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O Mapa Geológico Completo de Titã

O primeiro mapa geológico global do maior satélite de Saturno, Titã, foi completado, revelando um mundo dinâmico com dunas, lagos, planícies, crateras e outros terrenos. O mapa foi construído tomando como base, os dados da missão Cassini, que realizou mais de 120 sobrevoos por Titã durante o tempo que permaneceu estudando o sistema de Saturno, entre os anos de 2004 e 2017.

Com o tamanho comparável ao do planeta Mercúrio, esse satélite é o único corpo planetário do Sistema Solar, além da Terra, a ter líquido na sua superfície. Mas ao invés desse líquido ser água, como na Terra, em Titã, seus lagos e oceanos são preenchidos por metano e etano.

Esse ciclo hidrológico baseado em hidrocarbonetos tem moldado a complexa paisagem geológica de Titã, dando surgimento a uma variedade de terrenos como pode ser visto no mapa. Entre esses terrenos podemos destacar, planícies, que são vastas e regiões praticamente planas, mostradas em verde no mapa, labirintos, que se refere a regiões tectonicamente afetadas, contendo canais fluviais, mostradas em rosa, terrenos montanhosos, mostrados em laranja no mapa, dunas que são na maioria das vezes lineares e que são produzidas pelos ventos na superfície de Titã, mostradas em roxo, crateras de impacto, mostradas em vermelho, e lagos, atualmente ou anteriormente preenchidos com metano ou etano líquidos, mostrados em azul.

Como está evidente no mapa, diferentes terrenos geológicos possuem uma clara distribuição com relação a latitude, as dunas são mais proeminentes ao redor do equador do satélites, as planícies dominam as regiões de latitude intermediária e os labirintos e lagos nos polos.

Para compilar esse mapa, os cientistas utilizaram uma combinação de dados de radar, visuais, infravermelhos obtidos pela Casini, pois só esses instrumentos conseguiram penetrar pela espessa atmosfera que cobre o satélite. O estudo foi liderado pela brasileira Rosaly Lopes, que trabalha no Jet Propulsion Laboratory e também envolveu o pesquisador da ESA, Anezina Solomonidou. Com esse estudo os pesquisadores puderam também estimar a idade relativa das diferentes unidades, indicando que as dunas e os lagos são relativamente jovens, enquanto que as montanhas são terrenos mais velhos. Os resultados foram publicados na Nature Astronomy, e eu fiz um vídeo explicando bem esse mapa, vou deixar ele no final do post.

O mapa foi feito na projeção Mollwide, e tem uma escala de 1:20000000.

Fonte:

http://www.esa.int/ESA_Multimedia/Images/2019/11/Global_geologic_map_of_Titan#.Xdvicu_-ALY.link

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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