A agência espacial indiana, pretende lançar seu orbitador para Vênus, chamado de Shukrayaan no final de 2024, mais de um ano depois do que foi originalmente planejado.
A ISRO forneceu alguns detalhes da missão para cientistas da NASA que estão escrevendo o plano de 10 anos da agência norte-americana para ciência planetária. A Shukrayann será a primeira missão da Índia para Vênus e pretende estudar o planeta por mais de 4 anos.
A ISRO tinha planejado originalmente o lançamento para meados de 2023, quando ela lançou a chamada para os instrumentos da missão em 2018, mas devido aos problemas causados pela pandemia, a data de lançamento da missão Shukrayann ficou para dezembro de 2024, com uma data backup de meados de 2026. Assim como Marte, os lançamentos para Vênus possuem uma janela ótima também, e essa janela acontece a cada 19 meses aproximadamente.
A missão Shukrayaan, por enquanto está planejada para ser lançada a bordo do foguete GSLV Mk II. Contudo, existe a possibilidade de se usar a versão mais poderosa que é o GSLV Mk III, o que permitiria que a Shukrayaan levasse mais combustível e mais instrumentos para Vênus. Nos próximos 3 a 6 meses a Índia deve definir o veículo lançador da missão de modo que a configuração final do orbitador será então congelada.
Na atual configuração, o orbitador pesa 2500 kg e leva além de outros instrumentos um radar de abertura sintética.
Depois de lançada a Shukrayaan levará poucos meses para chegar até Vênus, onde entrará numa órbita altamente elíptica passando no ponto mais próximo a 500 km do planeta e no ponto mais distante, a 60000 km. Depois disso, na sequência ela usará o famoso aerobraking para entrar numa órbita mais próxima da Vênus entre 200 e 600 km. Essa órbita polar será a última usada para observações científicas.
Os objetivos primários da missão são, mapear a superfície de Vênus e a sua subsuperfície, estudar a química atmosférica do planeta e a interação com o vento solar.
O principal instrumento da missão Shukrayaan, é uma versão melhorada do radar de abertura sintética de dupla frequência, esse mesmo instrumento está a bordo da missão Chnadrayaan-2 que está na órbita da Lua atualmente. Esse instrumento foi construído pela Space Applications Centre da Índia. Esse instrumento terá uma resolução 4 vezes melhor do que o instrumento que ficou na órbita de Vênus a bordo da sonda Magalhães. A Shukrayaan também levará um GPR para fazer pela primeira vez na história uma análise da subsuperfície de Vênus. Essas observações serão muito úteis para ajudar a entender melhor a geologia e a evolução do planeta.
Aproximadamente 100 kg das 2.5 toneladas da Shukrayaan, são de instrumentos científicos, isso de acordo com a chamada que a ISRO fez há dois anos solicitando instrumentos para a sua missão. Essa chamada marcou o retorno de uma abordagem que a ISRO teve no passado com a Chandrayaan-1, o orbitador que foi lançado para a Lua em 2008, que levou seis instrumentos de outros países além da Índia. O orbitador marciano indiano Magalyaan de 2013 e a Chandrayaan-2 que está na Lua e que foi lançada em 2019, só levou instrumentos indianos.
Das propostas recebidas, 20 candidatos a instrumentos foram selecionados mas decisão dos instrumentos ainda não aconteceu. A Rússia, a França, a Suécia e a Alemanha, terão instrumentos a bordo da missão. A Agência Espacial Francesa, a CNES, anunciou em setembro que o instrumento, chamado de Venus Infrared Atmospheric Gases Linker, ou VIRAL, está sendo desenvolvido em parceria com a ROSCOSMOS para voar a bordo da Shukrayaan.
Além do radar, o orbitador irá também levar um conjunto de instrumentos capazes de fazer observações espectroscópicas no infravermelho, ultravioleta e no comprimento de onda submilimétrico, para assim poder estudar a atmosfera de Vênus. A possibilidade da detecção de fosfina na alta atmosfera de Vênus deixou muita gente animada, e isso, além da possível existência de outros biomarcadores na alta atmosfera poderia ser feita usando o espectrômetro de infravermelho. O instrumento também poderá ser usado para detectar e localizar qualquer atividade de vulcanismo em Vênus.
Somente 3 sondas orbitaram Vênus nos últimos 30 anos, mas as agências espaciais ao redor do mundo estão mostrando um interesse maior pelo planeta. A NASA selecionou duas missões para Vênus no início do ano para uma fase final de projetos e poderiam ser lançadas em 2025 e 2028. A ESA está considerando um orbitador em Vênus, chamado de EnVision, que pode ser lançado em 2030. E a Rússia está trabalhando num orbitador para Vênus junto com o um módulo de pouso, um lander, que é a chamada missão Venera D e que poderia ser lançada em 2023.
Fonte:
[https://spacenews.com/indias-shukrayaan-orbiter-to-study-venus-for-over-four-years-launches-in-2024/]