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Novas Idades Para Velhas Rochas na Lua

A contagem de crateras é uma tarefa mundana e chata que apesar de tudo resulta em informações que são críticas para se entender a história da Lua. Quanto mais velha é a superfície da Lua por mais tempo ela tem ficado exposta aos eventos de impacto e de formação de crateras. Assim sendo, os cientistas lunares contam o número de crateras de impacto em uma área para estimar a idade da formação em estudo. As idades determinadas são chamadas de modelo de idades, e são diferentes das idades reais pois essa conversão de idades depende de modelos matemáticos de quão rapidamente a taxa de formação de crateras diminuiu com o passar da história lunar, qual a distribuição das velocidades dos impactos e quais as correções que são necessárias serem feitas devido ao fato de que a Terra pode ter atraído de gravitacionalmente os projéteis  que por outro lado erraram a Lua. Felizmente as amostras trazidas pela missão Apollo foram datadas radiometricamente nos laboratórios na Terra fornecendo assim um parâmetro de calibração, mas não foi possível pousar em todas as lavas da Lua de diferentes idades para que se pudesse calibrar de forma confiante as rochas com idades inferiores a 2 bilhões de anos. Esse gráfico é a última tentativa para se determinar o modelo de idades para os mares no hemisfério oeste da Lua. Ele é baseado na contagem de crateras nas imagens obtidas em alta resolução pela Terrain Camera da sonda Kaguya, que tem uma resolução e uma cobertura muito melhor do que a sonda Lunar Orbiter IV, que obteve as imagens usadas em um trabalho similar anterior. De acordo com esses resultados não existem lavas com idades inferiores a 1.2 bilhão de anos, esse número entra em contraste com estimativas prévias que sugerem idades entre 0.8 e 1.0 bilhão de anos. Por outro lado os resultados são similares aos anteriores com as lavas mais jovens na parte Leste do Procellarum e algumas áreas em amarelo que fluíram para o centro do Mare Imbrium. Existem muitas coisas para se pensar, por exemplo, as camadas do topo das lavas no Imbrium levaram 800 milhões de anos para preencher toda a bacia de forma vagarosa. Além disso, o material do mar no interior da cratera Plato é algumas centenas de milhões de anos mais jovem do que a maioria das lavas do leste da Imbrium, embora sempre se assumisse que elas tinham a mesma idade.

Fonte:

https://lpod.wikispaces.com/June+29%2C+2011

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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