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Instrumento MIRI do James Webb Apresenta Problemas

A NASA divulgou, na semana passada, uma falha no sensor do Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI) do Telescópio Espacial James Webb. Por alguma razão, o sensor para a espectroscopia de média resolução (MRS) do MIRI está recebendo menos luz do que o esperado nos comprimentos de onda mais longos. A agência espacial está investigando a causa do problema, e afirma que o instrumento não está em risco e que não houve efeitos observados nas imagens capturadas pelo MIRI.

De acordo com os funcionários da agência, todos os outros modos do JWST e do MIRI não foram afetados, e estão buscando a causa fundamental do problema. A falha foi descoberta durante a calibração e monitoramento regulares do desempenho do telescópio neste mês. A NASA monitora rotineiramente todos os 17 modos de observação do telescópio e, ao comparar o brilho de estrelas-padrão catalogadas por outros observatórios com o que o MIRI estava recebendo, a equipe percebeu discrepâncias nos dados.

Ao comparar o modo de espectroscopia do MIRI atualmente com seu desempenho no início da missão, foi constatado que o rendimento, ou a quantidade de luz registrada pelos sensores do MIRI, diminuiu desde que o instrumento foi ativado e comissionado no ano passado.

Esta não é a primeira vez que o MRS do MIRI enfrenta problemas. Em agosto do ano passado, ao se preparar para observações com o modo MRS do MIRI, a equipe detectou um aumento de atrito em uma das rodas, descrevendo o atrito como “aspero” ou “pegajoso”. A função da roda é selecionar entre comprimentos de onda curtos, médios e longos. Os engenheiros conseguiram encontrar uma solução alternativa para o problema e as observações foram retomadas em novembro de 2022.

O MIRI é um dos instrumentos mais importantes a bordo do telescópio. Ele permite que o telescópio enxergue na faixa de comprimento de onda de 5 a 27 micrômetros. O instrumento possui quatro modos: imageamento, espectroscopia de média resolução, espectroscopia de baixa resolução e coronagrafia.

Os engenheiros da missão ainda não sabem se as duas falhas estão relacionadas, mas estão desenvolvendo um plano sistemático para abordar, analisar e explorar o problema. Enquanto isso, as observações do MIRI continuarão conforme planejado, e os engenheiros determinarão se existe uma maneira de contornar esse problema também.

“A equipe reunirá todos os dados relevantes de teste em terra e de voo para avaliar completamente o desempenho do MRS”, escreveu o especialista em comunicações do JWST, Thaddeus Cesari. “Serão realizadas observações de teste adicionais para caracterizar completamente a natureza do problema usando este modo específico de observação. Em seguida, será implementado um plano de monitoramento de longo prazo, enquanto a equipe continua investigando a causa, identificando riscos e explorando possíveis soluções que poderiam melhorar o desempenho.”

Uma possível estratégia de mitigação ou solução alternativa inclui a realização de exposições um pouco mais longas ao observar os comprimentos de onda mais longos, a fim de aumentar a relação sinal-ruído.

O Telescópio Espacial James Webb, considerado o sucessor do Hubble, é uma das missões astronômicas mais ambiciosas já realizadas. Sua principal função é observar o universo em infravermelho, permitindo que os astrônomos estudem a formação de estrelas e galáxias, bem como a atmosfera de exoplanetas. Com a descoberta da falha no sensor do MIRI, é fundamental que os engenheiros encontrem uma solução eficaz para garantir o sucesso da missão e o retorno dos dados esperados.

Apesar das falhas encontradas, a equipe da NASA continua otimista em relação ao funcionamento do telescópio e à possibilidade de encontrar soluções para os problemas enfrentados. O histórico da agência em superar obstáculos e desafios em missões espaciais anteriores é um testemunho de sua resiliência e dedicação à exploração e ao avanço do conhecimento científico.

Com a continuidade das observações do MIRI e o desenvolvimento de estratégias para solucionar o problema do sensor, a NASA demonstra seu compromisso em garantir o sucesso do Telescópio Espacial James Webb. A colaboração entre os engenheiros e cientistas envolvidos na missão é fundamental para garantir que o telescópio alcance seu potencial máximo e traga descobertas e avanços significativos no campo da astronomia e na compreensão do universo.

No futuro, o Telescópio Espacial James Webb tem o potencial de revolucionar nossa compreensão do cosmos, desvendando mistérios sobre a formação de estrelas e galáxias, e proporcionando informações valiosas sobre a possibilidade de vida em outros planetas. Superar os desafios técnicos, como a falha no sensor do MIRI, é um passo essencial nessa jornada rumo a novos horizontes científicos e descobertas surpreendentes.

Em conclusão, a falha no sensor do Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI) do Telescópio Espacial James Webb é mais um obstáculo que a NASA enfrenta em sua busca incansável pelo conhecimento e pela exploração do universo. A agência espacial, com seu histórico de superação de desafios, trabalha para encontrar soluções e garantir o sucesso da missão. Enquanto isso, as observações do MIRI continuam, e os resultados dessa missão ambiciosa têm o potencial de mudar nossa compreensão do cosmos e abrir caminho para futuras descobertas.

Fonte:

https://www.universetoday.com/161117/jwsts-miri-instrument-is-having-problems-again/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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