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22 de dezembro de 2024

O Drama do Nascimento das Estrelas

Uma nova imagem obtida com o Very Large Telescope do ESO permite-nos ver de perto os efeitos dramáticos que as estrelas recém nascidas têm no gás e poeira a partir dos quais se formam. Embora as estrelas propriamente ditas não sejam visíveis, o material que ejetam colide com as nuvens de gás e poeira circundantes criando uma paisagem surrealista de arcos, manchas e riscas brilhantes.

A região de formação estelar NGC 6729 faz parte duma das maternidades estelares mais próximas da Terra e é por isso uma das mais bem  estudadas. Esta nova imagem obtida com o Very Large Telescope do ESO dá-nos uma visão detalhada de uma parte desta estranha e fascinante região. Os dados foram selecionados a partir do arquivo ESO pelo participante do concurso Tesouros Escondidos Sergey Stepanenko. A imagem da NGC 6729 de Sergey ficou classificada em terceiro lugar neste concurso.

A formação de estrelas no interior de nuvens moleculares e os primeiros estágios do seu desenvolvimento não podem ser observados por meio de telescópios ópticos, devido ao obscurecimento por parte da poeira. Nesta imagem temos estrelas muito jovens no canto superior esquerdo que, embora não se possam ver diretamente, dominam a imagem pelos distúrbios que geram na sua vizinhança. Jatos de matéria lançados pelas estrelas bebês viajam a velocidades tão altas como um milhão de quilômetros por hora chocando violentamente com o gás circundante e criando ondas de choque. Estes choques fazem com que o gás brilhe intensamente e criam brilhantes e coloridos arcos e manchas de forma estranha, conhecidos como objetos Herbig-Haro.

Nesta imagem os objetos Herbig-Haro  formam duas linhas que marcam as direções prováveis do material ejetado. Uma estende-se da região superior esquerda ao centro inferior, terminando no grupo circular brilhante de arcos e manchas que aí se encontra. A outra começa próximo do canto superior esquerdo da imagem estendendo-se em direção ao centro direito. A estranha mancha brilhante em forma de cimitarra situada em cima à esquerda deve-se muito provavelmente à radiação estelar que é refletida pela poeira, não sendo por isso um objeto Herbig-Haro.

Esta imagem a cores foi criada a partir de imagens obtidas com o instrumento FORS1 montado no Very LargeTelescope do ESO. As imagens foram obtidas através de dois filtros diferentes que isolam a radiação que vem do hidrogênio brilhante (a laranja) e do enxofre ionizado brilhante (a azul). As diferentes cores nas diferentes partes desta região de formação estelar violenta refletem condições diferentes – por exemplo, onde o enxofre ionizado  brilha intensamente (a azul) as velocidades do material que colide são relativamente baixas –  ajudando os astrônomos a compreender o que se passa nesta cena dramática.

Fonte:

http://www.eso.org/public/news/eso1109/

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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