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21 de dezembro de 2024

O Hexágono de Saturno É Finalmente Explicado

Os maravilhosos e chamativos anéis de Saturno não são as únicas características que tornam esse planeta especial.

Saturno tem também uma feição de seis lados no seu polo norte, que os cientistas notaram pela primeira vez quando a sonda Voyager 2 da NASA passou pelo planeta em 1981. Conhecida como o Hexágono de Saturno, essa característica do planeta é ao mesmo tempo maravilhosa e estranha, um estranho fenômeno que só aparece no polo norte do planeta. Em um novo estudo, um grupo de pesquisadores investigou a dinâmica do gás de Saturno, para tentar entender que tipo de dinâmica de fluidos planetária estaria criando essa magnífica estrutura.

Para entender isso, os pesquisadores realizaram uma simulação computacional que durou um mês para rodar, para entender então a física por trás do Hexágono de Saturno.

De acordo com o estudo, os fluxos atmosféricos dentro de Saturno criam vórtices grandes e pequenos perto do polo norte do planeta. Um forte jato horizontal, que tem sua origem na latitude de 60 graus acima do equador é pinçado e confinado por esses vórtices, o que define o anel do hexágono.

Um dos pontos do estudo foi apontar que os vórtices existem, mas surgem bem abaixo dos topos das nuvens e por isso são invisíveis para as sondas que sobrevoaram Saturno como a Voyager 2, e, mais recentemente, pela missão Cassini da NASA. Depois que os dados da Voyager 2 chegaram na Terra, os cientistas criaram a hipótese de que o hexágono poderia ter sido causado por ciclones na subsuperfície, como sugere esse novo estudo.

Embora as observações que a Cassini fez de Saturno de 2004 até 2017 ajudem os cientistas a aprenderem mais sobre a dinâmica de fluidos do planeta, a teoria sobre vórtices profundos, não ganhou muita força quando a sonda não conseguiu captar sinais da sua existência.

Os pesquisadores realizaram simulações de profundas e turbulentas convecções compressíveis, um fenômeno que acontece quando o material na base de uma substância, seja ela,  líquida ou gasosa é espessa e composta por várias camadas, está quente na base e frio no topo. Essa diferença de temperatura faz com que o material se mova num movimento circular de cima para baixo. A convecção é um processo comum na natureza, e na Terra, por exemplo, é a responsável pela formação de furacões e tornados.

Os pesquisadores falaram que o fenômeno é similar ao que acontece quando você coloca água fria numa chaleira, e começa a esquentar. O calor da base da chaleira aquece a água que transfere o calor para a superfície mais fria.

Na simulação, os pesquisadores capturaram a física por trás do hexágono do polo norte de Saturno e ofereceram a possibilidade que no passado, Saturno possa ter tido um hexágono no polo sul e não no norte, ou talvez um hexágono em cada polo.

A simulação não chegou a realizar uma forma hexagonal, ela produziu um objeto angulado com 9 lados ao invés de seis. Mas a mecânica por trás dessa simulação, sugere que os vórtices profundos sejam os responsáveis pela feição geométrica. É bem possível que com diferentes condições seja fácil chegar na forma de 6 lados ao invés de 9.

As simulações computacionais foram desafiadoras para serem rodadas e os pesquisadores só puderam fazer pequenos estudos dentro dos parâmetros existentes. Os pesquisadores esperam poder rodar mais casos no future para entender melhor ainda essa bela marca do planeta Saturno.

Fonte:

https://www.space.com/saturn-hexagon-subsurface-vortexes.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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