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19 de novembro de 2024

O Brilho Rosa Avermelhado da Formação Estelar

A nuvem de cor rosa avermelhada que se vê nesta nova imagem do Very Large Telescope do ESO é uma região de hidrogênio brilhante que circunda o aglomerado estelar NGC 371. Esta maternidade estelar situa-se na nossa galáxia vizinha, a Pequena Nuvem de Magalhães.

O objeto que domina esta imagem pode parecer uma piscina de sangue derramado. No entanto, em vez de estarem associadas à morte, tais regiões de hidrogênio ionizado – conhecidas como regiões HII – são locais de criação com taxas elevadas de formação estelar recente. NGC 371, aglomerado aberto rodeado por uma nebulosa, é um exemplo disso. Todas as estrelas de um aglomerado aberto têm origem numa mesma região HII difusa, e ao longo do tempo a maior parte do hidrogênio é usado na formação estelar, originando uma concha de hidrogênio, tal como a que observamos na imagem, e um aglomerado de estrelas quentes jovens.

A galáxia hospedeira de NGC 371, a Pequena Nuvem de Magalhães, é uma galáxia anã situada a meros 200 mil anos-luz de distância, o que a torna uma das galáxias mais próximas da Via Láctea. Adicionalmente, a Pequena Nuvem de Magalhães contém estrelas em todas as fases de evolução: desde estrelas jovens muito luminosas como as encontradas em NGC 371, até a restos de supernovas provenientes de estrelas mortas. Estas jovens energéticas emitem enormes quantidades de radiação ultravioleta, o que faz com que o gás circundante, como por exemplo os restos de hidrogênio da sua nebulosa criadora, brilhe intensamente de forma colorida; brilho esse que se estende ao longo de centenas de anos-luz em todas as direções. O fenômeno apresenta-se de forma maravilhosa nesta imagem, obtida com o instrumento FORS1 montado no Very Large Telescope do ESO (VLT).


Os aglomerados abertos não são de modo algum raros: existem numerosos exemplos na nossa Via Láctea. No entanto, NGC 371 tem particular interesse devido à inesperada grande quantidade de estrelas variáveis que contém. Estas estrelas apresentam uma variação periódica do seu brilho. Um tipo particularmente interessante de estrela variável, conhecido como estrelas B pulsantes de período longo, pode também ser utilizado no estudo do interior estelar através de asterosismologia [1]. Confirmou-se que várias destas estrelas existem neste aglomerado. As estrelas variáveis desempenham um papel fundamental na astronomia: alguns tipos são indispensáveis na determinação de distâncias a galáxias distantes e na determinação da idade do Universo.

Os dados utilizados para compor esta imagem foram selecionados a partir do arquivo do ESO por Manu Mejias, no âmbito do concurso Tesouros Escondidos [2]. Três das imagens submetidas por Manu ficaram entre as primeiras vinte classificadas. A sua imagem de NGC 371 obteve o sexto lugar da competição.

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Notas

[1] A asterosismologia consiste no estudo da estrutura interna de estrelas pulsantes através da observação das diferentes frequências às quais elas oscilam. É uma técnica similar à utilizada no estudo da estrutura da Terra por meio da observação de terremotos e de como as suas oscilações se propagam através do interior do planeta.

[2] O concurso “Tesouros Escondidos do ESO 2010” deu a oportunidade a astrônomos amadores de procurarem no seio dos vastos arquivos de dados astronômicos do ESO, tentando encontrar uma jóia escondida a necessitar de ser polida pelos concorrentes. Os participantes submeteram quase 100 propostas. Foram atribuídos prêmios aos dez melhores concorrentes, sendo o primeiro prêmio uma viagem ao Very Large Telescope do ESO (VLT) situado no Cerro Paranal, no Chile, o telescópio óptico mais avançado do mundo. Os dez vencedores submeteram um total de 20 imagens, as melhores classificadas do concurso.

Mais Informação

O ESO, o Observatório Europeu do Sul, é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é  financiado por 14 países: Áustria, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Itália, Holanda, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronômica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera  o Telescópio Muito Grande (VLT), o observatório astronômico, no visível, mais avançado do mundo e o VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio  ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente. O ESO está planejando o Telescópio Europeu Extremamente Grande, E-ELT, um telescópio de 42 metros que observará na banda do visível e infravermelho próximo. O E-ELT será “o maior olho no céu do mundo”.

Contactos

Gustavo Rojas
Universidade Federal de São Carlos
São Carlos – SP, Brasil
Tel: 551633519795
Email: grojas@ufscar.br

Richard Hook
ESO, La Silla, Paranal, E-ELT and Survey Telescopes Press Officer
Garching bei München, Germany
Tel: +49 89 3200 6655
Email: rhook@eso.org

Este texto é a tradução da Nota de Imprensa do ESO eso1111, cortesia do ESON, uma rede de pessoas nos Países Membros do ESO, que servem como pontos de contacto local para os media em ligação com os desenvolvimentos do ESO, Notas de Imprensa, etc. O representante do nodo português é João Fernandes, do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra. A nota de imprensa foi traduzida por Margarida Serote.

Fonte:

http://www.eso.org/public/brazil/news/eso1111/

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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