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O Fenômeno La Niña Se Mostra Forte em Dezembro de 2010

Os pescadores peruanos o chamaram de El Niño em homenagem a Jesus Cristo pois o fenômeno climático normalmente se apresentava próximo à época de natal. Mas o verdadeiro presente para os pescadores é a contrapartida do El Niño, ou seja o fenômeno conhecido como La Niña, que trás uma água fria e rica em nutrientes para o oceano Pacífico equatorial e para a América do Sul. Esses nutrientes causam uma explosão na vida marinha, ajudando a manter uma grande população de peixes e consequentemente aumentando a atividade econômica da pesca na região. Os pescadores podem esperar uma bom ano pela frente, já que um versão forte do La Niña está dominando o Oceano Pacífico.

“Esse é um dos eventos La Niña mais forte já registrado nos último cinquenta anos, e provavelmente persistirá durante o verão no hemisfério norte”, disse Bill Patzert, um oceanógrafo e climatologista do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. “Os impactos climáticos incluem chuvas pesadas e inundações, que vão causar destruição nas plantações e nas minas alagadas da América do Sul e condições de seca na Argentina. Essa poderosa pequena senhora espalha seus efeitos por todo o planeta. Ela é bem real”.

O sinal de água fria do La Niña pode ser visto nas duas imagens superiores. A imagem a esquerda mostra as temperaturas na superfície do oceano em 15 de Dezembro de 2010, como foi medida pelo Advanced Microwave Scanning Radiometer para o EOS (AMSR-E) a bordo do satélite Aqua da NASA. Em Dezembro de 2010, a temperatura da superfície do mar foi mais fria do que a média registrada no Pacífico equatorial.

A imagem a direita mostra o calor contido na superfície do oceano entre 14 e 16 de Dezembro de 2010, como observado pelo satélite U.S.-French Ocean Surface Topography Mission (OSTM)/Jason-2. A água se expande à medida que é aquecida, desse modo a água mais quente tem uma elevação superficial maior do que a água mais fria. O vale azul que cruza o meio da superfície do mar é a assinatura do La Niña. A intensidade da água fria e a profundidade e extensão do vale aponta para um evento intenso.

Como o El Niño, o La Niña, surge das mudanças tanto no oceano como na atmosfera. A alta pressão normalmente domina a atmosfera sobre o Pacífico leste, enquanto que a baixa pressão tende a reinar na parte oeste. A diferença de pressão cria ventos, que sopram a superfície da água através do Pacífico equatorial em direção a uma piscina de água quente no oeste. A água profunda mais fria é levada para cima substituindo a água superficial. Durante os eventos de La Niña, a diferença de pressão é os ventos resultantes são mais fortes. O vento mais intenso empurra mais água para oeste, que aquece o norte da Austrália. Enquanto isso, mais água fria toma conta do Pacífico central e leste.

O La Niña ocorre somente quando tanto o oceano como a atmosfera mudam conjuntamente, e em 2010, eles estão fazendo isso, disse o oceanógrafo David Adamec do Goddard Space Flight Center da NASA. A temperatura incomum e o desajuste na pressão do ar altera os padrões climáticos ao redor do mundo.

A imagem inferior mostra alguns padrões climáticos incomuns que o La Niña proporcionou em Dezembro de 2010, como observado pelo Tropical Rainfall Measuring Mission (TRMM) entre 23 de Novembro e 23 de Dezembro de 2010. A imagem mostra o total de chuva comparado com a média de chuva para o período com a chuva acima da média em azul e menor do que a média em marrom.

“Os efeitos climáticos são fortes no Pacífico oeste”, disse Adamec. “A Austrália está inundada depois de anos”. Os padrões de chuva do La Niña são também evidentes na região em forma de ferradura que mostra um clima incomumente seco no Pacífico central.

O La Niña normalmente afeta os padrões do clima na América do Norte começando em Janeiro. “Para efeitos normais no EUA procura-se por frio nas terras altas superiores, clima quente e seco na Califórnia, clima seco no sudeste especialmente na Flórida e um clima incomumente encharcado no nordeste”, disse Adamec.

Pelo fato de uma larga faixa do Pacífico estar fria, o La Niña tende a manter as temperaturas globais sobre controle, contudo, o ano de 2010 ainda é o mais quente registrado apesar da atuação do La Niña, de acordo com os cientistas do Goddard Institute for Space Studies.

Fonte:

http://earthobservatory.nasa.gov/IOTD/view.php?id=48141

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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