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24 de dezembro de 2024

Moléculas Ionizadas Traçam os Fluxos Emitidos Pelas Galáxias

Existe um processo que trabalha na maior parte das galáxias que afeta tanto o buraco negro central bem como a luminosidade e a velocidade estrutural global da galáxia. Os astrônomos suspeitam que uma retroalimentação de algum tipo esteja envolvida, e um mecanismo popular é o fluxo de gás. O fluxo depletaria o material bruto de uma galáxia necessário tanto para gerar novas estrelas e para aumentar a massa do buraco negro.

A primeira evidência para o fluxo molecular foi descoberto por um satélite infravermelho a cerca de 20 anos atrás: a molécula OH mostrou um fluxo com movimento de milhares de quilômetros por segundo nas linhas de emissão do infravermelho distante. O Observatório Espacial Hershel recentemente fez esse tipo de detecção com grandes detalhes, descobrindo que em alguns casos extremos, poderosos fluxos carregam mais de milhares de vezes a massa do Sol, por um ano e têm o poder de centenas de bilhões de Sóis, uma pequena porcentagem da energia luminosa total da galáxia.

Os astrônomos Eduardo Gonzalez-Alfonso, Mat Ashby, e Howard Smith do CfA, descobriram agora que a molécula ionizada OH+ traçou o gás quente nesses fluxos e também, provavelmente, de uma região toroidal de material ao redor do buraco negro. Os cientistas lideraram uma equipe que reduziu e modelou 3 linhas do infravermelho distante do OH+ e uma da molécula de água ionizada H2O+ na galáxia Markarian 231. As linhas confirmam muito do diagnóstico da análise do gás molecular neutro, o resultado mais curioso, contudo, foi a grande abundância de material ionizado, aproximadamente 10% do gás neutro.

Os cientistas ainda não conseguem explicar a presença de tanto material ionizado nem com a radiação ultravioleta emitida pelas estrelas ou com os raios-X, isso necessita de dez mil vezes a excitação de moléculas presente na nossa galáxia, a Via Láctea. Eles argumentam que os raios cósmicos são responsáveis e energizados pela repetida aceleração das ondas de choques geradas na formação de estrelas ou em processos similares. Uma implicação adicional é que as ondas de choques intensas precisam ser ativas na galáxia e devem ser responsáveis para outros fenômenos observáveis como o aquecimento de outro gás.

Fonte:

https://phys.org/news/2018-03-ionized-molecules-galactic-outflows.html

Artigo:

http://lanl.arxiv.org/pdf/1803.04690v1

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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