amarelo encontrado no deserto do Norte da África, a explosão no ar teria que ser 20 vezes mais poderosa, liberando 100 megatons de energia. Então, descobrir que não foi uma explosão no ar que levou à formação do vidro é uma boa notícia para nós.
“Impactos de meteoritos são eventos catastróficos, mas eles não são comuns, pelos menos, os grandes impactos. As explosões no ar acontecem de forma mais frequente, mas nós agora sabemos que não teremos um evento desses capazes de formar o vidro encontrado no deserto da Líbia no futuro próximo, o que nos causa um certo conforto”, explicou o Dr. Cavosie.
É bem interessante ver o Rei Tut, como era conhecido, ter uma joia feita por esse tipo de vidro, já que ele tinha outra conexão com o espaço. Uma de suas adagas foram feitas com ferro, proveniente de um meteorito.
Fonte:
https://www.iflscience.com/space/the-yellow-glass-of-the-sahara-was-created-by-an-asteroid-impact/