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17 de setembro de 2024

O Dióxido de Carbono é o Responsável Por Controlar a Temperatura na Terra

O vapor d’água e as nuvens são os maiores contribuintes para o efeito estufa da Terra, mas um novo  estudo de modelagem climática que estuda a interação oceano-atmosfera mostra que a temperatura do planeta depende em última escala do nível de dióxido de carbono na atmosfera.

O estudo conduzido por Andrew Lacis e colegas do Goddard Institute for Space Studies (GISS) da NASA em Nova York, examinou a natureza do efeito estufa da Terra e esclareceu o papel que os gases de efeito estufa e as nuvens tem na absorção da radiação infravermelha emitida. De forma notável a equipe identificou que gases de efeito estufa sem condensação – como dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, ozônio e os clorofluorcarbonetos – são os que contribuem de forma primordial para o efeito estufa da Terra.

Sem os gases de efeito estufa sem condensação, o vapor d’água e as nuvens não seriam capazes de fornecer os mecanismos que retroalimentam e amplificam o efeito estufa. Os resultados desse estudo são publicados na edição de 15 de Outubro de 2010 da revista Science e o artigo pode ser encontrado aqui: http://tecnoscience.squarespace.com/arquivo/dioxido-de-carbono-controla-a-temperatura-na-terra/

Um estudo liderado por Gavin Schmidt que foi aceito para publicação no Journal of Geophysical Research mostra que o dióxido de carbono é responsável por 20% do efeito estufa, o vapor d’água e as nuvens juntos são responsáveis por 75% e gases menores e aerossóis são responsáveis pelos 5% restantes. Contudo, são os 25% de componente de gases não condensados de efeito estufa que inclui o dióxido de carbono, que são responsáveis por sustentar o efeito estufa da Terra. Por essa conta, o dióxido de carbono é responsável por 80% do forçamento radioativo que sustenta o efeito estufa do planeta.

O experimento climático descrito na Science foi simples tanto em desenho como em conceito – todos os gases não condensados de efeito estufa e aerossóis foram zerados e o modelo climático global foi então iniciado para ver o que iria contribuir para o efeito estufa. Sem o apoio sustentado pelos gases não condensados de efeito estufa, o efeito estufa da Terra entrou em colapso à medida que o vapor d’água rapidamente precipitou da atmosfera, mergulhando a Terra modelada em um estado bloqueado pelo gelo – uma clara demonstração de que o vapor d’água que embora contribua com 50% do total do aquecimento causado pelo efeito estufa, age na verdade como um processo de retroalimentação e como tal não pode por si só manter o efeito estufa do planeta.

“Nossa simulação e modelagem climática deveria ser vista como um experimento da física atmosférica, ilustrando o problema de causa e efeito que nos permite a ter um melhor entendimento dos mecanismos que trabalham no efeito estufa da Terra e nos permitindo demonstrar a relação direta existente entre o aumento do dióxido de carbono atmosférico e o aumento da temperatura global”, disse Lacis.

O estudo se ajusta a registros geológicos que mostra que os níveis de dióxido de carbono têm oscilado entre aproximadamente 180 parte por milhão durante as eras glaciais e algo em torno de 280 partes por milhão durante os períodos quentes interglaciais. Como perspectiva, para o aumento de aproximadamente 1 grau Celsius na temperatura global observado no último século, estima-se que a diferença média de temperatura entre os extremos das eras glaciais e interglaciais foi de 5 graus Celsius.

“Quando o dióxido de carbono aumenta, mais vapor d’água retorna para atmosfera. Isso é o que ajuda a derreter as geleiras que uma vez cobriram a cidade de Nova York”, diz David Rind, co-autor do trabalho. “Hoje nós estamos em um território desconhecido à medida que a concentração de dióxido de carbono se aproxima de 390 partes por milhão e o que se tem chamado de período super interglacial”.

“A conclusão é que o dióxido de carbono atmosférico age como um termostato regulando a temperatura da Terra”, diz Lacis. “O Intergovernmental Panel on Climate Change tem totalmente documentado o fato de que a atividade industrial é responsável pelo rápido aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera além de outros gases do efeito estufa. Não é de se surpreender então que o aquecimento global pode estar diretamente relacionado com o aumento observado do dióxido de carbono atmosférico e assim sendo com a atividade industrial humana em geral”.

Fonte:

http://www.nasa.gov/topics/earth/features/co2-temperature.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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