A missão Rosetta, da ESA pousou de forma tranquila (ou nem tanto assim) o seu módulo Philae em um cometa, essa foi a primeira vez na história que algo tão extraordinário assim foi realizado.
Depois de uma espera tensa durante as sete horas de descida para a superfície do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, o sinal confirmando o pouso com sucesso chegou à Terra, às 16:03 UTC, dessa quarta-feira, dia 12 de Novembro de 2014.
A confirmação foi enviada via a sonda Rosetta para a Terra e registrada simultaneamente pelas estações de solo da ESA em Malargue, na Argentina, e pela estação da NASA em Madrid, na Espanha. O sinal foi imediatamente confirmado no Centro de Operações Espaciais da ESA, o ESOC, em Darmstadt, no Centro de Controle de Pouso da DLR, em Colônia, ambos na Alemanha.
Os primeiros dados dos instrumentos do módulo de pouso foram transmitidos para o Centro de Navegação, Operação e Ciência do Philae na Agência Espacial CNES da França em Tolouse.
“Nossa ambiciosa missão Rosetta assegurou um lugar nos livros de história: não somente por ser a primeira vez que nos aproximamos, e orbitamos um cometa, mas também por agora ser a primeira vez que conseguimos pousar com sucesso um módulo, na superfície do cometa”, notou Jean-Jacques Dordain, Diretor Geral da ESA.
“Com a Rosetta, nós estamos abrindo uma porta para entendermos a origem do Planeta Terra e assim melhor entender e vislumbrar o nosso futuro. A ESA e os parceiros da missão Rosetta realizaram hoje, algo realmente extraordinário”.
“Após mais de 10 anos viajando através do espaço, nós estamos agora fazendo a melhor análise científica já feita na história, de um dos mais antigos objetos remanescente do nosso Sistema Solar”, disse Alvaro Giménez, Direto de Ciência e Exploração Robótica da ESA.
“Décadas de preparativos pavimentaram o caminho para o sucesso atingido hoje, garantindo que a Rosetta continua a ser um importante instrumento para mudar o nosso pensamento sobre a ciência cometária e a exploração espacial”.
“Nós estamos extremamente aliviados de estarmos seguros na superfície do cometa, especialmente dados os desafios extras que enfrentamos com a saúde do módulo de pouso”, disse Stepahan Ulamec, Gerente do Módulo de Pouso Philae no Centro Aeroespacial Alemã DLR.
“Nas próximas horas nós vamos aprender exatamente onde como nós pousamos, e começaremos então a obter a maior quantidade de dados possíveis da superfície desse mundo fascinante”.
A sonda Rosetta foi lançada no dia 2 de Março de 2004 e viajou cerca de 6.4 bilhões de quilômetros através do Sistema Solar antes de chegar na órbita do cometa, no dia 6 de Agosto de 2014.
A jornada da Rosetta tem sido um desafio operacional contínuo, necessitando uma abordagem inovadora, precisão e grande experiência”, disse Thomas Reiter, Diretor de Operações e Voos Humanos da ESA.
“Esse sucesso é a prova para o brilhante trabalho de equipe e para o único know-how em operar uma sonda, adquirido na Agência Espacial Europeia durante décadas”.
O local de pouso, denominado de Agilkia, e localizado na cabeça do objeto bizarro formado por dois lobos, foi escolhido apenas seis semanas depois da chegada da sonda na órbita do cometa com base nas imagens e dados coletados à distâncias entre 30 e 100 km do objeto. Essas primeiras imagens logo revelaram o cometa, como sendo um mundo todo irregular, repleto de pedaços soltos de rochas, desfiladeiros, precipícios e valas, com jatos de gás e poeira sendo emitidos desde a sua superfície.
Seguindo um período gasto a 10 km do cometa que permitiu estudos mais detalhados do local de pouso, a sonda Rosetta se moveu para uma trajetória mais distante para preparar o lançamento do módulo Philae.
Cinco críticas decisões de GO/NOGO foram feitas na última noite e no começo da manhã, confirmando os diferentes estágios de separação, juntamente com uma manobra de preparação final da Rosetta.
O lançamento foi confirmado às 09:03 UTC, a uma distância de 22.5 km do cometa. Durante as sete horas de descida, que foi feita sem propulsão ou guia, o Philae fez imagens e registrou informações sobre o ambiente do cometa.
“Uma das grandes incertezas associadas com a entrega do módulo de pouso foi a posição da Rosetta no momento em que ela liberou o Philae, que foi influenciada pela atividade do cometa num momento específico, e que poderia também ter afetado a trajetória de descida do módulo de pouso”, disse Sylvain Lodiot, Gerente de Operações da Sonda Rosetta da ESA.
“Além do mais, nós estávamos realizando essas operações em um ambiente que nós só começamos a aprender sobre, a cerca de 510 milhões de quilômetros da Terra”.
O pouso foi planejado para acontecer a uma velocidade de cerca de 1 m/s, com as três pernas do módulo absorvendo o impacto e prevenindo um rebote na superfície do cometa, por meio de uma garra de gelo em cada pé.
Mas durante a checagem final sobre as condições do módulo de pouso Philae, antes da separação, um problema foi detectado com um pequeno foguete no topo que foi desenhado para neutralizar o recuo dos arpões para empurrar o módulo para a superfície. As condições do pouso, incluindo se o motor funcionou ou não – juntamente com a localização exata do Philae no cometa estão sendo analisadas.
As primeiras imagens da superfície estão sendo enviadas para a Terra e devem chegar e estarem disponíveis em algumas horas depois do pouso.
Pelos próximos 2.5 dias, o módulo de pouso irá conduzir sua primeira missão científica, assumindo que sua bateria principal continua em bom estado. Uma fase científica estendida usando baterias secundárias recarregáveis pode ser possível, assumindo que as condições de iluminação do Sol permitirão que a poeira localizada nos painéis solares não impeça o seu funcionamento. Essa fase estendida poderia durar até Março de 2015, depois disso, as condições dentro do módulo de pouso Philae seriam muito quentes, para que ele continuasse as operações.
Entre os destaques científicos da fase primária, podemos incluir uma visão paronâmica completa do local de pouso, incluindo uma seção 3D, imagens em alta resolução da superfície do cometa imediatamente abaixo do módulo, análises da composição do local de pouso, e uma perfuração que irá obter amostras localizadas a cerca de 23 centímetros de profundidade e que podem alimentar um laboratório interno do módulo para análises.
O Philae, também irá medir as características mecânicas e elétricas da superfície do cometa. Além disso, sinais de rádio de baixa frequência serão emitidos entre o Philae e a Rosetta através do núcleo do cometa para pesquisar sobre sua estrutura interna.
As medidas detalhadas da superfície que serão feitas pelo Philae no seu local de pouso complementarão e calibrarão as extensas observações remotas feitas desde a Rosetta e que cobrem o cometa como um todo.
“A Rosetta está tentando responder a grandes questões sobre a história do nosso Sistema Solar. Quais foram as condições na infância do nosso sistema e como ele se desenvolveu? Qual é o papel dos cometas nessa evolução? Como os cometas funcionam?” Disse Matt Taylor, Cientista de Projeto da Rosetta para a ESA.
“O pouso com sucesso realizado hoje é sem dúvida a cereja no bolo de gelo de 4 km de largura, mas nós também já estamos olhando na frente, para o próximo estágio dessa missão, já que continuaremos seguindo o cometa ao redor do Sol por cerca de 13 meses, observando as mudanças na sua atividade e como a sua superfície se desenvolve”.
Enquanto o Philae começa seu estudo detalhado do cometa, a Rosetta, precisa manobrar da sua posição pós-separação de volta para uma órbita ao redor do cometa, eventualmente retornando a uma órbita a cerca de 20 km em 6 de Dezembro de 2014.
No próximo ano, enquanto o cometa fica mais ativo, a sonda Rosetta necessitará se afastar um pouco, mas de vez em quando, a sonda fará sobrevoos breves sobre o cometa, passando a cerca de 8 km de distância de seu centro.
O cometa alcançará sua menor distância do Sol, no dia 13 de Agosto de 2015, quando passará a cerca de 185 milhões de quilômetros de distância, aproximadamente entre as órbitas da Terra e de Marte. A Rosetta, seguirá pelo ano de 2015, quando ele se afastará do Sol e a sua atividade começará a diminuir.
“Tem sido uma jornada extremamente longa e complicada até chegarmos a esse evento único, que aconteceu hoje, mas com certeza tem sido uma jornada absolutamente recompensadora. Nós esperamos continuar tendo muito sucesso científico com a missão Rosetta, que promete revolucionar nosso entendimento sobre os cometas”, disse Fred Jansen, Gerente de Missão da Rosetta da ESA.
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