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Uma Análise das Lavas do Mare Orientale na Lua

Há vinte e quatro anos ou mais atrás os cientistas tentam entender a Lua usando somente fotografias em preto e brando do nosso satélite. Agora, como mostrado aqui, existem múltiplos tipos de dados que poderiam ser integrados para melhorar as interpretações. Uma investigação recente feita por Jennifer Whitten na Brown University e por colegas  que estudaram as lavas esparsas da Bacia Orientale considerando imagens multiespectrais (esquerda) que forneceram informações sobre a composição, imagens de alta resolução (no centro) que permitiram mapear os canais sinuosos (vermelho) e os domos (amarelos) e estimativas da idade através do método de contagem de crateras (à direita). Todos esses conjuntos de dados vieram do Moon Mineralogy Mapper. Dados topográficos foram incluídos  do Altímetro Laser da sonda LRO, o LOLA. Com todas essas fontes de informação, a equipe de Jennifer determinou que as primeiras lavas se formaram no centro da bacia, ou seja, no próprio Mar ou Bacia Orientale, a aproximadamente 100 milhões de anos depois da formação da bacia. Essas diferenças nos tempos mostram que as lavas do mar não se formaram como o resultado de um alívio de pressão, escavando trilhões de toneladas de crosta lunar reduzindo fortemente a pressão. As erupções seguintes se moveram para nordeste, primeiro para o Lacus Veris e finalmente no Lacus Autumni. De forma impressionante, a contagem de crateras sugere que as lavas Autumni podem estar entre as lavas mais jovens da Lua com idade de 1.7 bilhões de anos. Também, o intervalo de idade de 1.9 bilhões de anos, é imenso para esse pequeno volume de lava em apenas uma bacia. De forma interessante, as lavas mais jovens são progressivamente depositadas mais distante do centro da bacia e estão nos locais mais elevados. Isso é consistente com a ideia de que a tensão e as fraturas crustais se propagam para fora do centro da bacia com o passar do tempo e à medida que a topografia da bacia completa seus ajustes. Essas são descobertas importantes que nos ajudarão a entender a evolução do vulcanismo na bacia. No Mare Imbrium e em outras bacias onde as lavas enterraram todo o interior da bacia a história está perdida.

Fonte:

https://lpod.wikispaces.com/February+2%2C+2012

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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