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14 de novembro de 2024

NASA Espera Ouvir Sinais da Spirit

Se você mora no hemisfério norte e está desesperado com o calor que está fazendo você pode começar a considerar a possibilidade de visitar a Cratera Gusev em Marte. É inverno por lá e com certeza não terá problema nenhum com o calor.

Se você por acaso ir até lá encontrará uma sonda robô da Terra que já está lá. A sonda da NASA chamada Spirit, pousou na Cratera Gusev a mais de seis anos atrás. Desde então ela tem feito imagens e explorando o passado molhado do Planeta Vermelho. Isso era até recentemente. Agora a sonda está em silêncio. É um tipo de modo hibernação que ajuda a sobreviver ao inverno marciano. Quase todos os instrumentos incluindo o rádio comunicador estão desligados.

O inverno é sempre um tempo difícil para a sonda que é alimentada pela energia solar em Marte. Os dias são curtos, o Sol está sempre baixo no horizonte e é frio. Realmente frio, onde as temperaturas chegam a -60 graus.

“Isso é mais frio do que qualquer outra temperatura que a sonda já experimentou em Marte”, disse John Callas, gerente da missão para NASA do JPL. “A sonda foi testada para as temperaturas que está experimentando agora, porém isso foi a sete anos atrás quando ela era uma sonda jovem, hoje ela é uma sonda mais velha”. E essa missão de teste durou 90 dias e não sete anos.

Em verões anteriores, a sonda usou aquecedores alimentados por baterias para mantê-la quente. Mas nesse ano, esses aquecedores foram desligados para economizar energia. Existem duas razões para isso. A primeira: a sonda ficou enterrada na areia por mais de um ano com seus painéis solares não apontados para uma melhor direção. E segundo, esses painéis solares ficaram cobertos  por poeira marciana, então eles não estão recarregando as baterias de forma eficiente. Essas são as razões porque os engenheiros colocaram a sonda Spirit no modo de hibernação profunda.

“Quando a Spirit vai acordar é uma incerteza agora”, diz Callas. Ela somente irá acordar quando os dias ficarem mais longos e os painéis solares forem capaz de recarregar as baterias. Callas usou um modelo computacional que previu que ela deve acordar entre o final de Setembro e o começo de Outubro. Mas Callas disse que os cálculos do modelo são baseados em algumas premissas, por isso pode não estar muito preciso.

“A sonda pode acordar amanhã se as temperaturas esquentarem de maneira imprevisível”, disse ele. “Esse é o motivo pelo qual nós estamos escutando e procurando sinais todos os dias”. Mesmo se a sonda acordar, seus dias de desbravamento chegaram ao fim. Duas das seis rodas motorizadas pararam de funcionar e os gerentes de missão não estão otimistas com o fato delas voltarem a funcionar algum dia. Mas Callas diz que se a Spirit acordar ela pode funcionar como uma bela estação climática e pode ajudar a fazer experimentos que podem ser usados para entender o planeta.

Do outro lado do planeta a irmã gêmea da Spirit, a Opportunity está em muito melhor forma. Ela também usa painéis solares para captar energia e também tem muita poeira nesses painéis. Mas de alguma forma a Opportunity tem sorte.

“Recentemente, nós tivemos um evento que limpou a opportunity”, disse Callas. “Parte da poeira nos painéis solares foi soprada por algum tipo de vento, e agora nós temos muito mais energia, e nós podemos dirigir a sonda quase todos os dias”.

A Opportunity está seguindo sua trajetória até a grande Cratera Endeavour. Os cientistas esperam encontrar formações de rochas antigas lá. A Opportunity começou sua viagem de 12 milhas até a cratera dois anos atrás e está na metade do caminho.

Alguns dos instrumentos na Opportunity estão mostrando sinais da idade, mas Callas não faz nenhuma previsão de quando a missão irá terminar.

“Nós estaremos andando com a sonda até que ela pare”, disse Callas. E no mínimo agora esse dia parece estar longe.

Fonte:

http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=128623583&ft=1&f=1026

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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