Pela primeira vez, a sonda Mars Odyssey da NASA registrou o satélite marciano Phobos durante a sua fase totalmente cheia. Cada cor nessa nova imagem representa um intervalo de temperatura detectado pela câmera infravermelha da Odyssey, que vem estudando o satélite desde Setembro de 2017. Essas últimas observações podem ajudar os cientistas planetários entenderem quais os materiais constituem Phobos, que é o maior dos dois satélites de Marte.
A Odyssey é a missão de maior duração da NASA em Marte. Sua câmera de visão de calor, chamada de Thermal Emission Imaging System, ou THEMIS, pode detectar mudanças na temperatura da superfície enquanto Phobos orbita Marte a cada sete horas. Diferentes texturas e minerais determinam a quantidade de calor que a THEMIS detecta.
“Essa nova imagem registra muito bem a temperatura do satélite, as regiões mais quentes estão no meio e gradativamente as temperaturas vão diminuindo em direção às bordas, como se fosse um alvo”, disse Jeffrey Plaut, cientista de projeto da Odyssey no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em Pasadena, na Califórnia, que lidera a missão. “Cada observação da Phobos é feita a partir de um ângulo um pouco diferente ou em um momento diferente do dia, fornecendo um tipo diferente de dado”.
No dia 24 de Abril de 2019, o instrumento THEMIS foi apontado para Phobos, com o Sol diretamente atrás da sonda Mars Odyssey. Assim, a sonda teve uma imagem do satélite cheio, e essa imagem é melhor para estudar a composição, enquanto que visões com o satélite em fases intermediárias é melhor para estudar as texturas da superfície.
“Quando o satélite está em fases intermediárias, nós podemos ver como a superfície é lisa ou acidentada, e como ela está dividida em camadas”, disse Joshua Bandfield, um co-pesquisador do instrumento THEMIS e pesquisador sênior no Space Sciences Institute em Boulder, no Colorado. “Agora estamos adquirindo dados sobre quais minerais existem no satélite, incluindo metais”.
Ferro e níquel são dois desses metais. Dependendo da abundância dos metais e como eles estão misturados com outros minerais, esses dados podem ajudar a determinar se Phobos foi um asteroide capturado ou se foi formado por fragmentos de Marte que foram expulsos do planeta por um impacto gigante ocorrido a muito tempo atrás.
Essas observações recentes não irão definitivamente explicar a origem de Phobos, disse Bandfield. Mas a Odyssey está coletando dados vitais para que os cientistas planetários possam aprender um pouco mais e até mesmo planejar futuras missões. A exploração humana de Phobos tem sido discutida na comunidade espacial como uma possibilidade num futuro distante, e uma missão japonesa que irá retornar amostras de Phobos está sendo planejada para ser lançada nos anos 2020.
“Ao estudar as feições superficiais, nós iremos aprender onde estão os pontos mais rochosos de Phobos, onde está o terreno mais fofo, onde está o terreno mais plano, entre outras coisas”, disse Bandfield. “Identificar possíveis empecilhos para um pouso, e entender o ambiente espacial poderá ajudar em missões futuras que podem pousar na superfície de Phobos”.
A sonda Odyssey está orbitando Marte, desde 2001. Ela faz milhares de imagens da superfície de Marte a cada mês, muitas delas ajudam os cientistas a selecionar locais de pouso de missões em Marte. A sonda também serve como um importante ponto para fazer a retransmissão dos dados, para a missão InSight da NASA. Mas estudar Phobos é um novo capítulo para o módulo orbital.
“Eu acho que esse é um grande exemplo de aproveitar uma missão que está a muito tempo explorando objeto, começar a explorar outro próximo”, disse Bandfield. “É muito bom saber que ainda podemos usar essa ferramenta para coletar grandes dados científicos”.
O Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, gerencia a missão 2001 Mars Odyssey para o Science Mission Directorate da NASA em Washington. O THEMIS foi desenvolvido pela Universidade Estadual do Arizona em Tempe, em colaboração com o Raytheon Santa Barbara Remote Sensing. O THEMIS é liderado por Philip Christensen da Universidade Estadual do Arizona. A Lockheed Martin Space em Denver, desenvolveu e construiu o módulo orbital. As operações da missão são conduzidas de forma conjunta entre a Lockheed Martin e o JPL, uma divisão do Caltech em Pasadena, na Califórnia.
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