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O Que Você Precisa Saber Sobre o Sentinel-6 Michael Freilich

No dia 21 de novembro de 2020, será lançado desde a Base da Força Aérea de Vandenberg, na Califórnia, o mais novo satélite de observação da Terra. Resultado de um parceria histórica entre os EUA e a Europa, o satélite Sentinel-6 Michael Freilich começará sua missão primária de 5 anos e meio, coletando os dados mais precisos até hoje do nível global dos oceanos e dados também sobre o aumento do nível dos mares devido às mudanças climáticas. A missão irá coletar os dados mais precisos da temperatura atmosférica e da umidade, que ajudará e muito em melhorar a previsão do tempo e os modelos climáticos.

O satélite recebe o seu nome em homenagem ao Dr. Michael Freilich, ex-diretor da Divisão de Ciências da Terra da NASA e um dos maiores defensores do uso dos satélites para as medidas dos oceanos. O Sentinel-6, Michael Freilich, foi construído usando o legado da missão Sentinel-3 Copernicus da ESA, e também do legado das missões TOPEX/Poseidon dos EUA e Europa e dos satélites, Jason-1,2 e 3, uma série de satélites que foram usados no passado para realizar medidas dos oceanos. Lançado em 2016, o Jason-3 está atualmente fornecendo dados que foram primeiro adquiridos pela missão TOPEX/Poseidon em 1992.

Os dados desses satélites tornaram-se o padrão para os estudos do nível dos mares a partir do espaço, por mais de 30 anos. Em 2025, o satélite gêmeo do Sentinel-6 Michael Freilich, o Sentinel-6B, está programado para ser lançado, e avançar nesses estudos e nessas medidas por mais meia década.

Esse registro contínuo das observações é essencial para que se possa rastrear o aumento do nível dos mares e entender os fatores que contribuem para isso.

The data from these satellites has become the gold standard for sea level studies from space over the past 30 years. In 2025, Sentinel-6 Michael Freilich’s twin, Sentinel-6B, is scheduled to launch and advance these measurements for at least another half decade. Com o Sentinel-6 Michael Freilich, se tem a garantia que essas medidas irão avançar tanto em quantidade como em precisão. Além de tudo isso, essa missão honra um excepcional cientista e irá dar continuidade aos estudos realizados pelo Dr. Freilich.

Aqui uma pequena lista de coisas importantes que você deve saber sobre a missão.

O satélite irá fornecer informações que irão ajudar os pesquisadores a entenderem como a mudança climática está remodelando a linha de costa na Terra, e o quão rápido isso está acontecendo.

Os oceanos e a atmosfera da Terra estão conectados. O mar absorve mais de 90% do calor armazendo pelo aumento na emissão dos gases do efeito estufa, o que faz com que a água dos mares se expanda. Essa expansão é responsável por cerca de um terço da elevação moderna do nível dos mares, enquanto que a água proveniente do derretimento de geleiras e de calotas de gelo é responsável pelo resto.

A taxa com a qual o nível dos oceanos está se elevando tem acelerado nas últimas décadas, e os cientistas esperam que isso possa acelerar ainda mais nos próximos anos. A elevação do nível  dos mares irá mudar as regiões costeiras e aumentar as inundações causadas por maré e por tempestades. Para entender melhor como a elevação do nível dos oceanos impacta a humanidade, os pesquisadores precisam de registros climáticos por um longo período de tempo, algo que o Sentinel-6 Michael Freilich poderá fornecer.

Esse satélite é um marco para a medida do nível dos oceanos. Será a primeira vez que se tem a capacidade de se desenvolver múltiplos satélites para cobrir uma década completa, reconhecendo que a mudança climática e a elevação do nível dos oceanos está aqui para ficar.

O satélite irá ver coisas que os satélites anteriores não podiam ver.

Monitorando o nível global dos oceanos desde 2001, a séria de satélites Jason, tem sido capaz de rastrear grandes feições do oceano, como o Gulf Stream e os fenômenos climáticos, El Niño e La Niña, eventos esses que se  espalham por milhares de quilômetros.

Porém medir variações menores no nível dos oceanos perto das costas,que podem afetar embarcações, tanto comerciais como pesqueiros é algo que está além da capacidade desse satélite.

O Sentinel-6 Michael Freilich irá coletar medidas de alta resolução. Além disso irá usar uma nova tecnologia como do instrumento Advanced Microwave Radiometer, ou AMR-C, que junto com o altímetro de radar do Poseidon-4 irá permitir que os cientistas possam ver as características mais detalhadas, menores e mais complicadas do oceano, principalmente perto das regiões costeiras.

O Sentinel-6 Michael Freilich é o primeiro conjunto entre a NASA e a ESA em uma missão dedicada às ciências da Terra, e marca o primeiro envolvimento internacional no Copernicus, o Programa de Observação da Terra da União Eruropeia. Ele dá continuidade a uma tradição de décadas de cooperação entre a NASA, o NOAA e parceiros europeus, incluindo a ESA, a Organização Europeia Intergovernamental para a Explotação de Satélites Meteorológicos, a EUMETSAT , e o Centro Nacional Francês para Estudos Espaciais, o CNES.

Essas colaborações internacionais permitem o acesso a um número maior de recursos e experiências científicas. Os pesquisadores publicam milhares de artigos científicos usando dados do nível dos oceanos coletados por uma série de missões de satélites europeus e norte-americanos que começou em 1992 com o lançamento do TOPEX/Poseidon.

Com um maior número de dados coletados sobre a temperatura atmosférica global, a missão ajudará os pesquisadores a entenderem melhor como o clima na Terra está mudando.

A mudança climática não afeta somente a superfície e os oceanos na Terra, ela impacta todos os níveis da atmosfera, desde a troposfera até a estratosfera. Um instrumento a bordo do Sentinel-6 Michael Freilich usa uma técnica chamada de ocultação de rádio para medir as propriedades físicas da atmosfera da Terra.

O Global Navigation Satellite System – Radio Occultation, ou GNSS-RO, rastreia os sinais de rádio dos satélites de navegação que orbitam a Terra. Quando um satélite fica abaixo ou acima do horizonte para a perspectiva do Sentinel-6, seu sinal de rádio passa pela atmosfera. Quando isso acontece, o sinal fica mais lento, a sua frequência muda e a sua trajetória é desviada. Esse efeito é chamado de refração, e esse efeito pode ser usado pelos cientistas para medir as mudanças mínimas na densidade da atmosfera, na temperatura atmosférica e também na sua umidade.

Quando os pesquisadores adicinonam essa informação nos dados de instrumentos similares atualmente no espaço, eles são capazes de entender como o clima da Terra está mudando com o tempo.

Assim como os cientistas precisam de medidas de longo prazo do nível dos oceanos, eles precisam também de medidas de longo prazo das mudanças atmosféricas para poder entender o impacto completo das mudanças climáticas.

O Sentinel-6 Michael Freilich irá ajudar a melhorar a previsão do tempo, fornecendo aos meteorologistas  informações da temperatura atmosférica e da sua umidade.

O altímetro por radar do satélite irá coletar medidas das condições da superfície dos oceanos, incluindo altura das ondas, e os dados coletados pelo GNNS-RO complementará as observações existentes da atmosfera. Essas medidas combinadas darão aos meteorologistas ideias para melhorar as previsões do tempo. Além disso, informações da temperatura e da umidade da atmosfera, bem como da temperatura das camadas superiores dos oceanos, ajudarão a melhorar os modelos que rastreiam a formação e a evolução dos furacões.

O par de satélites Sentinel-6/Jason-CS está sendo desenvolvido em parceria entre a NASA,ESA, EUMETSAT e NOAA, com financiamento da Comissão Europeia e suporte técnico do CNES.

O JPL da NASA desenvolveu três instrumentos científicos para cada satélite Sentinel-6: o AMR-C, o GNSS-RO, e o Laser Retroflector Array. A NASA também está contribuindo para os serviços de lançamento, sistemas desolo, operações de suporte, além de contribuir com o processamento dos dados científicos para dois desses instrumentos, e suporte para o International Ocean Surface Topography Science Team.

Para aprender mais sobre os estudos da NASA com relação à elevação dos níveis dos oceanos, visite:

https://sealevel.nasa.gov

Fonte:

https://www.nasa.gov/feature/jpl/5-things-to-know-about-sentinel-6-michael-freilich

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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