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21 de dezembro de 2024

Moldagem do espelho secundário do ELT bem sucedida

A moldagem do bloco para o espelho secundário do Extremely Large Telescope (ELT) do ESO acaba de ser executada pela SCHOTT, em Mainz, na Alemanha. O espelho final terá 4,2 metros de diâmetro e pesará 3,5 toneladas. Será o maior espelho secundário alguma vez utilizado num telescópio, tratando-se igualmente do maior espelho convexo jamais fabricado.

Quando vir a sua primeira luz em 2024, o Extremely Large Telescope (ELT) do ESO de 39 metros será o maior telescópio do seu gênero alguma vez construído. Atingiu-se agora um novo marco na sua construção com a moldagem do bloco de material que constituirá o espelho secundário (M2) do telescópio, espelho este que é maior que muitos dos espelhos primários dos telescópios atuais.
Este espelho em bruto consiste num bloco de material — neste caso vidro-cerâmica Zerodur® [1] — que será depois moldado e polido para dar o espelho final. Em janeiro de 2017, o ESO adjudicou à SCHOTT um contrato para a moldagem do bloco do M2 (eso1704). O ESO tem colaborado de modo bastante produtivo com esta companhia, que já tinha moldado também os blocos para os espelhos primários de 8,2 metros do Very Large Telescope, instalado no Observatório do Paranal do ESO (ann12015). Um fabricante de produtos astronómicos excepcionais de altíssima qualidade, a SCHOTT entregou já os blocos moldados para os espelhos finos deformáveis que constituirão o espelho quaternário do ELT, o M4 (ann15055), e fará também a moldagem do bloco para o espelho terciário M3.

Durante o próximo ano, o bloco moldado do espelho secundário irá passar por um longo processo de arrefecimento, trabalho de usinagem e uma série de tratamentos térmicos. Só depois estará pronto a ser moldado na sua forma final e polido. A companhia francesa Safran Reosc levará a cabo esta tarefa, assim como executará testes adicionais (ann16045). O bloco do espelho será moldado e polido com uma precisão de 15 nanómetros (25 milionésimas de milímetro) em toda a sua superfície óptica.

Quando estiver pronto e instalado, o espelho M2 ficará pendurado de cabeça para baixo por cima do enorme espelho primário do telescópio, formando o segundo elemento do inovador sistema óptico de 5 espelhos do ELT. O M2 é bastante curvo e asférico, o que faz com que o seu fabrico e testes constituam um enorme desafio.

ESOcast 107 Light: Moldagem do espelho secundário do ELT bem sucedida.

Transporte e abertura do molde contendo o espelho secundário ELT.


Notas

[1] Originalmente desenvolvido para telescópios astronômicos no final dos anos 1960, o Zerodur® é um material que não apresenta praticamente nenhuma expansão térmica, mesmo quando submetido a enormes flutuações de temperatura. É também altamente resistente em termos químicos e pode ser polido com elevado grau de acabamento. Muitos telescópios que utilizam espelhos de Zerodur® têm operado de forma bem sucedida ao longo das últimas décadas, incluindo o Very Large Telescope do ESO, no Chile.

Informações adicionais

O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é de longe o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é  financiado por 16 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça, assim como pelo Chile, o país de acolhimento. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e operação de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronômica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera  o Very Large Telescope, o observatório astronômico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é um parceiro principal no ALMA, o maior projeto astronomic que existe atualmente. E no Cerro Armazones, próximo do Paranal, o ESO está a construir o European Extremely Large Telescope (E-ELT) de 39 metros, que será “o maior olho do mundo virado para o céu”.

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Fonte: ESO

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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