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15 de novembro de 2024

Não Teremos Mais a Fusão de Estrelas em 2022 Que Iria Gerar Uma Nova no Céu

É uma verdade dura: a boa ciência é feita na sua maior parte através de testes meticulosos de previsões que foram anteriormente informadas. E é triste, mas é preciso dizer que essas previsões as vezes falham.

Isso é exatamente o que aconteceu com um dos eventos astronômicos mais esperados para acontecer na próxima década, a fusão esperada e a explosão visível de um par de estrelas de um sistema binário em 2022.

Cinco anos atrás, o professor de astronomia Larry Molnar, do Calcin College e a sua equipe começou a analisar um par de estrelas, conhecido como KIC 9832227, localizado a cerca de 1800 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Cygnus. Depois de usar dados de arquivos desde 1999 com os dados observacionais, em 2007, a equipe de Molnar, fez uma previsão incrível: as duas estrelas estavam numa dança que iria terminar com uma fusão entre elas, gerando uma nova vermelha, em 2022.

Mas em um estudo publicado no dia 7 de Setembro de 2018, no The Astrophysical Journal Letters, outra equipe de pesquisadores liderada por Quentin Socia, um estudante da Universidade Estadual de San Diego, resolveu fazer uma análise meticulosa da previsão original de Molnar. Eles concluíram que a explosão profetizada não irá acontecer como planejado. E, para mostrar como a ciência é algo maravilhoso, Molnar e a sua equipe concordaram com as novas previsões.

Para verificar, ou, nesse caso, desaprovar, a previsão original de Molnar, Socia e a sua equipe concentraram as análises num hiato de dados observacionais de 1999 até 2007. Após obter dados anteriormente não publicados, registrados em 2003, os pesquisadores, descobriram uma discrepância curiosa entre quando as duas estrelas iriam eclipsar uma a outra, e quando o eclipse realmente aconteceu. Isso levou a equipe de Socia um pouco mais fundo nas análises.

Enquanto analisavam profundamente o artigo de 2004 descrevendo as medidas anteriores, de 1999, a equipe descobriu um erro simples. No artigo de 2004, os autores transcreveram incorretamente o tempo de um eclipse observado em precisamente 12 horas. Esse erro inocente, fez com que Molnar errasse os cálculos para o tempo de futuros eclipses e consequentemente na previsão da fusão.

Contudo, se existe um pequeno raio de luz que nós podemos aproveitar de tudo isso, é o fato de que a ciência fundamental que levou Molnar à sua previsão original é válida e assim é possível que num futuro próximo possamos identificar e confirmar uma nova fusão.

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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