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Núcleos Frios Registrados Pelo Planck

Muitos dos objetos que o Planck observa à medida que vasculha o céu são nuvens compactas de poeira localizadas dentro da Via Láctea. Existem mais de 10000 no total, mas as mais confiáveis de serem detectadas, totalizando 915, foram lançadas no recente Early Cold Core Catalogue. Algumas delas tiveram suas temperaturas estimadas, e são extremamente frias, abaixo dos 10 K (-263 Celsius) e essas representam o estágio inicia da formação das estrelas, fase essa quando um nuvem de poeira começa a colapsar devido a sua própria gravidade. A poeira está emitindo luz em um comprimento de onda submilimétrico, então as três mais altas frequências do Planck são usadas para detectá-las.

Como esperado, muitas delas estão localizadas relativamente próximas ao Sol, num raio de aproximadamente 12000 anos-luz. A maior parte está no plano da galáxia, mas como o Planck está observando todo o céu ele pode detectá-las acima e abaixo do disco principal. “Graças a habilidade do Planck de medir temperaturas extremamente baixas com uma grande precisão e em todo o céu, nós temos a capacidade de rastrear a distribuição da poeira mais fria em grande escala através da Via Láctea”, comentou Ludovic Montier, do Institut de Recherche en Astrophysique et Planétologie (IRAP) em Tolouse na França, que liderou os esforços de compilar e analisar as amostras.

“A maior parte do material frio detectado pelo Planck está organizado em filamentos ou localizado em bordas iluminadas de pilares de gás denso”, notou Mika Juvela da Univeristy of Helsinki na Finlândia, que é co-líder de investigação junto com Ludovic Montier. Muitas delas estão alinhadas com regiões onde as estrelas já se formaram, suportando a teoria de que a formação de um grupo de estrelas pode ser a semente para a formação de outro grupo.

A relativamente baixa resolução angular do Planck não permitiu que ele espiasse esses grupos, nessa fase, é que o Herschel entra para trabalhar. “Graças a alta resolução do Herschel, nós somos capazes de olhar profundamente dentro desses grupos e detectados pelo Planck e então caracterizar suas estruturas de forma detalhada”, explica Isabelle Ristorcelli, também do Institut de Recherche en Astrophysique et Planétoligie (IRAP) que é líder do estudo junto com Mika Juvela da Univeristy of Helsinki.

Estudando a emissão da poeira fria na nossa galáxia é de enorme importância para se entender o comportamento da poeira e do processo de formação de estrelas em outras galáxias. “Os dados coletados dentro da Via Láctea representam um guia local para interpretar o que vemos, com muito menos detalhe em galáxias mais distantes”, explica Dave Clements do Imperial College de Londres, que guiou um estudo baseado em observações do Planck de 500 galáxias próximas localizadas em um raio de alguns bilhões de anos-luz. “Entender o papel da poeira fria na população galáctica local é por sua vez, extremamente útil para calibrar as observações das galáxias que apresentam um desvio para o vermelho muito maior, como as que estão atualmente sendo observadas e estudadas com o Herschel. Juntas, essas duas missões da ESA permitirão aos astrônomos construírem uma conexão da nossa Via Láctea com as galáxias mais apagadas e distantes e descobrindo a evolução da história empoeirada da formação de estrelas nas galáxias através do universo”, diz ele.

O pequeno filme abaixo mostra exemplos de núcleos observados pelo Planck com a resolução maior das imagens obtidas pelo Herschel.

[youtube width=”800″  height =”666″]http://www.youtube.com/watch?v=qJxDFLKvD_U[/youtube]

Fonte:

http://planck.cf.ac.uk/results/cold-cores

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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