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Misteriosa Ilha Mágica Aparece na Lua de Saturno, Titã

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observatory_150105A lua Titã de Saturno é conhecida por possuir mares líquidos e durante um recente sobrevoo da missão Cassini da NASA, uma misteriosa formação pareceu surgir das profundezas. Mas então, da mesma forma que a chamada Ilha Mágica apareceu, ela desapareceu.

Em um novo artigo publicado na revista Nature Geoscience, no último domingo, dia 22 de Junho de 2014, uma equipe internacional de pesquisadores chegou a algumas explicações para a Ilha Mágica. É triste dizer, mas nenhuma delas apontam para uma Atlântida extraterrestre.

Titã é a única lua no Sistema Solar que tem uma atmosfera espessa. Contudo, a lua de Saturno é tão fria que a água líquida não pode existir na sua superfície. Os maiores corpos líquidos que existem são compostos de metano e etano – dois compostos orgânicos que possuem um ponto de congelamento muito baixo e podem existir em estado líquido até mesmo no frígido ambiente de Titã.

Como o ciclo da água na Terra, a atmosfera de Titã é conhecida por ter ciclos de etano e metano, onde os corpos líquidos acumulam em mares, evaporam, condensam e precipitam como uma chuva alienígena. Rios cortam vales e os mares dão lugares a massas de terras inundadas por hidrocarbonetos. É por essas razões que os cientistas são fascinados com esse pequeno mundo e com sua atmosfera nebulosa – que não é tão diferente assim da Terra primordial, contendo os ingredientes para a vida, em quantidades diferentes e pelo fato de estar mais longe do Sol.

Por isso, foi grande interesse quando, em Julho de 2013, a sonda Cassini enviou imagens de Ligeia Mare, um mar localizado no polo norte de Titã, um feição brilhantes – parecida com uma ilha – apareceu das profundezas. Mas então, durante um sobrevoo alguns dias depois, em 26 de Julho de 2013, a ilha tinha desaparecido. Sobrevoos posteriores da sonda Cassini confirmaram que a Ilha Mágica tinha realmente desaparecido.

“A Ilha Mágica é um termo coloquial que nós usamos dentro da equipe para se referir a isso”, disse Jason Hofgartner, astrônomo e principal autor da Universidade de Cornell, em Ithaca, Nova York. “Mas nós não pensamos que seja uma ilha de verdade”.

A Ilha Mágica é “melhor explicada pela ocorrência de fenômenos efêmeros como ondas na superfície, bolhas, e sólidos suspensos ou flutuantes”, escreveram os pesquisadores no artigo. Em suma, eles pensam que essa feição foi gerada por um aumento na energia solar enquanto Titã se aproximava do verão no seu ciclo sazonal de 30 anos, fazendo a região um lugar muito dinâmico.

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“Agora, Titã está basicamente na metade do caminho entre o equinócio vernal (Agosto de 2009) – no início da primavera – e o solstício de verão. É uma época que seria semelhante ao início do mês de maio aqui na Terra”, disse Hofgartner. “Enquanto Titã aproxima-se de seu verão, mais energia do Sol está sendo depositada no hemisfério norte”.

Uma explicação está centrada ao redor da ocorrência de grandes pedaços de gelo de metano-etano, similar aos icebergs que surgem na Terra, que flutuam enquanto a atmosfera se esquenta, mas afunda à medida que ela esfria. Outra possibilidade é uma massa de material orgânico que é menos densa do que o líquido ao redor, permitindo que ele flutue ou seja suspenso logo abaixo da superfície.

Observações anteriores mostraram que os mares de Titã podem ser atingidos por ventos suficientes para causar ondas, brilhando à luz do Sol, o que pode ser outra resposta. Aberturas vulcânicas lançando gases através do líquido também podem ser as culpadas, criando uma perturbação que, da perspectiva da sonda Cassini, parece ser uma massa de terra.

Infelizmente, os mecanismos por trás da Ilha Mágica permanecerão um mistério até que possamos enviar uma missão para investigar os mares de Titã.

“Essas são observações que claramente estão perto do limite da detectabilidade – e por isso são muito difíceis de serem interpretadas. Mas parece que realmente algo está acontecendo em Ligeia Mare. Titã nos surpreende a cada vez que observamos esse misterioso satélite”, disse John Zarnecki, da Open University, em Milton Keynes, que trabalhou em estudo prévios sobre as ondas nos mares de Titã.

“Essa feição está nos mostrando sólidos flutuantes, ou gases em erupção na superfície, ou um fenômeno que nós não pensamos ainda? Afinal, nós temos a tendência de pensar em termos de fenômenos parecidos com a Terra. Mas com base nesses dados esparsos, qualquer sugestão é provável que seja pouco mais do que uma especulação, até que possamos obter mais informações que nos deem mais apoio nas nossas conclusões”.


Fonte:

http://news.discovery.com/space/titans-magic-island-rose-mysteriously-from-the-depths-140623.htm

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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