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Inauguração do ALMA anuncia nova era de descobertas

ALMA array from the air

observatory_150105Hoje, num local remoto dos Andes chilenos, o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) foi inaugurado durante uma cerimônia oficial. O evento marca o final da construção da maior parte dos principais sistemas do telescópio gigante e a transição formal de projeto em fase de construção a observatório completamente operacional. O ALMA é uma parceria entre a Europa, a América do Norte e o Leste Asiático, em cooperação com a República do Chile.

Os três parceiros internacionais no ALMA deram hoje as boas vindas a mais de 500 pessoas no Observatório ALMA, situado no deserto chileno do Atacama, para juntos celebrarem o sucesso do projeto. O convidado de honra foi o Presidente do Chile, Sebastián Piñera.

Entre os distintos convidados da celebração estavam: Karlheinz Töchterle, Ministro Federal de Ciência e Investigação (Áustria), Petr Fiala, Ministro da Educação, Juventude e Desportos (República Checa), Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência (Portugal), Roger Genet, Diretor Geral de Investigação e Inovação (França), Nora van der Wenden, Diretora para a Política de Investigação e Ciência (Holanda), Bruno Moor, Chefe da Divisão para a Cooperação Internacional em Investigação e Inovação (Suíça), Beatriz Barbuy, representante do Brasil, Anne Glover, Conselheira Cientifica Principal do Presidente da Comissão Europeia e Embaixadores no Chile da Áustria, Bélgica, República Checa, França, Itália, Alemanha, Japão, Holanda, Portugal, Suécia, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos da América.

O Presidente do Chile, Sebastián Piñera, disse: “O espectacular céu noturno do Chile é um dos nossos imensos recursos naturais. Penso que a ciência tem contribuído de forma vital para o desenvolvimento do Chile nos últimos anos. Estou muito orgulhoso das nossas colaborações internacionais em astronomia, das quais o ALMA é o mais recente e maior resultado”.

Na cerimônia, que foi transmitida ao vivo pela internet, também estiveram presentes representantes dos parceiros internacionais no ALMA: o Diretor Geral do ESO, Tim de Zeeuw, o Diretor da Fundação Científica Nacional dos EUA, Subra Suresh e o Vice Ministro Senior japonês do Ministério da Educação, Cultura, Desportos, Ciência e Tecnologia, Teru Fukui. Esteve ainda presente o Diretor do ALMA, Thijs de Graauw e também funcionários e executivos do ALMA e representantes das comunidades da região.

President Piñera inspects ALMA hardware

Thijs de Graauw partilhou as suas expectativas para o ALMA. “Graças ao esforço e inúmeras horas de trabalho por parte dos cientistas e técnicos da comunidade ALMA em todo o mundo, o ALMA é já o  telescópio mais avançado que existe trabalhando no milímetro/submilímetro, não se comparando sequer a nada do que tínhamos anteriormente. Estamos desejando que os astrônomos comecem a explorar todo o potencial desta incrível ferramenta”.

“Este é um exemplo das grandes conquistas que são possíveis quando as instituições e nações juntam esforços, aliás uma estratégia subjacente a todos os programas do ESO”, acrescentou Tim de Zeeuw. “Aplicando esta estratégia à escala global, arranjando parcerias para um projeto tão grande como este, estamos dando aos astrônomos dos Estados Membros do ESO a possibilidade única de fazerem um tipo de pesquisa única e só possível com o ALMA”.

Amanhã, um grupo selecionado de convidados terá a oportunidade de visitar o telescópio no Local de Operações da Rede (Array Operations Site), situado 5000 metros acima do nível do mar. O trabalho de montagem das antenas ALMA terminou recentemente, com o último grupo de sete antenas, do total das 66, sendo no momento testadas antes de ficarem completamente operacionais. O telescópio já possibilitou a obtenção de imagens do cosmos sem precedentes, apenas com uma parte da rede total [1].

Capaz de observar o Universo detectando luz que é invisível ao olho humano, o ALMA mostrará pormenores nunca antes observados sobre a formação de estrelas, galáxias bebês no Universo primordial e planetas em formação em torno de sóis distantes. Descobrirá e medirá também a distribuição de moléculas – muitas delas essenciais à vida – que se formam no espaço entre as estrelas.

O observatório foi concebido como três projetos separados na Europa, EUA e Japão nos anos 1980, tendo estes projetos sido transformados num só nos anos 1990. A construção começou em 2003. Os custos totais da construção do ALMA remontaram a aproximadamente 1,4 bilhões de dólares americanos, dos quais 37,5% foram pagos pelo ESO.

As antenas parabólicas da rede ALMA, 54 de 12 metros de diâmetro e 12 menores de 7 metros, trabalham em conjunto como se fossem um único telescópio. Cada antenas coleta radiação vinda do espaço, focando-a num receptor. Os sinais recolhidos pelas antenas são depois combinados e processados por um supercomputador especializado: o correlacionador ALMA. As 66 antenas ALMA podem ser dispostas em diferentes configurações, com a distância máxima entre antenas variando entre 150 metros e 16 quilômetros.

Guests at the ALMA inauguration on a transporter

Por ocasião da inauguração, os parceiros no ALMA, ESO, Observatório Nacional de Rádio Astronomia dos EUA e Observatório Astronômico Nacional do Japão, estão lançando um filme de 16 minutos intitulado ALMA – Em Busca das Nossas Origens Cósmicas, um livro de fotografias, um livreto sobre etnoastronomia da região e duas brochuras sobre o projeto e as contribuições dos executivos. Todos estes materiais encontram-se disponíveis sob forma eletrônica para download nos links abaixo.

Notas

[1] Exemplos anteriores de pesquisas feitas com o ALMA estão descritos nas notas de imprensa do ESO eso1216eso1239,eso1301 e eso1313.

Mais Informações

O Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), uma infraestrutura astronômica internacional, é uma parceria entre a Europa, a América do Norte e o Leste Asiático, em cooperação com a República do Chile. O ALMA é financiado na Europa pelo Observatório Europeu do Sul (ESO), na América do Norte pela Fundação Nacional para a Ciência dos Estados Unidos (NSF) em cooperação com o Conselho Nacional de Investigação do Canadá (NRC) e no Leste Asiático pelos Institutos Nacionais de Ciências da Natureza (NINS) do Japão em cooperação com a Academia Sínica (AS) da Ilha Formosa. A construção e operação do ALMA é coordenada pelo ESO, em prol da Europa, pelo Observatório Nacional de Rádio Astronomia (NRAO), que é gerido, pela Associação de Universidades (AUI), em prol da América do Norte e pelo Observatório Astronômico Nacional do Japão (NAOJ), em prol do Leste Asiático. O Joint ALMA Observatory (JAO) fornece uma liderança e direção unificadas na construção, comissionamento e operação do ALMA.

O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a pesquisa em astronomia e é o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é  financiado por 15 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação nas pesquisas astronômicas. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera  o Very Large Telescope, o observatório astronômico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio  ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente. O ESO está planejando o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 39 metros que observará na banda do visível e infravermelho próximo. O E-ELT será “o maior olho no céu do mundo”.

Aerial view of the Operations Support Facility (OSF)

Fonte:

http://www.eso.org/public/brazil/news/eso1312/

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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