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Lambda Orionis: A Grande Cabeça de Orion Revelada em Infravermelho Pelo WISE

Na mitologia grega, Orion, foi um caçador que tinha uma vaidade tão grande que ele irritou a deusa Artemis. Como punição, Artemis mandou o caçador para o céu onde ele pode ser visto como a famosa constelação de Orion. Na constelação, a cabeça de Orion é representada pela estrela Lambda Orionis. Quando observada na luz infravermelha, o Wide-field Infrared survey Explorer ou WISE da NASA, revela, uma gigantesca nebulosa ao redor da Lambda Orionis, inflando a cabeça de Orion para imensas proporções.

A estrela Lambda Orionis é uma estrela massiva e quente que é envolvida por algumas outras estrelas massivas e quentes, todas elas estão criando radiação que excita o anel de poeira criando assim o chamado Anel Molecular da Lambda Orionis. Também conhecido como SH 2-264, o anel molecular da Lambda Orionis é algumas vezes chamado de Anel Meissa. Em Árabe, a estrela Lambda Orionis é conhecida como Meissa ou Al-Maisan, que significa “a brilhante”. O Anel Meissa é de interesse científico pois contém aglomerados de estrelas jovens e protoestrelas, ou estrelas em formação, mergulhadas dentro das nuvens. Com um diâmetro de aproximadamente 130 anos-luz, o anel molecular da Lambda Orionis é notável por ser considerado uma das maiores regiões de formação de estrelas já observada pelo WISE. Essa é também a maior imagem única feita pelo WISE, com uma área no céu de aproximadamente 10 x 10 graus, o que equivale a uma malha de 20 por 20 luas cheias. Mesmo desse tamanho, representa menos de 1% de toda a área do céu e é apenas aperitivo para os dados do WISE.

A estrela azul brilhante no canto inferior esquerdo da imagem é a estrela Betelgeuse, que representa um dos ombros do caçador. O nome Betelgeuse é na verdade uma corrupção da frase original em árabe “Yad al-Jauza”, que significa “a mão de um gigante”. A estrela Betelgeuse é bem conhecida por ser uma estrela supergigante vermelha, porém na visão infravermelha do WISE ela aparece azul, como a maioria das estrelas nas imagens do WISE. Isso acontece porque a maioria das estrelas, incluindo a Betelgeuse, emite a maior parte de sua luz em comprimentos de onda mais curtos do infravermelho da luz capturada pelo WISE, e esses comprimentos de onda mais curtos são apresentados nas imagens do WISE como azul e ciano.

Na luz visível, o outro ombro de Orion é claramente marcado pela estrela variável Bellatrix. Na luz infravermelha, contudo, a Bellatrix é uma estrela não muito proeminente com um brilho em ciano que aparece no lado direito da imagem. Em Latin Bellatrix significa “a fêmea guerreira”, e é por isso que talvez foi esse o nome escolhido para designar a personagem feminina nos livros do Harry Potter.

Também vista nessa imagem estão duas nebulosas escuras, a Barnard 30 e a Barnard 35, que são partes do Anel Meissa que são tão densas que elas bloqueiam a luz visível. A Barnard 30 é o brilhante nó de gás e poeira na parte central superior da imagem. A Barnard 35 aparece como um gancho se estendendo em direção ao centro do anel um pouco acima e a direita da estrela Betelgeuse. O objeto com brilho avermelhado visto na parte centro direita da imagem é a estrela HR 1763, que é envolta por outra região de formação de estrelas conhecida como LBN 876.

As cores na imagem acima representam comprimentos de onda específicos da luz infravermelha. Azul e ciano representam a luz em 3.4 e 4.6 mícron, emitida principalmente pelas estrelas quentes. As cores verde e vermelho representam a luz de 12 e 22 mícron, principalmente emitida pela poeira quente.

Fonte:

http://wise.ssl.berkeley.edu/gallery_lambda_orionis.html

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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