“É como se a linha do tempo estivesse colocada na sua frente. Essas galáxias representam o universo como ele era bem antes da Terra ter sido formada”.
Isso foi o que disse Jeff Cooke, um pesquisador de pós-doutorado em física e astronomia na Universidade da Califórnia em Irvine. Os cientistas em Irvine descobriram um aglomerado de galáxias que está nos estágios iniciais de formação a uma distância de 11.4 bilhões de anos-luz da Terra – o mais distante desse tipo de aglomerados já detectados. Essas galáxias são tão distantes que o universo estava na sua infância quando a luz delas foi emitida.
O proto-aglomerado de galáxias denominado de LBG-2377, está dando aos cientistas uma oportunidade sem precedentes na história de observar a formação de galáxias e como o universo se desenvolveu. Antes dessa descoberta, o aglomerado mais distante conhecido estava localizado a 9 bilhões de anos-luz de distância da Terra.
Usando o Telescópio Keck II do Havaí, Cooke detectou o LBG-2377 enquanto observava galáxias separadas. No começo pareceu ser um único objeto brilhante. Mas após analisar o comprimento de onda da sua luz ele descobriu que existiam na verdade que existiam três galáxias fundidas e provavelmente duas outras galáxias menores.
Os cientistas usam a luz para olhar para o passado. Pelo fato da luz ser uma medida da quantidade do tempo viajado, a detecção hoje na Terra permite aos cientistas observar como era a sua fonte a bilhões de anos atrás. No caso do LBG-2377, os cientistas acreditam que a luz viajou por 11.4 bilhões de anos, começando sua jornada apenas alguns bilhões de anos após o Big Bang quando o universo tinha somente 15% da sua idade atual. Para se ter como comparação a Terra, por exemplo, se formou a 4.5 bilhões de anos atrás.
O processo de formação de galáxias é um grande mistério. A teoria atual diz que grandes galáxias se formam com o tempo à medida que ocorrem fusões com galáxias menores. Esse processo começou a mais de 12 bilhões de anos atrás, pouco depois do Big Bang. Os cientistas têm observado galáxias se fundirem em um intervalo de tempo e de distâncias grandes, fornecendo fortes evidências para a teoria. Contudo usando a tecnologia atual disponível é difícil detectar esse processo na maioria das distâncias extremas, quando o processo de formação de galáxias estava no começo.
Os cientistas acreditam que os aglomerados de galáxias se formam de maneira similar. À medida que as galáxias se juntam e interagem em grandes e densas regiões do espaço, o aglomerado começa então a crescer com o tempo. Testemunhar esse processo ajuda os cientistas a confirmarem suas teorias e entender de maneira mais profunda o que realmente acontece com o universo. Aglomerados de galáxias podem ser detectados em distâncias extremas com a tecnologia atual pois eles são brilhantes, embora sejam difíceis de serem encontrados.
Aglomerados próximos da Terra possuem mais de 1000 galáxias. Nossa Via Láctea pertence a um grupo pequeno de galáxias chamado de Grupo Local que possui 35 galáxias mas somente algumas são brilhantes.
“Nós acreditamos que o LBG-2377 é uma semente que eventualmente irá crescer se tornando um aglomerado de galáxias massivo”, disse James Bullock, diretor do Centro para Cosmologia da UCI e o co-autor do trabalho.
“Nossos achados sugerem que essa seja uma estrutura monstruosa que está nascendo em um evento catastrófico muito brilhante com uma grande quantidade de matéria e gás colapsando”, disse Bullock. “Nós não estamos vendo uma galáxia solitária. Nós estamos vendo um conjunto de galáxias brilhantes se unindo para formar uma gigantesca estrutura no universo”.
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