O bicentenário de Charles Darwin, celebra o homem que anunciou a seleção natural e mudou a visão do mundo sobre a evolução das espécies. Porém, suas contribuições para a geologia não podem ser esquecidas.
O dia 12 de fevereiro marcou o aniversário de 200 anos de nascimento de Charles Darwin. Há poucos dias atrás, dia esse lembrado nesse blog, se comemorou o dia de Darwin, o dia que marcou os 150 de publicação do livro A Origem das Espécies. Com isso, de maneira óbvia, toda a atenção está voltada para as contribuições que o cientista deu para o entendimento da evolução da vida no planeta Terra. Contudo, Charles Darwin, possui contribuições também importantes em outras áreas da ciência.
Darwin, como muitos dos intelectuais de sua época possuía um grande conhecimento em diferentes áreas das ciências naturais, como medicina, teologia entre outras. Quando ele embarcou em sua primeira viagem a bordo do HMS Beagle ele levava além do seu instrumento de recolher espécies animais, uma edição do livro Princípio de Geologia, de Charles Lyell. A viagem do Beagle o levou a a observar paisagens que instigavam indagações geológicas. Uma vez, ele deparou com rochas no alto de uma montanha em Santiago, Cabo Verde, que estavam acima do nível do mar, porém estavam repletas de fósseis marinhos. A medida que a jornada continuava, Darwin acumulava observações que o levaram a concordar com a teoria de Lyell, de que a superfície da Terra foi moldada por mudanças graduais que eram observadas atualmente, esse princípio ficou conhecido mais tarde como Uniformitarialismo. Na época de Darwin, tal idéia ia de encontro com a teoria geológica que defendia a formação da paisagem terrestre por meio de eventos catastróficos.
As cartas de Darwin, escritas para o seu mentor John Stevens Henslow, um professor de botânica da Universidade de Cambridge, forma lidas posteriormente pela Sociedade de Filosofia de Cambridge e descreviam suas observações do levantamento dos Andes, bem como interpretações sobre as atividades ígneas e outras observações. Darwin fez notas extensas sobre a geologia ativa da América do Sul e publicou 3 livros sobre o assunto (todos eles anteriores a sua publicação sobre evolução). Esses trabalho geológicos de Darwin, já o mostravam como um pensador independente, não impressionado pela opinião da maioria, uma qualidade importante e que teve boas consequências para o seu trabalho posterior sobre a evolução das espécies.
A fauna exuberante e as formações de recifes de coral, chamaram uma atenção especial de Darwin. Uma das suas primeiras publicações foi entitulada: “A Estrutura e a Distribuição dos Recifes de Coral”, o manuscrito descreve os atóis encontrados por Darwin no Oceano Pacífico. Atóis eram lagoas rasas circundadas por grandes recifes de corais que pareciam emergir do oceano profundo.
A teoria prevalecente na época assegurava que os atóis eram formados como os corais que tinham raízes e cresciam nas crateras submarinas. Em todas as suas viagens Darwin nunca encontrou nada que pudesse explicar a presença de crateras tão grandes e de forma tão estranhas nos oceanos. Ao invés de concordar com a teoria vigente, Darwin olhou para as ilhas rodeadas por recifes de coral, como as Ilhas Maldivas. Ele escutou histórias dos residentes que falavam de terremotos e de erosão. Com isso Darwin propôs uma nova teoria, que dizia que a medida que essas ilhas afundavam, os recifes de coral que as moldava cresciam e eventualmente surgiam na superfície. Após algum tempo a ilha poderia desaparecer, mas os recifes continuariam a compensar o nível médio dos mares com o seu crescimento. Muitas das teorias geológicas de Darwin, foram substituídas pela teoria das placas tectônicas. Contudo, seu trabalho sobre os recifes de coral ainda persiste.
Como viajou ao redor do mundo coletando fósseis e observando a fauna e a flora ao seu redor, Darwin nunca negligenciou buscar entender e observar a geologia dos lugares que visitou.
(Fonte: Nature Geoscience, 2, 81 (2009))