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IRAS 22036+5306: A Transição Curiosa de Uma Antiga Estrela Registrada Pelo Hubble

O Telescópio Espacial Hubble das Agências NASA e ESA fez um raro registro celeste. Próximo da estrela brilhante que aparece na imagem acima, aparece também um objeto estranho na forma de espira conhecido como IRAS 22036+5306 que foi registrado durante um breve e conturbado período no final da sua vida estelar.

Dentro do IRAS 22036+5306 localiza-se uma estrela de idade avançada que já consumiu quase todo o seu material externo, formando uma nuvem no espaço. Escondido sob esse véu, o núcleo exposto, denso e ainda queimando da estrela está incandescente. Circulando a estrela existe um toros que consiste parcialmente de material ejetado pela estrela, vem como possivelmente de remanescentes granulares de cometas e de outros pequenos corpos rochosos. Jatos gêmeos são expelidos pelos polos da estrela e geram essa aparência empoeirada. Os jatos contém  pedaços de material, normalmente com dezenas de milhares de vezes a massa da Terra, que são emitidos a velocidades próximas de 800000 km/h.

O IRAS 22036+5306 está fazendo a transição da fase de nebulosa protoplanetária ou pré-planetária. Somente algumas centenas desse tipo de nebulosa tem sido registrada na nossa galáxia. Agora,  a luz proveniente da estrela central está meramente sendo refletida pela concha de gás expelida. Em breve, contudo, a estrela se tornará uma anã branca muito quente, e a sua intensa radiação ultravioleta irá ionizar o gás, fazendo com que ela brilhe em cores ricas. O IRAS 22036_5306 terá então entrado definitivamente na fase de nebulosa planetária e esse evento será o último suspiro antes da estrela começar a se esfriar bem lentamente.

Nebulosas planetárias vivem muito mais tempo do que suas precursoras, as nebulosas protoplanetarias e por isso são mais comuns de serem observadas. O termo nebulosa planetária surgiu a partir das observações desses objetos que eram feitas em pequenos telescópios e quando observados os astrônomos notavam sua aparência circular semelhante ao que observavam dos planetas distantes como Urano e Netuno.

O IRAS 22036+5306 foi encontrado a aproximadamente 6500 anos-luz de distância na constelação de Cepheus (O Rei). O estudo  de raridades como o IRAS 22036+5306 dá aos astrônomos a oportunidade de abrir uma janela para entender melhor essa curta fase da evolução estelar quando estrelas gigantes vermelhas se transformam em anãs brancas. Por exemplo, existem ainda muitos mistérios como entender exatamente a formação do toros empoeirado e dos jatos. Acredita-se que a fase de nebulosa planetária seja o destino da maior parte das estrelas de tamanho médio, incluindo o Sol. Mas não está claro ainda se o Sol terminará sua vida de maneira tão esplendorosa, a estrela que gerou todo o esplendor gasoso do IRAS 22036+5306 tinha no mínimo quatro vezes mais massa que o Sol.

Essa imagem foi obtida por meio do High Resolution Channel da Advanced Camera for Surveys do Hubble. A imagem foi montada a partir de imagens captadas através do filtro amarelo/laranja (F606W, que é mostrado na imagem em azul), através do filtro do infravermelho próximo (F814W, que é mostrado na imagem em laranja) e através do filtro que deixa passar o brilho vermelho do hidrogênio (F658N, colorido na imagem em vermelho). Os tempos totais de exposição por filtro foram de 1600s, 3200s e 5104s, respectivamente e o campo de visão da imagem é de aproximadamente 22 arcos de segundo de diâmetro.

Fonte:

http://www.spacetelescope.org/images/potw1124a/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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