Cientistas na China fizeram uma descoberta notável: um novo tipo de minério, denominado niobobaotita. Este minério, composto por nióbio, bário, titânio, ferro e cloreto, foi destacado pelo South China Morning Post devido ao seu conteúdo de nióbio, um metal cinza-claro com propriedades excepcionais.
O nióbio é amplamente utilizado na produção de aço, conferindo-lhe força sem adicionar peso significativo. Além disso, é empregado na criação de diversas ligas metálicas e é um elemento crucial em aceleradores de partículas, graças à sua capacidade de supercondução em baixas temperaturas, conforme destacado pela Royal Society of Chemistry.
A descoberta ocorreu no depósito de minério de Bayan Obo, localizado na cidade de Baotou, na região da Mongólia Interior, em 3 de outubro. Este minério de cor marrom-negro é o 17º tipo novo identificado no depósito, que já revelou 150 novos minerais, segundo informações da China National Nuclear Corporation (CNNC).
A importância dessa descoberta para a China é imensa, considerando que o país atualmente importa 95% do seu nióbio. Antonio H. Castro Neto, professor da Universidade Nacional de Singapura (NUS), comentou sobre o potencial desta descoberta, sugerindo que, dependendo do volume e qualidade do nióbio encontrado, a China poderia tornar-se autossuficiente na produção deste metal.
Atualmente, o Brasil domina o mercado global de nióbio, sendo o maior fornecedor, seguido pelo Canadá. No entanto, os Estados Unidos também demonstraram interesse neste metal, com um projeto em andamento no Nebraska, chamado Elk Creek Critical Minerals Project, que visa estabelecer a única mina de nióbio no país.
O nióbio não é apenas valioso para a indústria do aço e pesquisa científica. Está emergindo como um elemento chave na inovação tecnológica, especialmente no campo das baterias. Pesquisadores estão explorando ativamente as potencialidades das baterias de nióbio-lítio e nióbio-grafeno. De acordo com a S&P Global, as baterias de nióbio-lítio apresentam menor risco de incêndio quando usadas em conjunto com o lítio, carregam mais rapidamente e têm uma maior frequência de recarga em comparação com as baterias de lítio tradicionais.
Além disso, o Centro de Materiais Avançados 2D (CA2DM) da NUS, que está desenvolvendo baterias de nióbio-grafeno, revelou que estas poderiam ter uma vida útil de cerca de 30 anos, dez vezes mais do que as baterias de íons de lítio, e poderiam ser totalmente carregadas em menos de dez minutos.
Esta descoberta na China sublinha a importância da exploração mineral contínua. Com a crescente demanda global por baterias eficientes, o nióbio pode se tornar um elemento chave nas futuras tecnologias de armazenamento de energia. A descoberta do niobobaotita pode, assim, ter implicações significativas não apenas para a economia chinesa, mas também para a dinâmica do comércio global e para o avanço da tecnologia de baterias.
O Brasil e o Canadá, como principais fornecedores de nióbio, podem enfrentar desafios com a emergente autossuficiência da China. Ao mesmo tempo, a exploração mineral na Mongólia Interior revelou um potencial ainda inexplorado, reforçando a necessidade de pesquisa interdisciplinar.
Em resumo, o nióbio, com suas diversas aplicações, desde a indústria pesada até a tecnologia de ponta, está se consolidando como um elemento de grande valor. A descoberta do niobobaotita é um testemunho do potencial inexplorado que ainda existe no campo da pesquisa mineral e da inovação tecnológica. Com a crescente demanda por soluções de armazenamento de energia eficientes e duráveis, é provável que o nióbio desempenhe um papel cada vez mais central nas próximas décadas.
Fonte:
https://www.space.com/china-niobobaotite-discovery-rare-earth-element