Um dos temas mais fascinantes da astronomia atualmente é o choque entre galáxias. Esse evento de uma violência única é responsável pela criação, destruição e formação de estrelas, galáxias, buracos negros e muitos outros tipos de objetos que permeiam a fauna e flora cósmica. Sem dúvida, o Telescópio Espacial Hubble junto com seus companheiros, Sptizer, Chandra, GALEX, etc… Estão fornecendo hoje em dia a possibilidade de observar tais eventos com uma clareza até então nunca conseguida.
A seguir está à transcrição da última notícia divulgada no site oficial do Hubble que retrata como tal evento é importante e imponente no universo.
Imagine encontrar um dinossauro vivo no seu jardim. Os astrônomos encontraram algo equivalente em termos astronômicos de vida pré-histórica no nosso jardim intergaláctico: um grupo de pequenas e antigas galáxias que esperaram 10 bilhões de anos para ficarem juntas.
Alguns encontros entre galáxias anãs são normalmente observados a distâncias de bilhões de anos-luz e ocorreram a bilhões de anos atrás. Mas essas galáxias, que fazem parte do Grupo Compacto Hickson 31, estão relativamente próximas, localizadas somente a 166 milhões de anos-luz de distância.
Novas imagens desse grupo feitas pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA oferecem uma janela para os anos de formação do universo, quando a geração de grandes galáxias a partir de pequenas galáxias era uma atividade comum.
Os astrônomos sabem há décadas que essas galáxias anãs são gravitacionalmente atraídas umas pelas outras. Sua forma espiral clássica tem sido alongada como uma cauda de caramelo, emitindo longos feixes de gás e poeira. O objeto mais brilhante na imagem do Hubble representa na verdade a colisão de duas galáxias. Todo o sistema está incandescente devido à tempestade de estrelas em estágio de formação, disparado quando o hidrogênio é comprimido pela proximidade entre as galáxias e colapsa para formar as estrelas.
As observações do Hubble têm adicionado importante pistas para a história de interação desse grupo, permitindo aos astrônomos determinar quando os encontros começaram e prever futuras fusões.
“Nós encontramos as estrelas mais velhas em alguns aglomerados estelares globulares que datam de 10 bilhões de anos. Então nós sabemos que o sistema deve ter se formado nessa época”, disse a astrônoma Sarah Gallagher. “A maioria das outras galáxias anãs como essas interagiram há bilhões de anos atrás, mas essas observadas agora estão iniciando esse processo de interação. Esse encontro entre as galáxias começou há algumas centenas de milhões de anos, um piscar de olhos em termos de história cósmica. Esse é um exemplo local extremo de um tipo de evento que se imagina ter sido comum em universo distante”.
Para todo o lugar que os astrônomos olharem nesse grupo eles encontrarão agrupamentos de estrelas na sua infância e regiões repletas de eventos de nascimento de estrelas. O sistema como um todo é rico em gás hidrogênio, o material que constitui as estrelas. Gallagher e sua equipe usaram a Câmera Avançada para Pesquisas do Telescópio Espacial Hubble para observar em alta resolução os aglomerados mais jovens e brilhantes, que são usados para calcular a idade dos aglomerados, traçar a história de formação de estrelas e determinar quais as galáxias estão em estágio final de fusão.
As observações feitas com o Hubble foram reforçadas pelo Telescópio Espacial Spitzer da NASA que observa a parte do infravermelho do espectro e com observações em ultravioleta feitas pelo Galaxy Evolution Explorer (GALEX) e pelo Satélite Swift da NASA. Todos esses dados processados e analisados de forma integrada ajudaram os astrônomos a medir a quantidade total de estrelas em formação no sistema. “O Hubble possui a capacidade de observar as estrelas de forma individual dentro do aglomerado o que permiti calcular as idades”, adiciona Gallagher.
O Hubble revela que os aglomerados mais brilhantes, grupos pesados contendo cada um no mínimo 100000 estrelas, tem no mínimo 10 milhões de anos de vida. As estrelas estão se alimentando de muito gás. Uma medida do conteúdo de gás mostra que muito pouco do gás existente nesse grupo foi usado, provando que o brilho galáctico observado é um evento recente. Esse grupo possui aproximadamente cinco vezes mais gás hidrogênio do que a Via Láctea.
“Esse é um claro exemplo de um grupo de galáxias que estão se fundindo devido a existência de muito gás capaz de misturar tudo a sua volta”, diz Gallagher. “As galáxias são relativamente pequenas, comparadas com o tamanho da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea. Suas velocidades, medidas de estudos anteriores, mostram que elas estão se movendo lentamente uma em relação a outra, 60 Km/s. Assim, é difícil imaginar que todo o sistema irá se tornar uma única galáxia elíptica em mais um bilhão de anos”. Outro membro da equipe, Pat Durrel, diz que as quatro menores galáxias estão extremamente próximas uma das outras, com uma distância de 75 mil anos luz, o que caberia com folga dentro do tamanho da Via Láctea.
Por que as galáxias esperaram tanto tempo para interagirem? Talvez, diz Gallagher, pelo fato do sistema estar localizado em uma região do universo de baixa densidade populacional, equivalente a uma vila rural na Terra. Para que elas se encontrem são necessários bilhões de anos, muito mais do que é necessário em regiões mais densas do universo.
O Grupo Compacto Hickson 31 é um dos 100 grupos compactos de galáxias catalogados pelo astrônomo canadense Paul Hickson. OS resultados das observações e os detalhes da pesquisa de Gallagher e sua equipe podem ser encontrado na edição de fevereiro do The Astronomical Journal.
Fonte:
http://hubblesite.org/newscenter/archive/releases/2010/08/full/
Artigo científico: http://hubblesite.org/pubinfo/pdf/2010/08/pdf.pdf