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23 de dezembro de 2024

O Encontro Rasante de Duas Galáxias Espirais

Na direção da constelação de Canis Major, duas galáxias espirais passam perto uma da outra como se fossem dois barcos na noite. A colisão tem sido registrada em imagens pela Wide Field Planetary Camera 2 do Telescópio Espacial Hubble da NASA. A maior e mais massiva galáxia está catalogada como NGC 2207 (e está a esquerda na imagem do Hubble), e a menor à direita é a IC 2163. Fortes forças de maré da NGC 2207 têm distorcido a forma da IC 2163, retirando dela estrelas e gás por meio de grandes e longas correntes que se esticam por centenas de milhares de anos-luz em direção à borda direita da imagem. Simulações de computadores realizadas por uma equipe de cientistas liderada por Bruce e Debra Elmegreen, demonstraram a a calma com que as colisões galácticas ocorrem. Em adição às imagens do Hubble, medidas feitas com o Very Large Array Radio Telescope da National Science Foundation no Novo México revelaram o movimento das galáxias e dessa forma foi possível reconstituir a colisão. Os cálculos indicaram que a IC 2163 está dançando e passando na direção anti-horária, sendo que a maior aproximação aconteceu a 40 milhões de anos atrás. Contudo, a IC 2163 não tem energia suficiente para escapar da força gravitacional da NGC 2207 e seu destino é então ser puxada de volta e então encontrar novamente com a galáxia maior no futuro. A alta resolução da imagem do Huble revela linhas de poeira nos braços espirais da NGC 2207, que claramente mostram sua silhueta quando observados contra a IC 2163, que está no plano de fundo. O Hubble também revelou uma série de filamentos de poeira se estendendo como finas pinceladas ao longo do material gravitacionalmente esticado no lado direito. A grande concentração de gás e poeira em ambas as galáxias pode muito bem entrar em erupção e formar regiões ativas de formação de estrelas em um futuro próximo. Aprisionadas em sua órbita mútua, as duas galáxias continuarão a se distorcer e a se corromper mutuamente. Eventualmente, daqui a bilhões de anos, elas poderão se fundir formando uma só galáxia. Acredita-se hoje que muitas galáxias incluindo a própria Via Láctea se formaram por processos similares de agregação entre galáxias ocorridos a bilhões de anos atrás.

Fonte:

http://www.nasaimages.org/luna/servlet/detail/NVA2~8~8~12994~113535?

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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