Titã, a lua de Saturno tem muitos mistérios. Podemos, por exemplo, perguntar se a superfície e o interior de Titã recentemente ferveram como um caldeirão de vulcões de gelo, ou teria essa distante lua ficado fria com o passar do tempo, mais ou menos naturalmente? Em novas análises publicadas, uma dupla de cientistas da NASA estudou dados coletados pela sonda Cassini que sugerem que Titã possa ser muito menos geologicamente ativa do que alguns cientistas pensavam.
Em um artigo publicado na edição de Abril da revista Icarus, os cientistas concluem que o interior de Titã pode ser frio e dormente e incapaz de gerar vulcões ativos de gelo.
“Seria mesmo fantástico descobrir fortes evidências que mostrassem que Titã tem uma fonte interna de calor que gera os vulcões de gelo e o fluxo de lava”, disse Jeff Moore, líder do artigo e cientista planetário no Ames Research Center da NASA em Moffett Field, Califórnia. “Mas na verdade encontramos que as evidências apresentadas até o momento não são convincentes e os recentes estudos do interior de Titã conduzidos por geofísicos e por especialistas em gravidade também enfraquecem a possibilidade da existência de vulcões ali”.
Os cientistas concordam que Titã mostra evidências de ter lagos de metano e etano e vales cavados por esses líquidos exóticos, bem como crateras de impacto. Contudo, um debate continua a crescer sobre como interpretar os dados da Cassini sobre Titã. Alguns cientistas têm a teoria de que os vulcões de gelo existem e sugerem que a energia de uma fonte interna de calor pode ter feito com que o gelo surgisse na superfície e lançasse vapor de metano à medida que atingisse a superfície do satélite.
Mas nesse novo artigo, os cientistas concluem que somente feições na superfície de Titã que tenham sido identificadas sem ambiguidade foram criadas por forças externas – como objetos que colidiram com a superfície e criaram as crateras, vento e chuva que castigaram a superfície e a formação de rios e lagos.
“Titã é um mundo fascinante”, disse Robert Pappalardo, cientista, pesquisador no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia, e ex-cientista de projeto para a missão Cassini da NASA. “Sua singularidade vem da atmosfera e dos lagos orgânicos, mas nesse estudo, nós não encontramos evidências fortes para o vulcanismo de gelo em Titã”.
Em Dezembro de 210, um grupo de cientistas da Cassini apresentou novos dados topográficos da área conhecida como Sotra Facula, que eles achavam ser o melhor caso para uma possível montanha vulcânica que uma vez entrou em erupção em titã. Embora, Moore e Pappalardo não levaram em consideração essa recente informação topográfica em seu artigo, eles não encontraram análises recentes na Sotra Facula para serem convencidos. Fica a lembrança para ver se análises que estão sendo feitas dos dados de Sotra Facula podem mudar essa ideia.
Titã, é a maior lua de Saturno, é a única lua no Sistema Solar que se tem conhecimento de ter uma densa atmosfera, composta primariamente de nitrogênio, com dois ou três por cento de metano. Um dos objetivos da missão Cassini é encontrar uma explicação para o que ou nada que pode ser mantido na atmosfera.
A densa atmosfera de Titã, faz com que seja muito difícil estudar a superfície do satélite com câmeras que captam a luz visível somente, mas os instrumentos de infravermelho e sinais de radar podem espiar através da névoa e fornecer informações tanto sobre a composição como sobre a forma da superfície.
“Titã é bem parecida com a lua de Júpiter, Calisto, se Calisto tivesse clima”, adiciona Morre. “Cada feição que nós observamos em Titã podem ser explicadas pelo vento, chuva, impactos de meteoritos, mais do que por um aquecimento interno”.
Calisto tem quase o mesmo tamanho que Titã. Tem uma aparência repleta de crateras e devido ao seu interior frio, suas feições em superfície não são afetadas por forças internas. Moore e Pappalardo, concluíram que Titã também poderia ter um interior frio, somente com processos externos como vento, chuva e impactos dando forma a sua superfície.
A sonda Cassini atualmente orbita Saturno e continua a realizar sobrevoos sobre Titã. Os cientistas continuarão a explorar os mistérios de Titã, incluindo investigações sobre as mudanças que ocorrem em sua paisagem.
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