Os autores encontraram que a densidade de matéria (Ωm) é 0.3138±0.0086, a constante de Hubble (H0) é 68.23 ± 0.78 km s−1 Mpc−1, e a amplitude de flutuação de massa (σ8) é 0.688±0.026. Esses resultados indicam que a estrutura cósmica em redshifts baixos está suprimida em relação ao modelo de concordância ΛCDM do Planck em um nível de 4.5σ. Isso sugere que pode haver sistemáticas residuais nos dados ou que são necessários mais esforços de modelagem para restaurar a concordância cosmológica.
O artigo também explora as implicações desses dados para a recente preferência do DESI BAO (Dark Energy Survey Instrument Baryon Acoustic Oscillations) por energia escura dinâmica (DDE). A combinação dos dados do BOSS com DESI BAO e supernovas PantheonPlus não mostra preferência por DDE, mas indica a mesma supressão de estrutura de aproximadamente 10%, com a energia escura sendo consistente com uma constante cosmológica em um nível de confiança de 68%.
Os autores discutem várias anomalias nos dados cosmológicos, como a tensão de Hubble, que é a aparente discordância entre as medições diretas e indiretas da constante de Hubble (H0), e a discrepância entre as sondas diretas e indiretas do crescimento da estrutura, codificada pela amplitude de flutuação de massa (σ8) ou pelos parâmetros relacionados ao crescimento da estrutura (S8 e fσ8). Essas discrepâncias são observadas em múltiplos conjuntos de dados independentes de redshift baixo, como contagens de aglomerados, medições de lenteamento fraco, correlações cruzadas de lenteamento CMB e agrupamento de galáxias no espaço de redshift.
A análise independente dos dados de agrupamento de galáxias do BOSS, combinada com o lenteamento CMB do Planck, visa ligar a possível tensão σ8 encontrada nesses dados com as indicações de DDE relatadas pelo DESI. Os autores utilizam metodologias desenvolvidas em trabalhos anteriores para medir o espectro de potência tridimensional e os multipolos do bispectro do BOSS, além dos dados de BAO pós-reconstrução. Eles também incluem a correlação angular cruzada entre as galáxias do BOSS e o lenteamento CMB do Planck.
Os resultados mostram que, quando combinados com um prior BBN (Big Bang Nucleosynthesis) na densidade de bárions, esse conjunto de dados fornece uma medição da amplitude de agrupamento de matéria (σ8) discrepante com o valor de concordância do Planck em um nível de 4.5σ. Isso representa a evidência mais forte para a tensão σ8 a partir do conjunto de dados do BOSS até o momento.
Na segunda parte do artigo, os autores abrem o espaço de parâmetros para restringir a DDE e explorar se a tensão σ8 pode ser explicada pelo modelo DDE sugerido pela combinação DESI+Supernovas e CMB. Eles analisam os dados do BOSS e do lenteamento descritos anteriormente, os dados DESI BAO em redshift z > 0.8 e os dados de supernovas PantheonPlus assumindo o modelo DDE. Os resultados mostram que a DDE não restaura a concordância entre os dados de agrupamento de galáxias e o CMB primário. Os valores ótimos de σ8 na análise DDE ainda estão em tensão de 4.5σ com o Planck, embora o H0 seja consistente com o Planck e não com o valor implícito pela escada de distância calibrada por Cefeidas.
Os autores concluem que as tensões internas entre os conjuntos de dados parecem puxar os parâmetros cosmológicos em direções não correlacionadas entre si, o que pode motivar mais esforços do ponto de vista da construção de modelos, bem como buscas por efeitos sistemáticos na combinação completa dos dados de grande escala.
Em resumo, o artigo apresenta uma análise detalhada dos dados de agrupamento de galáxias do BOSS e suas implicações para a formação de estruturas e a energia escura, destacando a necessidade de mais investigações para resolver as tensões observadas nos parâmetros cosmológicos.
Em conclusão, a análise detalhada dos dados de agrupamento de galáxias do BOSS, combinada com medições de lenteamento gravitacional da CMB, revelou uma tensão significativa na amplitude de flutuação de massa (σ8) em relação ao valor de concordância do modelo ΛCDM do Planck. Esta discrepância sugere que a estrutura cósmica em redshifts baixos está suprimida, levantando questões sobre a precisão dos modelos atuais ou a presença de sistemáticas residuais nos dados. Além disso, a investigação sobre a energia escura dinâmica (DDE) não mostrou evidências convincentes de que ela possa resolver essa tensão, indicando que a energia escura ainda é consistente com uma constante cosmológica.
Esses resultados destacam a necessidade de mais esforços tanto na construção de modelos teóricos quanto na busca por possíveis sistemáticas nos dados cosmológicos. A persistência das tensões observadas entre diferentes conjuntos de dados sugere que pode haver novos aspectos da física a serem descobertos. Estudos futuros, utilizando dados mais robustos e técnicas aprimoradas, serão essenciais para esclarecer essas discrepâncias e avançar nossa compreensão sobre a formação de estruturas e a natureza da energia escura no universo.
Fonte:
https://journals.aps.org/prl/abstract/10.1103/PhysRevLett.133.231001
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