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25 de novembro de 2024

O Bizarro Alinhamento das Nebulosas Planetárias

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observatory_1501054Os astrônomos tem usado o Telescópio Espacial Hubble das agências espaciais NASA e ESA e o New Technology Telescope do ESO para explorar mais de 100 nebulosas planetárias no bulbo central da nossa galáxia. Eles encontraram que os membros dessa família cósmica que possuem a forma de uma borboleta tendem a ter um misterioso alinhamento – um resultado surpreendente dado as diferentes histórias e as variadas propriedades.

Os estágios finais da vida de uma estrela como o nosso Sol resulta na estrela expelir suas camadas externas para o espaço ao redor, formando assim, um objeto conhecido como nebulosa planetária, e que aparecem numa grande variedade de belas e intrigantes formas. Um tipo dessas nebulosas, conhecido como nebulosas planetárias bipolares, criam formas fantasmagóricas que se assemelham a ampulhetas ou a borboletas ao redor de suas estrelas mães.

Todas essas nebulosas se formaram em diferentes locais e possuem diferentes características. Nem as nebulosas individuais, nem as estrelas que as formaram, interagem com outras nebulosas planetárias. Contudo, um novo estudo feito por astrônomos da Universidade de Manchester, no Reino Unido, mostra agora surpreendentes similaridades entre algumas dessas nebulosas: muitas delas se alinham no céu da mesma maneira.

“Essa é uma descoberta realmente surpreendente, e se for verdade, uma descoberta muito importante”, explica Bryan Rees, da Universidade de Manchester, e um dos autores do artigo que relata essa descoberta. “Muitas dessas borboletas fantasmagóricas parecem ter seus longos eixos alinhados ao longo do plano da nossa galáxia. Usando imagens tanto do Hubble como do NTT, nós pudemos dar uma boa olhada nesses objetos, assim nós podemos estuda-los em grande detalhe”.

Bipolar planetary nebula PN Hb 12


Os astrônomos observaram 130 nebulosas planetárias no bulbo central da Via Láctea. Eles identificaram três diferentes tipos e espiaram em detalhe suas características e aparências.

“Enquanto duas dessas populações foram alinhadas completamente aleatoriamente no céu, como esperado, nós encontramos um terceiro grupo – as nebulosas bipolares – que mostraram uma preferência surpreendente para um alinhamento particular”, disse o segundo autor do artigo Albert Zijlstra, também da Universidade de Manchester. “Enquanto qualquer alinhamento por si só já é algo surpreendente, tê-los em regiões repletas de estrelas como a parte central da galáxia é algo ainda mais inesperado”.

Acredita-se que as nebulosas planetárias sejam esculpidas pela rotação do sistema estelar de onde elas se formaram. Isso é uma dependência nas propriedades desse sistema – por exemplo, se é um sistema binário, ou se tem um grande número de planetas orbitando, ambas as situações podem influenciar de maneira decisiva a forma da bolha. As formas das nebulosas bipolares são as mais extremas e acredita-se que sejam causadas por jatos que sopram massa para fora, desde o sistema estelar perpendicular a sua órbita.

“Os alinhamentos que nós estamos observando para essas nebulosas bipolares indicam algo bizarro sobre os sistemas estelares no bulbo central da galáxia”, explica Rees. “Para aquelas que se alinham na maneira que nós vemos, os sistemas estelares que formaram essas nebulosas teriam que ter rotacionado perpendicular às nuvens interestelares de onde eles se formaram, o que é algo muito estranho”.

A selection of Hubble’s planetary nebulae


Enquanto que as propriedades das suas estrelas progenitoras dão a forma dessas nebulosas, essa nova descoberta indica outro fator mais misterioso. Juntamente com essas complexas características estelares estão as características da nossa Via Láctea, ou seja, todo o bulbo central rotaciona ao redor do centro galáctico. Esse bulbo pode ter uma influência maior do que se pensava anteriormente sobre toda a galáxia – via seus campos magnéticos. Os astrônomos sugerem que o estranho comportamento das nebulosas planetárias poderia ter sido causado pela presença de fortes campos magnéticos enquanto o bulbo se formava.

Como essas nebulosas mais próximas não se alinham da mesma maneira estranha, esses campos teriam de ter sido muitas vezes mais fortes no passado do que eles são atualmente.

“Nós podemos aprender muito estudando esses objetos”, concluiu Sijlstra. “Se eles realmente se comportam dessa maneira inesperada, isso tem consequência não somente no passado das estrelas individuais, mas também para o passado de toda a galáxia”.


Fonte:

http://www.spacetelescope.org/news/heic1316/

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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