A missão de exploração planetária da NASA chegou ao fim, planejado, mas não menos dramático, nessa quinta-feira, dia 30 de Abril de 2015, quando se chocou com superfície a cerca de 8750 milhas por hora, criando uma nova cratera na superfície do planeta.
Os controladores da missão no Laboratório de Física Aplicada, o APL, da Universidade Johns Hopkins, em Laurel, Maryland, confirmaram que a sonda MESSENGER (Mercury Surface, Space ENvironment, GEochemistry, and Ranging), se chocou com a superfície de Mercúrio, às 16:26, hora de Brasília.
O controle da missão confirmou o fim das operações poucos minutos depois, às 16:40, q uando nenhum sinal mais foi detectado pela estação de Goldstone, na Califórnia, da Deep Space Network da NASA, no momento em que a sonda emergiria de trás do planeta. Essa conclusão foi independentemente confirmada pela equipe Radio Science da DSN, que também estava monitorando o sinal da MESSENGER.
“Terminando com uma explosão ao impactar com a superfície de Mercúrio, nós estamos celebrando a missão MESSENGER que terminou com um grande sucesso”, disse John Grunsfeld, administrador associado do Science Mission Directorate da NASA em Washington. “A missão MESSENGER continuará a fornecer aos cientistas uma grande quantidade de novos resultados à medida que começar a próxima fase dessa missão – analisar os dados já arquivados, e revelar assim, mais mistérios sobre Mercúrio”.
Antes do impacto, a equipe de design da missão MESSENGER previu que a sonda poderia passar algumas milhas sobre uma bacia coberta de lava no planeta, antes de se chocar com a superfície e criar uma nova cratera, com uma largura estimada de 50 pés.
O fim solitário da MESSENGER no pequeno planeta mais próximo do Sol não foi observado pois a sonda atingiu o lado do planeta que não fica voltado para a Terra, assim os telescópios em Terra foram incapazes de capturar o momento do impacto. Telescópios espaciais também não registraram o impacto, já que devido a proximidade de Mercúrio do Sol, observar o planeta diretamente pode danificar a óptica dos instrumentos.
O último dia de operações em tempo real da MESSENGER começou às 12:15 com o início do processo de adquirir os dados finais e as imagens de Mercúrio via uma antena de 70 metros da DSN localizada em Madrid, na Espanha. Depois, uma transição planejada para uma antena de 34 metros da DSN na Califórnia, às 15:40, os operadores da missão confirmaram a troca para o sinal de comunicação às 16:04.
O clima no Mission Operations Center no APL era tanto de susto, e tristeza e de celebração à medida que a equipe observava o sinal da telemetria da MESSENGER cair pela última vez, depois de mais de 4 anos e mais de 4105 órbitas ao redor de Mercúrio.
“Nós monitoramos o sinal emitido pela MESSENGER por cerca de 20 minutos adicionais”, disse o gerente de operações da missão, Andy Calloway do APL. “Foi estranho pensar que durante esse período a MESSENGER já tinha se chocado com Mercúrio, mas nós não pudemos confirmar isso imediatamente devido à vasta distância no espaço entre Mercúrio e a Terra”.
A sonda MESSENGER foi lançada no dia 3 de Agosto de 2004, e começou a orbitar o planeta Mercúrio no dia 17 de Março de 2011. Embora ela tenha completado os objetivos científicos primários da missão em Março de 2012, a missão da sonda foi estendida duas vezes, permitindo que ela capturasse imagens e informações sobre o planeta com detalhes sem precedentes na história.
Durante uma extensão final da missão, em Março, referida como XM2, a equipe começou uma campanha que permitiu que a sonda operasse dentro de uma faixa estreita de altitude de 5 a 35 km acima da superfície do planeta.
Na terça-feira, dia 28 de Abril de 2015, a equipe executou com sucesso as últimas sete manobras de correção de órbita, que manteve a MESENGER viva ainda para que os instrumentos coletassem as informações críticas sobre as anomalias magnéticas crustais de Mercúrio, e as crateras polares cobertas de gelo, entre outras feições. Após consumir todo o seu combustível e sem chance de aumentar sua altitude, a MESSENGER finalmente foi incapaz de resistir à força gravitacional do Sol em sua órbita.
“Hoje nós demos adeus a uma das mais importantes e realizadores sondas que já exploraram nossos planetas vizinhos”, disse Sean Solomon, principal pesquisador da MESSENGER e diretor do Lamont-Doherty Earth Observatory da Universidade de Columbia, em Palisades, Nova York. “Uma equipe engajada e de sucesso de engenheiros, operadores da missão, cientistas, e gerentes pôde estar extremamente orgulhosa sobre a missão da MESSENGER que de longe superou todas as expectativas, e nos brindou com uma enorme lista de descobertas que mudou nossa visão – não somente de um dos planetas primos da Terra, mas também de todo o Sistema Solar interno”.
Entre as muitas realizações, a sonda MESSENGER determinou a composição da superfície de Mercúrio, revelou sua história geológica, descobriu que o campo magnético interno do planeta está deslocado do centro, e verificou seus depósitos polares que são predominantemente constituídos de gelo de água.
O APL construiu, e operou a sonda MESSENGER e gerenciou a missão para o Science Mission Directorate da NASA em Washington.
Adeus a sonda MESSENGER e muito obrigado por tudo!!!
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