Pesquisadores financiados pela NASA criaram o primeiro mapa completo da velocidade e da direção do fluxo de gelo na Antártica. O mapa, que mostra as geleiras fluindo por milhares de milhas desde as profundezas do interior do continente será crítico para rastrear o futuro aumento do nível dos mares devido às mudanças climáticas. A equipe criou o mapa usando observações integradas de radar de um consórcio de radares internacional.
“Isso é como ver um mapa de todas as correntes oceânicas pela primeira vez. É uma mudança de paradigma para a glaciologia”, disse Eric Rignot do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena na Califórnia e da Universidade da Califórnia em Irvine. Rignot é o principal autor de um artigo que saiu na revista Science e que é reproduzido no final desse post. “Nós estamos vendo fantásticos fluxos desde o coração do continente que nunca havia sido descritos antes”.
Rignot e os cientistas da UC Irvine, Jeremie Mouginot e Bernd Scheuchl usaram bilhões de pontos de dados capturados pelos satélites Europeus, Japoneses e Canadenses, para poder eliminar todas os artefatos que poderiam de alguma forma cobrir as geleiras. Com o apoio da tecnologia da NASA, a equipe juntou num só mapa informações sobre a forma e a velocidade das formações glaciais, incluindo a região leste da Antártica nunca antes monitorada e que agora compreende 77% de todo o continente.
Como observadores de um imenso quebra-cabeça, os cientistas ficaram surpresos quando eles conseguiram colocar tudo numa mesma imagem. Eles descobriram uma nova cadeia com uma área de 14 milhões de quilômetros quadrados que se estica de leste para oeste.
A equipe também descobriu formações não denominadas movendo-se 244 metros por ano através das imensas planícies em direção ao Oceano Atlântico e de uma maneira diferente do que os modelos do passado sobre a migração do gelo previam.
“O mapa aponta para algo fundamentalmente novo: que o gelo se move escorregando pelo solo”, disse Thomas Wagner, cientista do programa criosférico da NASA em Washington. “Esse é um conhecimento crítico para prever o futuro da elevação do nível dos mares. Isso significa que se nós perdemos gelo que está na costa devido ao aquecimento do oceano, nós abrimos a torneira para massivas quantidades de gelo no interior”.
O trabalho foi conduzido em conjunto com o International Polar Year (IPY) (2007-2008). Os colaboradores trabalharam sob a supervisão do IPY Space Task Group que incluía a NASA, a ESA, a Agência Espacial Canadense (CSA), a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA), o Alaska Satllite Facility em Fairbanks, e MacDonald, Dettwiler and Associates of Richmond, British Columbia no Canadá. O mapa foi construído em cartas parciais do fluxo de gelo da Antártica criado pela NASA, CSA e ESA usando diferentes técnicas.
“Para o nosso conhecimento essa é a primeira vez que uma colaboração entre agências espaciais civis funciona para criar um imenso banco de dados como esse”, disse Yves Crevier da CSA. “Esse é um banco de dados de valor científico inestimável pois dá acesso à extensão e a taxa de mudanças que ocorrem nas regiões polares”.