fbpx

Inteligência Artificial É Usada Para Descobrir Novo Exoplaneta

A equipe de pesquisa da Universidade da Geórgia confirmou evidências de um planeta previamente desconhecido fora do nosso sistema solar, utilizando ferramentas de aprendizagem de máquina para detectá-lo.

Um estudo recente realizado pela equipe demonstrou que a aprendizagem de máquina pode determinar corretamente a presença de um exoplaneta ao examinar os discos protoplanetários, o gás ao redor das estrelas recém-formadas.

As descobertas recém-publicadas no The Astrophysical Journal representam um primeiro passo para utilizar a aprendizagem de máquina na identificação de exoplanetas que passaram despercebidos.

“Confirmamos o planeta usando técnicas tradicionais, mas nossos modelos nos orientaram a realizar essas simulações e nos mostraram exatamente onde o planeta poderia estar”, disse Jason Terry, estudante de doutorado no Departamento de Física e Astronomia da Faculdade de Artes e Ciências Franklin da UGA, e autor principal do estudo.

“Quando aplicamos nossos modelos a um conjunto de observações mais antigas, eles identificaram um disco que não se sabia ter um planeta, apesar de já ter sido analisado. Assim como descobertas anteriores, realizamos simulações do disco e descobrimos que um planeta poderia reproduzir a observação.”

De acordo com Terry, os modelos sugeriram a presença de um planeta, indicada por várias imagens que destacavam fortemente uma região específica do disco que acabou por ter o sinal característico de um planeta – uma desvio incomum na velocidade do gás próximo ao planeta.

“Isso é uma prova de conceito incrivelmente empolgante. Sabíamos, a partir de nosso trabalho anterior, que poderíamos usar a aprendizagem de máquina para encontrar exoplanetas em formação já conhecidos”, disse Cassandra Hall, professora assistente de astrofísica computacional e investigadora principal do Grupo de Pesquisa de Exoplanetas e Formação Planetária da UGA. “Agora, sabemos com certeza que podemos usá-la para fazer descobertas completamente novas.”

A descoberta destaca como a aprendizagem de máquina tem o poder de aprimorar o trabalho dos cientistas, utilizando a inteligência artificial como uma ferramenta adicional para expandir a precisão dos pesquisadores e economizar tempo de maneira mais eficiente ao se envolverem em uma empreitada tão vasta como a investigação do espaço profundo.

Os modelos foram capazes de detectar um sinal em dados que as pessoas já haviam analisado; eles encontraram algo que anteriormente tinha passado despercebido.

“Isso demonstra que nossos modelos – e a aprendizagem de máquina em geral – têm a capacidade de identificar rapidamente e com precisão informações importantes que podem passar despercebidas pelas pessoas. Isso tem o potencial de acelerar dramaticamente a análise e as subsequentes descobertas teóricas”, disse Terry. “Levou apenas cerca de uma hora para analisar todo o catálogo e encontrar evidências fortes de um novo planeta em um local específico, então acreditamos que haverá um lugar importante para esse tipo de técnica à medida que nossos conjuntos de dados se tornarem ainda maiores.”

Essa descoberta revolucionária ressalta o papel cada vez mais importante da inteligência artificial e da aprendizagem de máquina no campo da astronomia. A capacidade dos modelos de identificar sinais sutis e padrões complexos nos dados abre novas possibilidades para a pesquisa de exoplanetas e exploração espacial.

Antes do uso da aprendizagem de máquina, a busca por exoplanetas exigia uma análise manual minuciosa de grandes conjuntos de dados. Os astrônomos dedicavam horas intermináveis ​​à tarefa de examinar cuidadosamente cada ponto de dado e procurar indícios de planetas em formação. Essa abordagem era demorada e propensa a erros humanos.

No entanto, com os avanços na tecnologia de aprendizagem de máquina, os cientistas agora têm uma ferramenta poderosa ao seu alcance. Os modelos treinados podem analisar grandes volumes de dados de forma eficiente e identificar rapidamente sinais que poderiam ter passado despercebidos aos olhos humanos. Isso não apenas acelera o processo de descoberta, mas também aumenta a precisão e confiabilidade dos resultados.

Além disso, a aprendizagem de máquina permite que os cientistas explorem o universo de maneiras completamente novas. Os modelos podem ser alimentados com dados de observações antigas, permitindo que identifiquem padrões e tendências ocultas. Isso pode levar a descobertas de planetas que foram inicialmente negligenciados ou mal interpretados.

No entanto, é importante ressaltar que a aprendizagem de máquina não substitui completamente os métodos tradicionais de pesquisa astronômica. Os resultados obtidos pelos modelos precisam ser confirmados e validados por meio de técnicas convencionais. No caso da descoberta desse novo exoplaneta, a equipe de pesquisa utilizou métodos tradicionais para confirmar a presença do planeta.

A combinação de técnicas convencionais e aprendizagem de máquina oferece uma abordagem mais abrangente e poderosa para a pesquisa espacial. Os cientistas podem aproveitar os benefícios da inteligência artificial para aumentar a eficiência e a precisão de seu trabalho, enquanto ainda contam com a experiência humana para interpretar e validar os resultados.

À medida que a tecnologia continua a avançar e os conjuntos de dados astronômicos se tornam cada vez maiores e mais complexos, a aprendizagem de máquina desempenhará um papel ainda mais importante. Os modelos serão aprimorados e refinados, permitindo descobertas ainda mais emocionantes e reveladoras no vasto cosmos.

Essa descoberta na Universidade da Geórgia é apenas o começo de uma nova era na pesquisa de exoplanetas. A combinação de inteligência artificial e ciência espacial está abrindo portas para novas possibilidades e revelando segredos ocultos em nossa galáxia e além. À medida que continuamos a explorar o universo, a aprendizagem de máquina será uma valiosa aliada, nos ajudando a desvendar os mistérios cósmicos e expandir nosso conhecimento do espaço infinito.

Fonte:

https://phys.org/news/2023-04-ai-planet-solar.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

Veja todos os posts

Arquivo